Hipotireoidismo: o que é, sintomas, causas e tratamento

Revisão médica: Dr.ª Clarisse Bezerra
Médica de Saúde Familiar
setembro 2022

O hipotireoidismo é uma alteração da tireoide que se caracteriza pela diminuição da produção dos hormônios T3 e T4, que são essenciais para o bom funcionamento do corpo. Quando isso acontece, podem surgir sintomas como cansaço excessivo, diminuição dos batimentos cardíacos, aumento do peso, queda de cabelo e pele seca.

O hipotireoidismo é mais comum em mulheres a partir dos 40 anos de idade, especialmente quando existe histórico de familiares próximos com hipotireoidismo, quando se fez retirada de uma parte ou toda a tireoide, ou quando se fez algum tipo de radiação na cabeça ou pescoço.

O tratamento do hipotireoidismo tem como objetivo regular os níveis de hormônios tireoidianos e, assim, aliviar os sintomas, sendo normalmente indicado pelo endocrinologista o uso de hormônios sintéticos, como a Levotiroxina, por exemplo.

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Sintomas de hipotireoidismo

Os principais sintomas de hipotireoidismo são:

  • Dor de cabeça, nos músculos e articulações;
  • Menstruação irregular;
  • Unhas frágeis, quebradiça;
  • Pele áspera e seca;
  • Pálpebras inchadas;
  • Queda de cabelo sem causa aparente e cabelos mais finos, secos e sem brilho;
  • Batimentos cardíacos mais lentos que o normal;
  • Cansaço excessivo;
  • Dificuldade de concentração;
  • Memória fraca;
  • Diminuição da libido;
  • Aumento de peso sem causa aparente.

Além disso, em alguns casos a pessoa pode apresentar mudanças de personalidade, depressão e demência, no entanto esses sintomas acontecem em pessoas que possuem níveis muito baixos de T3 e T4. No caso das crianças, o hipotireoidismo também pode interferir no desenvolvimento, de forma que na adolescência pode ter a puberdade atrasada e baixa estatura, por exemplo.

Quando o hipotireoidismo é grave e não é tratado corretamente, pode causar retenção de líquidos e resultar na inflamação dos tecidos. Como consequência da inflamação, acontece um aumento da pressão sobre os nervos periféricos e causar formigamento e dormência no punho, principalmente.

Além disso, no caso do hipotireoidismo congênito, caso não seja detectado logo na primeira semana após o nascimento, a criança pode ter alterações neurológica, havendo risco de desenvolver retardo mental. Veja mais sobre o hipotireoidismo congênito.

Principais causas

A causa mais comum de hipotireoidismo é a Tireoidite de Hashimoto, que é uma doença autoimune, em que os anticorpos começam a atacar a glândula tireoide, como se ela fosse nociva ao próprio corpo. Além disso, o hipotireoidismo pode acontecer devido à deficiência de iodo, que é uma condição conhecida como bócio, em que há aumento do tamanho da tireoide, porém menor quantidade de T3 e T4 devido à diminuição da concentração de iodo.

O tratamento contra o hipertireoidismo ou o uso de medicamentos como carbonato de lítio, amiodarona, propiltiouracil e metimazol também podem levar ao hipotireoidismo, sendo importante consultar o endocrinologista caso seja identificado qualquer um dos sintomas para que possa ser indicada a suspensão do medicamento ou a substituição.

Pessoas que tomaram medicamentos para tireoide com o intuito de emagrecer também podem desenvolver hipotireoidismo porque uma vez que estes hormônios já estão presentes na corrente sanguínea, a tireoide pode parar ou diminuir a sua produção natural.

Além dessas causas, o hipotireoidismo também pode surgir durante a gravidez ou no período pós-parto que tende a voltar ao normal logo a seguir. Além disso, é importante lembrar que essa doença diminui a fertilidade da mulher, causando problemas para engravidar. Veja mais sobre o hipotireoidismo e a gravidez.

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Como saber se é hipotireoidismo

Para saber se é hipotireoidismo, o endocrinologista avalia os sinais e sintomas apresentados pela pessoa e indica a realização de exames de sangue para verificar a quantidade de hormônios relacionados com a tireoide circulantes.

Dessa forma, é indicada a dosagem de T3 e T4, que normalmente estão diminuídos no hipotireoidismo, e a dosagem de TSH, que está aumentado. No caso do hipotireoidismo subclínico, podem ser observados níveis normais de T4 e TSH aumentado. Veja mais sobre os exames que avaliam a tireoide.

Além disso, o médico pode indicar a realização de pesquisa de anticorpos, mapeamento da tireoide e ultrassonografia da tireoide quando são notados nódulos durante a palpação da tireoide. É possível também que a pessoa realize o autoexame da tireoide para identificar qualquer alteração, principalmente nódulos. Saiba como fazer o autoexame da tireoide.

