Lavagem estomacal: o que é, quando é indicada e como é feita

Atualizado em junho 2023

A lavagem estomacal é um procedimento terapêutico em que é feita uma irrigação e aspiração do conteúdo do estômago através de um cateter, sendo normalmente indicada nos casos de overdose de medicamentos ou drogas, ou envenenamento, quando não existe antídoto ou outra forma de tratamento.

Além disso, a lavagem estomacal, também chamada de lavagem gástrica, permite retirar do estômago todo o conteúdo que ainda não foi absorvido pelo organismo, podendo também ser indicado no caso de sangramento no estômago ou preparo para cirurgias.

Idealmente, a lavagem estomacal deve ser feita até 2 horas após a ingestão da substância e precisa ser feita no hospital por um médico ou enfermeiro, para evitar complicações como a aspiração de líquidos para o pulmão.

Imagem ilustrativa número 1

Quando é indicada

A lavagem estomacal é indicada para nas seguintes situações:

  • Ingestão de quantidades excessivas de medicamento;
  • Envenenamento;
  • Overdose de drogas;
  • Coletar ácido do estômago para exame;
  • Esvaziar o estômago antes do exame de endoscopia;
  • Aliviar a pressão do estômago, quando existe obstrução no intestino;
  • Coletar amostra de catarro em crianças com suspeita de tuberculose pulmonar;
  • Aspiração de mecônio em recém nascidos, em alguns casos.

É importante ressaltar que nem todos os casos de ingestão exagerada de uma substância precisam de lavagem gástrica.

A melhor forma de saber se realmente esse procedimento é necessário, e o que fazer para reduzir o risco de complicações, é consultar o Centro de Informações Antiveneno, através do número 0800 284 4343. Entenda o que fazer imediatamente em caso de envenenamento.

Como é feita a lavagem estomacal

A lavagem estomacal é feita no hospital por um médico, enfermeiro ou outro profissional de saúde capacitado.

Para fazer a lavagem estomacal, o profissional deve seguir os seguintes passos:

  1. Deitar a pessoa e colocá-la virada para o lado esquerdo, para facilitar o esvaziamento do estômago e prevenir a aspiração do vômito, caso ocorra;
  2. Colocar a pessoa deitada de barriga para cima, com a cabeça e os ombros ligeiramente elevados, caso esteja intubada ou inconsciente;
  3. Borrifar o spray de lidocaína na garganta, para reduzir o desconforto ao inserir o cateter;
  4. Inserir um tubo gástrico através da boca ou nariz até ao estômago. O cateter deve estar lubrificado com xilocaína gel;
  5. Confirmar se o cateter está posicionado no estômago e não nos pulmões. Isso é feito aspirando uma pequena quantidade do conteúdo do estômago e testando o pH;
  6. Conectar uma seringa de 100 mL ao cateter ou um equipo ligado a frasco de soro fisiológico ao cateter;
  7. Infundir o volume de soro prescrito pelo médico, lentamente;
  8. Fechar a pinça rolete do equipo, ou desconectar a seringa do cateter, após infundir a quantidade de soro recomendada;
  9. Remover o conteúdo do estômago utilizando a seringa;
  10. Repetir estes a infusão de soro fisiológico pelo cateter e a aspiração do conteúdo do estômago até que o conteúdo esteja transparente;
  11. Enviar uma amostra do conteúdo do estômago para o laboratório, para identificar a substância tóxica e analisar a composição do conteúdo do estômago.

Normalmente, para obter uma correta lavagem gástrica é necessário usar até 2500 mL de soro fisiológico durante todo o procedimento. Já no caso das crianças, a quantidade necessário de soro pode variar entre 10 a 25 mL de soro por cada Kg de peso, até um máximo de 250 mL.

Após a lavagem, também é aconselhado inserir entre 50 a 100 gramas de carvão vegetal ativado no estômago, para evitar a absorção de qualquer resto de substância que ainda tenha ficado no estômago. No caso das crianças, essa quantidade deve ser apenas de 0,5 a 1 grama por Kg de peso.

O uso de carvão ativado após a lavagem gástrica não é indicado nos casos de intoxicação por álcool, mercúrio, ferro ou chumbo, pois essas substâncias não são adsorvidas pelo carvão ativado. Entenda quando o carvão ativado é indicado.

Possíveis complicações da lavagem

Embora a lavagem estomacal seja uma técnica que pode salvar a vida de alguém que tomou uma dose muito elevada de uma substância tóxica, também pode causar algumas complicações. A mais comum é a aspiração de líquido para os pulmões, o que pode acabar provocando uma pneumonia por aspiração, por exemplo.

Para evitar esse risco, o procedimento deve ser feito por um médico, enfermeiro ou outro profissional de saúde capacitado, para reduzir o risco do líquido passar para as vias respiratórias.

Outras complicações que podem acontecer incluem sangramento gástrico, espasmo da laringe ou perfuração do esôfago, que precisam ser tratadas o mais rápido possível no hospital.

Quem não deve fazer

A decisão de fazer a lavagem estomacal deve ser sempre avaliada por uma equipe médica, no entanto, a lavagem gástrica está contraindicada em casos como:

  • Pessoa inconsciente sem intubação;
  • Fratura na base do crânio;
  • Ingestão de substâncias corrosivas ou cáusticos;
  • Ingestão de solventes;
  • Presença de varizes esofágicas grossas;
  • Volume exagerado de vômitos com sangue;
  • Ingestão de pacotes com drogas.

Além disso, caso a pessoa tenha feito uma cirurgia recente no trato gastrointestinal ou que tenha risco de perfuração ou hemorragia, a lavagem gástrica precisa ser bem avaliada pelo médico, já que existe maior risco de complicações.