O que são dacriócitos e principais causas

Atualizado em janeiro 2020

Os dacriócitos correspondem a uma alteração no formato das hemácias, em que essas células adquirem um formato semelhante a uma gota ou lágrima, sendo, por isso também conhecida como hemácia em lágrima. Essa alteração das hemácias é consequência de doenças que atingem principalmente a medula óssea, como no caso da mielofibrose, mas também pode ser devido a alterações genéticas ou relacionadas com o baço.

A presença de dacriócitos circulantes é denominada dacriocitose e não causa sintomas e nem possui tratamento específico, sendo apenas identificado durante o hemograma. Os sintomas que a pessoa pode apresentar estão relacionados com a doença que possui e que leva à alteração estrutural da hemácia, sendo importante serem avaliados pelo clínico geral ou hematologista.

Imagem ilustrativa número 1

Principais causas de dacriócitos

O aparecimento dos dacriócitos não causa nenhum sinal ou sintoma, sendo verificado apenas durante o hemograma no momento em que é realizada a leitura da lâmina, sendo visualizado que a hemácia apresenta formato diferente do normal, o que é indicado no laudo.

O aparecimento dos dacriócitos está na maioria das vezes relacionado com alterações na medula óssea, que é a responsável pela produção das células no sangue. Assim, as principais causas de dacriocitose são:

1. Mielofibrose

A mielofibrose é uma doença caracterizada por alterações neoplásicas da medula óssea, que fazem com que as células-tronco estimulem a produção de colágeno em excesso, resultando na formação de fibroses na medula óssea, o que interfere na produção das células do sangue. Assim, devido às alterações da medula óssea, podem ser verificados dacriócitos circulantes, além de também poder haver aumento do baço e sinais e sintomas de anemia.

O diagnóstico inicial da mielofibrose é feito por meio do hemograma e, a partir da identificação de alterações, podem ser solicitada a realização de teste molecular para identificar a mutação JAK 2 V617F, biópsia da medula óssea e mielograma para verificar como está sendo a produção de células sanguíneas. Entenda como é feito o mielograma.

O que fazer: O tratamento para a mielofibrose deve ser recomendado pelo médico de acordo com os sinais e sintomas apresentados pela pessoa e estado da medula óssea. Na maioria das vezes, o médico pode indicar o uso de remédios inibidores da JAK 2, evitando a progressão da doença e alívio dos sintomas, no entanto em outros casos pode ser recomendado o transplante de células-tronco.

2. Talassemias

A talassemia é uma doença hematológica que é caracterizada por alterações genéticas que levam a defeitos no processo de síntese da hemoglobina, o que pode interferir na forma da hemácia, já que a hemoglobina compõe essa célula, podendo ser observada a presença de dacriócitos.

Além disso, como consequência de alterações na formação da hemoglobina, o transporte de oxigênio para os órgãos e tecidos do corpo é prejudicado, levando ao aparecimento de sinais e sintomas como cansaço excessivo, irritabilidade, diminuição do sistema imunológico e falta de apetite, por exemplo.

O que fazer: É importante que o médico identifique qual o tipo de talassemia que a pessoa possui para indicar o tratamento mais adequado, sendo normalmente indicado o uso de suplementos de ferro e realização de transfusões sanguíneas. Entenda como é feito o tratamento da talassemia.

3. Anemia hemolítica

Na anemia hemolítica há destruição das hemácias pelo próprio sistema imunológico, o que faz com que a medula óssea produza mais células sanguíneas e as libere para a circulação, podendo ser encontradas hemácias com alterações estruturais, incluindo dacriócitos, e hemácias imaturas, que são conhecidas como reticulócitos.

O que fazer: A anemia hemolítica nem sempre tem cura, no entanto pode ser controlada com o uso de medicamentos que devem ser recomendados pelo médico, como corticoides e imunossupressores, por exemplo, para regularizar o sistema imunológico. Em casos mais graves, pode ser indicada a realização da remoção do baço, isso porque o baço é o órgão em que ocorre a destruição das hemácias. Assim, com a remoção desse órgão é possível diminuir a taxa de destruição das hemácias e favorecer a sua permanência na corrente sanguínea.

Saiba mais sobre a anemia hemolítica.

4. Pessoas esplenectomizadas

As pessoas esplenectomizadas são aquelas que precisaram realizar cirurgia para retirar o baço e, dessa forma, além de não haver destruição dos glóbulos vermelhos mais velhos, também não há produção de novas hemácias, já que também essa é uma de suas funções. Isso poderia causar certa "sobrecarga" na medula óssea para que a quantidade de hemácias produzidas fosse o suficiente para o bom funcionamento do organismo, o que pode acabar por resultar no aparecimento de dacriócitos.

O que fazer: Nesses casos é importante que seja feito o acompanhamento médico com o objetivo de verificar como está a resposta do organismo na ausência desse órgão.

Veja quando é indicada a retirada do baço.