Quem precisa fazer exames para tireoide

Além das pessoas que apresentam sinais e sintomas que podem indicar hipotireoidismo estes exames também devem ser realizados por:

Mulheres com mais de 50 anos Quem fez radioterapia na cabeça ou pescoço Pessoas com Diabetes tipo 1
Durante a gravidez Quem fez cirurgia na tireoide Pessoas com doença autoimune
Se tiver bócio Se tiver casos de doenças da tireoide na família Em caso de insuficiência cardíaca
Quem tem Síndrome de Down Quem tem Síndrome de Turner Produção de leite fora da gravidez ou sem estar amamentando

Hipotireoidismo na gravidez

O hipotireoidismo, se não estiver bem controlado, pode dificultar a possibilidade de engravidar e ter repercussões tanto para mãe quanto para o bebê. Ele pode acontecer também no pós-parto, alguns meses após o nascimento do bebê, de forma transitória e que também necessita de cuidados com o tratamento.

Assim, é normal que durante o pré-natal o médico peça exames de T3, T4 e TSH para avaliar o funcionamento da tireoide e continuar a acompanhar no pós-parto como ficam os valores dos hormônios da tireoide e se há necessidade de uso de medicações para voltar ao normal. Saiba quais são os riscos do hipotireoidismo na gravidez.

Como é feito o tratamento

O tratamento para o hipotireoidismo é relativamente simples e deve ser feito através da reposição hormonal com a toma de hormônios sintéticos, a Levotiroxina, que contém o hormônio T4, e que deve ser tomado em jejum, pelo menos 30 minutos antes de tomar o café da manhã, para que a digestão dos alimentos não diminua a sua eficácia. A dose do medicamento deve ser prescrita pelo endocrinologista e pode variar ao longo do tratamento de acordo com os níveis de T3 e T4 circulantes no sangue.

Após 6 semanas do início do uso dos medicamentos, o médico pode verificar os sintomas que a pessoa apresenta e solicitar um exame TSH para verificar se é preciso ajustar a dose do medicamento até que a quantidade de T4 livre esteja normalizada. Depois disso, os exames para avaliar a tireoide devem ser realizados 1 ou 2 vezes por ano, para verificar se é preciso ajustar a dose do medicamento.

Além do uso de medicamentos, é importante que a pessoa controle os níveis de colesterol no sangue, evitando o consumo de gorduras, fazer uma dieta que ajude no bom funcionamento do fígado e evitar o excesso de estresse, pois prejudica a secreção de hormônios pela tireoide. Em alguns casos pode ser também recomendada a consulta com o nutricionista para que o tratamento nutricional com suplemento de iodo possa ajudar a diminuir os sintomas de hipotireoidismo. 

No caso de hipotireoidismo subclínico, quando não há sintomas envolvidos, o médico pode indicar o uso de medicamentos porque estes podem ajudar a diminuir o risco de problemas cardiovasculares, o que pode ser importante para pessoas que estão acima do peso ou que tenham colesterol alto ou diabetes.

Veja como a alimentação pode melhorar o funcionamento da tireoide no vídeo a seguir.

Sinais de melhora ou piora

Os sinais de melhora no hipotireoidismo surgem mais ou menos 2 semanas após o início do tratamento, podendo ser observada diminuição do cansaço e melhora do humor. Além disso, a longo prazo o tratamento do hipotireoidismo também ajuda a controlar o peso e a reduzir os níveis de colesterol no sangue.

Os sinais de piora aparecem quando o tratamento não é realizado corretamente ou quando a dose de Levotiroxina não está adequada, havendo insônia, aumento do apetite, palpitações e tremores, por exemplo.

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Escrito por Marcela Lemos - Biomédica. Atualizado por Manuel Reis - Enfermeiro, em setembro de 2022. Revisão médica por Dr.ª Clarisse Bezerra - Médica de Saúde Familiar, em fevereiro de 2020.

Bibliografia

  • McDERMOTT, Michael T. et al. Segredos em Endocrinologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. pp. 290-294.
  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA. Hipotireoidismo: Sintomas. Disponível em: <http://www.tireoide.org.br/hipotireoidismo-sintomas/>. Acesso em 21 fev 2020
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  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA. 10 Coisas que Você Precisa Saber sobre Hipotireoidismo. Disponível em: <https://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-hipotireoidismo/>. Acesso em 21 fev 2020
Revisão médica:
Dr.ª Clarisse Bezerra
Médica de Saúde Familiar
Formada em Medicina pelo Centro Universitário Christus e especialista em Saúde da Família pela Universidade Estácio de Sá. Registro CRM-CE nº 16976.

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