Quimioterapia: o que é, como é feita, efeitos colaterais (e cuidados)

Atualizado em fevereiro 2024

Quimioterapia é um tratamento para combater o câncer que utiliza medicamentos, chamados quimioterápicos, capazes de eliminar ou bloquear o crescimento de células tumorais.

Os quimioterápicos podem ser aplicados de várias formas, sendo a maioria pela veia ou via oral, afetando as células tumorais em multiplicação. No entanto, também afetam todas as células em divisão no corpo e, por isso, surgem os efeitos colaterais, como a queda de cabelo ou anemia, por exemplo.

A quimioterapia é indicada pelo oncologista, oncopediatra ou hematologista oncológico, utilizando diferentes remédios e protocolos de tratamento de acordo com o tipo e estágio do câncer.

Imagem ilustrativa número 1

Quando é indicada

A quimioterapia é indicada para o tratamento do câncer, como câncer de mama, de próstata, pulmão, colorretal ou de cabeça e pescoço, por exemplo.

Esse tipo de tratamento utiliza remédios quimioterápicos que agem em fases específicas da divisão celular, o que provoca a morte das células tumorais, impedindo sua multiplicação.

O tipo de quimioterapia, assim como o quimioterápico utilizado, é indicado pelo oncologista clínico, hematologista oncológico ou oncopediatra, de acordo com o tipo de tumor e seu estágio.

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Como é feita

A quimioterapia é geralmente administrada no hospital ou em clínicas oncológicas e pode ser feita de diferentes formas:

  • Quimioterapia endovenosa: é feita com a aplicação de quimioterápicos diretamente na veia, diluídos em soro, através de um cateter periférico ou cateter totalmente implantado, chamado portacath;
  • Quimioterapia intra-arterial: feita com a aplicação do quimioterápico, geralmente em concentrações mais altas, diretamente em uma artéria, como as artérias femoral, carótida, braquial ou hepática;
  • Quimioterapia intramuscular: o quimioterápico é aplicado diretamente no músculo pelo enfermeiro;
  • Quimioterapia subcutânea: feita com a injeção do quimioterápico sob a pele, pelo enfermeiro;
  • Quimioterapia oral: feita com o uso de quimioterápicos na forma de comprimidos para serem tomados por via oral;
  • Quimioterapia tópica: feita com a aplicação do quimioterápico na forma de cremes ou pomadas sobre a pele;
  • Quimioterapia intratecal: feita com a aplicação de quimioterápicos, como citarabina e metotrexato, diretamente no espaço intratecal na coluna pelo médico;
  • Quimioterapia intraperitoneal: é aplicada através de um cateter diretamente dentro da cavidade abdominal, com o quimioterápico aquecido, sendo feita no centro cirúrgico pelo médico.

O tipo de aplicação da quimioterapia varia de acordo com o tipo de tumor a ser tratado, podendo o tratamento ser associado a outros medicamentos, como terapia alvo, imunoterápicos ou com radioterapia, por exemplo.

Além disso, antes de aplicar a quimioterapia, geralmente são aplicados remédios, como ondansetrona, ranitidina e dexametasona, para controlar as náuseas, vômitos ou evitar reações alérgicas.

Leia também: Radioterapia: o que é, para que serve e efeitos colaterais tuasaude.com/radioterapia

Qual é o tempo de uma quimioterapia?

O tempo da quimioterapia varia de acordo com os quimioterápicos que estão sendo aplicados, assim como a via de administração, podendo variar de alguns minutos a horas.

Geralmente, a quimioterapia é feita em ciclos de 7, 15, 21 ou 28 dias, seguidos por um período de descanso para permitir que o corpo possa se recuperar.

Além disso, as doses de quimioterapia podem ser diárias, semanais ou a cada 2 a 3 semanas, por exemplo, pelo tempo de tratamento indicado pelo médico, de acordo com o tipo e estágio do tumor.

Quimioterapia causa dor?

A quimioterapia em si não costuma causar dor, exceto o desconforto causado pela picada ou uma queimação pela aplicação do produto. 

A dor ou ardência excessiva não deve acontecer, por isso, é importante avisar ao médico ou enfermeiro caso isso aconteça.

Tipos de quimioterapia

Existem diferentes tipos de quimioterapia que podem ser indicadas pelo médico, sendo as principais:

1. Quimioterapia neoadjuvante

A quimioterapia neoadjuvante é um tipo de quimioterapia feita antes do tratamento principal para o câncer, que geralmente é a cirurgia para retirar o tumor.

