O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno no desenvolvimento neurológico caracterizado por dificuldades na comunicação, na interação social e/ou o comportamento e atividades restritas e repetitivas.
A identificação do transtorno do espectro autista, ou transtorno de espectro de autismo, é geralmente feita durante a infância, por volta dos 4 ou 5 anos, mas também pode ser feita na adolescência e fase adulta.
Na suspeita de transtorno do espectro autista, é aconselhado consultar o pediatra, no caso de crianças, ou psiquiatra, para adultos, para confirmar o diagnóstico e indicar o tratamento, que pode incluir sessões de fonoaudiologia e terapia comportamental, por exemplo.

Características do TEA
A pessoa com transtorno do espectro autista pode apresentar características como:
1. Alterações na comunicação
Uma das características do transtorno do espectro autista é a alteração no desenvolvimento da comunicação, onde a criança/pessoa pode apresentar atraso no início da fala ou ausência completa, dificuldade de formar frases ou pedir o que deseja.
Além disso, também pode não responder quando é chamada ou alterar o tom da voz, que pode soar como canto ou semelhante a um robô.
2. Dificuldade ou ausência de interação social
A dificuldade de interação social pode surgir desde os primeiros meses de vida, como por exemplo evitar a olhar nos olhos ou diretamente no rosto das pessoas e ausência de expressões faciais.
A falta de interesse em estar com outras pessoas, brincar com outras crianças, o sorriso pouco frequente e o excesso de sinceridade, também são umas das características.
3. Alterações no comportamento
As alterações de comportamento podem incluir repetições, como bater palmas, balançar o corpo para frente e para trás, andar de um lado para o outro sem motivo aparente, não aceitar novas rotinas.
Como estes comportamentos são muitas vezes diferentes da "norma social", podem existir episódios de agitação, irritabilidade ou choro, por não se sentir à vontade no ambiente.
Níveis de transtorno do espectro autista
Conforme o suporte necessário para a pessoa, o transtorno do espectro autista pode ser classificado nos seguintes níveis:
- Nível 1-Grau leve: a pessoa necessita de pouco suporte, apresentando problemas de organização e dependência e dificuldade de comunicação, mas que não limita as interações sociais;
- Nível 2-Grau moderado: com necessidade de maior suporte, este nível é similar ao nível 3, mas com menor intensidade nas alterações de comunicação e linguagem.
Existe também o nível 3, ou grau severo, onde a pessoa precisa de muito suporte, por possuir déficit na comunicação verbal e não-verbal.
Além disso, no nível 3 a pessoa também não consegue se comunicar sem apoio, tem uma diminuição na cognição e dificuldade nas interações sociais, tendendo ao isolamento social.
Como confirmar o diagnóstico
O diagnóstico é feito pelo pediatra ou neuropediatra, por meio da avaliação física e do comportamento da criança, além do histórico familiar e o relato dos pais ou cuidadores.
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Para confirmar o diagnóstico, o médico pode fazer uma avaliação neuropsicológica, aplicar testes auditivos e o Questionário Modificado para Triagem do autismo em crianças entre 16 e 30 meses, Revisado, com Entrevista de Seguimento (M-CHAT-R/F). Já em adultos, o diagnóstico pode ser feito por um neurologista ou psiquiatra.
Principais tipos
Os tipos de transtorno do espectro autista são:
- Autismo clássico: nesse tipo de TEA, o grau de comprometimento pode variar muito. Geralmente, a criança/adulto não mantém contato visual com as pessoas e o ambiente, não usam a fala como ferramenta de comunicação, tem dificuldade de compreensão e não compreende o duplo sentido das palavras;
- Síndrome de Asperger: é um tipo mais leve do transtorno do espectro autista, podendo a criança/adulto ter mais dificuldade para se relacionar socialmente. No entanto, são mais falantes e podem ter aprendizado acima da média;
- Transtorno desintegrativo da infância ou síndrome de Heller: é o tipo mais raro e mais grave do TEA, onde a criança/adulto apresenta desenvolvimento motor, intelectual, da linguagem e interação social normal até cerca de 2 e 4 anos, e, a partir de determinado momento, começa a perder essas capacidades;
Além disso, outro tipo de TEA é o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, que é usado como diagnóstico para crianças e adultos que apresentam algumas características da TEA, mas não todas.
Possíveis causas
As causas do transtorno do espectro autista ainda não são totalmente conhecidas.
Entretanto, alguns fatores que podem contribuir para o seu desenvolvimento são:
- História familiar de TEA, especialmente ter um irmão com o transtorno;
- Alterações genéticas, como síndrome de Down, síndrome do X frágil, síndrome de Rett ou esclerose tuberosa;
- Infecções por rubéola, gripe ou citomegalovírus, durante a gravidez;
- Diabetes gestacional e obesidade materna;
- Parto prematuro, antes das 26 semanas;
- Gravidez de alto risco ou complicações durante o parto;
- Pais com idade avançada;
- Baixo peso ao nascer;
- Uso de alguns medicamentos, como antibióticos, antiepiléticos e ácido valproico, durante a gestação.
Além disso, a exposição a ftalatos, pesticidas, poluentes atmosféricos e metais pesados, como chumbo e mercúrio, e o consumo de bebidas alcoólicas durante a gravidez, também podem aumentar o risco do TEA.
Como é feito o tratamento
O tratamento do TEA é feito por uma equipe multidisciplinar, incluindo pediatra, psicólogo, psiquiatra, pedagogo, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, por exemplo, conforme as características de cada criança/pessoa.
Assim, os principais tratamentos do transtorno do espectro autista são:
1. Terapia comportamental
A terapia comportamental tem como objetivo ensinar novas habilidades e desenvolver habilidades sociais, de linguagem e de autocuidado.
Esse tipo de terapia geralmente usa sistemas de recompensa, para encorajar comportamentos socialmente “aceitáveis” , devendo ser feita com orientação de psicólogos ou terapeutas ocupacionais.
O tratamento deve também envolver a participação da família ou cuidadores, para que reconheçam as limitações e capacidades da criança/adulto com TEA.
2. Fonoaudiologia
A fonoaudiologia pode ser indicada para ajudar a estimular a fala, a construção de frases e a melhorar a modulação da voz, devendo sempre ser orientada por um fonoaudiólogo.
Além disso, as sessões de fonoaudiologia são importantes para ajudar a criança com TEA a se comunicar melhorando a socialização.
3. Medicamentos
Apesar de não existir um medicamento específico para tratar o transtorno do espectro autista, o médico pode indicar remédios antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos ou anticonvulsivantes.
Esses medicamentos podem ajudar a aliviar sintomas como comportamento repetitivo, agressividade, ansiedade, depressão ou transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), por exemplo.
Além disso, no caso de crianças/adultos com epilepsia ou crises convulsivas associadas ao TEA, o médico também pode indicar o uso de remédios anticonvulsivantes.
4. Alimentação adequada
A alimentação adequada, priorizando-se alimentos naturais como frutas e vegetais frescos, cereais integrais, leguminosas, laticínios, proteínas e gorduras saudáveis, pode ajudar a diminuir compulsões e aversões alimentares.
Além disso, uma alimentação saudável, conforme a orientação do nutricionista, também ajuda a prevenir outros sintomas comuns durante o transtorno do espectro autista, como prisão de ventre, diarreia, distensão e dor abdominal.
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