O que fazer em caso de suspeita de HIV

Revisão médica: Drª Sylvia Hinrichsen
Infectologista
dezembro 2021

Em caso de suspeita de infecção por HIV devido a algum comportamento de risco, como ter relações sem preservativo, compartilhar agulhas e seringas ou acidente com material perfuro-cortante em ambiente profissional, é importante ir o mais rápido possível ao médico ou setor do hospital responsável pelo acompanhamento de pessoas em risco de adoecimento por HIV, para que o comportamento de risco ou acidente seja avaliado e possa ser iniciado o uso de medicamentos que ajudam a evitar a multiplicação do vírus no organismo.

Além disso, na consulta com o médico pode ser recomendada a realização de exames de sangue que ajudam a verificar se a pessoa está realmente infectada. Como o vírus do HIV só pode ser detectado no sangue após cerca de 30 dias do comportamento de risco, é possível que o médico recomende fazer o teste de HIV no momento da consulta, assim como repetir o exame após 1 mês da consulta para verificar se existe infecção ou não.

Imagem ilustrativa número 1

Desta forma, no caso de suspeita de infecção por HIV, ou sempre que acontecer alguma situação de risco, é importante seguir os seguintes passos:

1. Ir ao médico

Quando se tem algum comportamento de risco, como não usar camisinha durante a relação sexual ou compartilhar agulhas e seringas, é muito importante ir imediatamente a um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), para que seja feita uma avaliação inicial e possam ser indicadas as medidas mais adequadas para evitar a multiplicação do vírus e desenvolvimento da doença.

2. Iniciar o PEP

O PEP, também chamado de Profilaxia Pós-Exposição, corresponde ao conjunto de medicamentos antirretrovirais que podem ser recomendados durante a consulta no CTA e que tem como objetivo diminuir a taxa de multiplicação do vírus, prevenindo do desenvolvimento da doença. É indicado que a PEP seja iniciada nas primeiras 72 horas após o comportamento de risco e mantidos por 28 seguidos. Veja mais detalhes do PEP.

No momento da consulta, o médico pode ainda fazer um teste rápido de HIV, mas caso se tenha entrado pela primeira vez em contato com o vírus, é possível que o resultado seja falso, já que podem ser precisos até 30 dias para que o HIV possa ser corretamente identificado no sangue. Assim, é normal que após esses 30 dias, e mesmo depois de ter terminado o período de PEP, o médico peça um novo teste, para confirmar, ou não, o primeiro resultado.

Caso já tenha passado mais do que um mês após o comportamento de risco, o médico, por norma, não recomenda fazer o PEP e pode pedir apenas o exame de HIV que, se der positivo, pode fechar o diagnóstico de HIV. Após esse momento, se a pessoa estiver infectada, será encaminhada para um infectologista, que irá adequar o tratamento com antirretrovirais, que são medicamentos que ajudam a evitar a multiplicação exagerada do vírus. Entenda melhor como é feito o tratamento da infecção por HIV.

3. Fazer o teste do HIV

O teste de HIV está recomendado cerca de 30 a 40 dias após o comportamento de risco, já que esse é o período de tempo necessário para que o vírus seja identificado no sangue. No entanto, e independente do resultado desse teste, é importante que seja repetido 30 dias após, mesmo que o resultado do primeiro exame dê negativo, para descartar a suspeita.

No consultório, este teste é feito através de uma coleta de sangue e, geralmente, é feito por meio do método ELISA, que identifica a presença do anticorpo do HIV no sangue. O resultado pode demorar mais de 1 dia para sair e, caso indique "reagente", significa que a pessoa está contaminada, mas se for "não reagente" significa que não existe infecção, no entanto deve voltar a repetir o exame após 30 dias.

Já quando o teste é feito em campanhas públicas do governo na rua, geralmente é utilizado o teste rápido de HIV, em que o resultado está pronto em 15 a 30 minutos. Nesse teste, o resultado é oferecido como "positivo" ou "negativo" e, no caso de ser positivo, deve ser sempre confirmado com um exame de sangue no hospital.

Veja como funcionam os testes de HIV e como entender os resultados.

4. Fazer o teste complementar do HIV

Para confirmar a suspeita de HIV está ainda aconselhado fazer um teste complementar, como o Teste da Imunofluorescência Indireta ou o Teste Western Blot, que servem para confirmar a presença do vírus no organismo e assim iniciar o tratamento logo que possível.

Quais os comportamentos de risco

São considerados comportamentos de risco para desenvolver uma infecção por HIV, os seguintes:

  • Ter relação sexual sem camisinha, seja vaginal, anal ou oral;
  • Fazer compartilhamento de seringas;
  • Entrar em contato direto com feridas abertas ou sangue.

Além disso, mulheres grávidas e infectadas com HIV também deve ter cuidados durante a gestação e parto para evitar passar o vírus para o bebê. Confira as formas de transmissão do vírus e como se proteger.

Veja ainda, mais informações importantes sobre a infecção por HIV:

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Escrito por Manuel Reis - Enfermeiro. Atualizado por Marcela Lemos - Biomédica, em dezembro de 2021. Revisão médica por Drª Sylvia Hinrichsen - Infectologista, em março de 2021.

Bibliografia

  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. Perguntas frequentes PEP. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/acesso_a_informacao/faq/pep>. Acesso em 03 dez 2019
  • INFOSIDA. Prevención del VIH. Disponível em: <https://infosida.nih.gov/understanding-hiv-aids/fact-sheets/20/48/conceptos-basicos-sobre-la-prevencion-de-la-infeccion-por-el-vih>. Acesso em 03 dez 2019
Mostrar bibliografia completa
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE - SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO DE DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS . Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV. 2013. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_diagnostico_infeccao_hiv.pdf>. Acesso em 03 dez 2019
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pós-Exposição (PEP) de Risco à Infecção pelo HIV, IST e Hepatites Virais. 2018. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/system/tdf/pub/2016/59183/pcdt_pep_2018_web_28_05_2018.pdf?file=1&type=node&id=59183&force=1>. Acesso em 17 dez 2020
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV). Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/prevencao-combinada/pep-profilaxia-pos-exposicao-ao-hiv>. Acesso em 17 dez 2020
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de Risco à Infecção pelo HIV. 2018. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/system/tdf/pub/2016/64510/miolo_pcdt_prep_11_2018_web.pdf?file=1&type=node&id=64510&force=1>. Acesso em 17 dez 2020
Revisão médica:
Drª Sylvia Hinrichsen
Infectologista
Médica infectologista, doutorada em Medicina Tropical pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1995. Cremepe: 6522

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