Esse tipo de tratamento pode ter objetivo reduzir o tamanho do tumor antes da cirurgia para facilitar sua remoção ou para tornar um tumor que não poderia ser operado em um tumor operável, ou ainda para permitir uma cirurgia mais conservadora no caso do câncer de mama.

Também serve para eliminar células tumorais microscópicas e aumentar as chances de controle e eliminação do câncer.

2. Quimioterapia adjuvante

A quimioterapia adjuvante é feita após a cirurgia para a retirada do tumor, de forma a eliminar possíveis células tumorais que tenham ficado e/ou evitar que o tumor volte.

3. Quimioterapia curativa

A quimioterapia curativa é um tipo de quimioterapia que tem como objetivo a cura do câncer, chamada remissão completa, e impedir que o tumor volte.

4. Quimioterapia paliativa

A quimioterapia paliativa não tem a intenção de cura, sendo feita com o objetivo de controlar o crescimento do tumor nos casos mais avançados da doença, e melhorar a qualidade e a expectativa de vida.

Leia também: Cuidados paliativos: o que são, para que servem e tipos tuasaude.com/o-que-e-cuidados-paliativos

5. Quimioterapia de resgate

A quimioterapia de resgate é um tratamento quimioterápico feito nos casos em que a pessoa já fez um protocolo de quimioterapia anteriormente, mas o tumor voltou, ou seja, apresenta recidiva. 

Quimioterapia branca ou vermelha: qual a diferença?

Popularmente, algumas pessoas falam sobre diferenças entre quimioterapia branca e vermelha, de acordo com a cor do medicamento. 

Entretanto, esta diferenciação não é adequada, já que existem muitos tipos de quimioterápicos usados para a quimioterapia, que não podem ser determinados apenas pela cor.

De uma forma geral, como exemplo de quimioterapia branca, alguns remédios são 5-fluorouracil, paclitaxel ou docetaxel, por exemplo.

Já como exemplo de quimioterapia vermelha, pode-se citar o grupo das antraciclinas, como doxorrubicina, daunorrubicina e epirrubicina.

Principais efeitos colaterais

Os efeitos colaterais mais comuns da quimioterapia são: 

  • Queda de cabelo e de outros pelos do corpo;
  • Náuseas e vômitos;
  • Tonturas e fraqueza;
  • Prisão de ventre ou diarreia e excesso de gases;
  • Falta de apetite;
  • Feridas na boca ou ânus;
  • Alterações na menstruação;
  • Unhas quebradiças e escuras;
  • Manchas ou mudanças da coloração da pele;
  • Sensação de formigamento, dormência, queimação ou choques nas mãos ou pés;
  • Sangramento;
  • Baixa da imunidade e infecções recorrentes;
  • Anemia;
  • Diminuição do desejo sexual.

Além destes, é possível haver efeitos colaterais da quimioterapia a longo prazo, que podem durar meses, anos ou, até, serem permanentes, como alterações dos órgãos reprodutivos, alterações cardíacas, pulmonares, hepáticas e no sistema nervoso, por exemplo.

Porque acontecem?

Os efeitos colaterais da quimioterapia podem acontecer porque os quimioterápicos agem sobre as células em divisão no corpo, ou seja, além de afetar as células tumorais que geralmente têm uma multiplicação rápida e acelerada, também agem células saudáveis do organismo que se multiplicam mais frequentemente.

Desta forma, as células saudáveis mais afetadas são as do trato digestivo, folículos pilosos e sangue, e por isso surgem os efeitos colaterais, náuseas, vômitos, queda de cabelo, fraqueza, anemia, prisão de ventre, diarreia ou ferimentos na boca, por exemplo.

No entanto, os efeitos colaterais da quimioterapia variam de acordo com o tipo de medicamento, da dose utilizada e da resposta do organismo de cada pessoa, e na maioria dos casos duram alguns dias ou semanas, desaparecendo quando o ciclo do tratamento termina. 

Meu cabelo sempre irá cair?

Nem sempre haverá queda dos fios de cabelos e pelos, pois depende do tipo de quimioterapia utilizada. 

Geralmente, a queda dos fios acontece cerca de 2 a 3 semanas após o início do tratamento, e costuma acontecer pouco a pouco ou em mechas e voltam a crescer após o término do tratamento.

É possível minimizar este efeito com o uso de uma touca térmica para resfriamento do couro cabeludo, já que esta técnica pode reduzir o fluxo de sangue para os folículos pilosos, diminuindo a captação do medicamento nesta região. 

Além disso, sempre é possível usar um chapéu, lenço ou peruca, o que ajuda a ultrapassar o incômodo de ficar careca.

Cuidados durante a quimioterapia

Durante a quimioterapia é importante ter alguns cuidados como:

1. Alimentação

A alimentação durante a quimioterapia deve ser rica em frutas, legumes, carne, peixe, ovos, sementes e cereais integrais, dando preferência aos alimentos naturais, pois não possuem aditivos químicos.

Além disso, é recomendado comer em pequenas porções em intervalos menores, e alimentos mais mornos, para evitar náuseas e vômitos, e manter o corpo hidratado bebendo bastante água filtrada.

É importante também higienizar e desinfectar os alimentos adequadamente, e evitar alimentos crus, uma vez que pode ocorrer queda excessiva da imunidade, o que aumenta o risco de infecções. Veja outros cuidados com a alimentação durante a quimioterapia

2. Uso de remédios

Durante a quimioterapia, o médico pode indicar o uso de remédios antieméticos, como metoclopramida ou ondansetrona, por exemplo para aliviar as náuseas e vômitos.

Além disso, podem ser aplicadas injeções de filgrastim, em alguns casos, para aumentar a produção de células sanguíneas e evitar infecções.

O uso de remédios de farmácia, fitoterápicos, chás ou produtos naturais só deve ser feito com orientação médica, pois muitos podem interferir no efeito da quimioterapia, reduzindo sua eficácia ou aumentando o risco de efeitos colaterais.

3. Vacinação

A vacinação durante a quimioterapia só deve ser feita com indicação do oncologista, oncopediatra ou hematologista oncológico, uma vez que nem todas as vacinas são recomendadas.

Geralmente, as vacinas que podem ser indicadas são aquelas com vírus ou bactérias inativados ou que tenham fragmentos desses microrganismos, pois vacinas atenuadas podem levar ao surgimento de infecções graves.

4. Vida íntima

É possível que haja modificações na vida íntima, já que pode haver queda do desejo sexual e diminuição da disposição, mas não há contraindicações para o contato íntimo.

Entretanto, é muito importante lembrar-se do uso de preservativos para evitar não só infecções sexualmente transmissíveis neste período, mas sobretudo evitar uma gravidez, já que a quimioterapia pode causar alterações no desenvolvimento do bebê.

Além disso, deve-se evitar o uso de absorventes internos, duchas vaginais, enemas, termômetro retal ou contato íntimo anal. 

5. Higiene bucal

Durante o tratamento com quimioterapia os cuidados com a higiene bucal são muito importantes para evitar infecções.

Desta forma, é recomendado passar o fio dental diariamente e escovar os dentes pelo menos 3 vezes por dia, com uma escova de dentes macia e pasta de dentes não abrasiva.

Além disso, é recomendado observar diariamente se existem sangramentos nas gengivas, placas brancas ou vermelhidão na boca, trocar as escovas de dentes a cada 3 meses, não usar enxaguantes bucais com álcool e consultar o dentista regularmente. 

Se for preciso algum tratamento dentário, deve-se comunicar ao dentista que está fazendo quimioterapia.

6. Convívio com outras pessoas

O convívio com outras pessoas não é contraindicado durante a quimioterapia, no entanto, deve-se ter cuidado para não ter contato com pessoas doentes com infecções, uma vez que o sistema imunológico fica mais enfraquecido durante a quimioterapia.

Além disso, recomenda-se evitar locais com muitas pessoas ou ambientes muito fechados e usar máscara de proteção se necessário

É importante também lavar as mãos com frequência, com água e sabonete neutro ou antibacteriano, passar álcool em gel nas mãos, e evitar tocar em superfícies e levar as mãos nos olhos, boca ou nariz.

Quando ir ao médico

É importante consultar o oncologista, oncopediatra ou hematologista oncológico ou ir imediatamente ao pronto-socorro caso surjam sintomas como:

  • Febre ou calafrios;
  • Dor de cabeça, ouvido, garganta ou abdominal;
  • Diarreia ou vômitos intensos;
  • Sangue nas fezes ou urina;
  • Dor ou ardor ao urinar;
  • Tosse persistente;
  • Feridas ou candidíase na boca, garganta ou região genital;
  • Vermelhidão na pele;
  • Mal estar geral.

Além disso, também deve-se procurar ajuda médica caso surjam sangramentos ou hematomas fáceis no corpo, bolhas na pele ou dor ou vermelhidão no local em que foi aplicada a quimioterapia.