Varíola do macaco: sintomas, transmissão, tratamento e cura

Atualizado em outubro 2023

A varíola do macaco, ou Monkeypox, é uma doença rara causada por um vírus que pode ser transmitida de pessoa para pessoa, através do contato próximo e prolongado, causando sintomas como calafrios, dor muscular, cansaço excessivo e o aparecimento de bolhas e feridas na pele, que podem coçar ou ser doloridas.

Os primeiros casos de varíola do macaco, ou varíola símia, foram identificados em 1958 em um grupo de macacos, o que deu origem ao nome da doença, apesar de o vírus ser mais comum em roedores. Já o primeiro caso em pessoas foi identificado em 1970.

Na presença de sinais e sintomas indicativos de varíola do macaco, é importante ir ao hospital para confirmar o diagnóstico, prevenir a transmissão para outras pessoas e iniciar o tratamento adequado, que geralmente inclui o uso de remédios para aliviar os sintomas.

Conheça mais sobre a varíola do macaco no vídeo a seguir:

Sintomas da varíola do macaco

Os primeiros sintomas da varíola do macaco são:

  • Bolhas e feridas na pele, que coçam e doem;
  • Febre;
  • Calafrios;
  • Dor de cabeça;
  • Dor muscular;
  • Cansaço excessivo,
  • Dor nas costas.

Estes sintomas costumam surgir cerca de 5 a 21 dias após o contato com o vírus, e duram entre 14 a 21 dias. As bolhas costumam surgir primeiro no rosto e mucosa oral, espalhando-se depois para o resto do corpo e atingindo, principalmente, as extremidades, como a palma das mãos. Em alguns casos, pode também surgir bolhas e feridas na região genital, além de inchaço no pênis e dor na região anal.

Mais raramente, é possível evoluir para um quadro mais grave da Monkeypox dependendo da forma de transmissão, estado imunológico da pessoa e a quantidade de vírus que foi inoculado. Nesses casos, pode haver comprometimento pulmonar ou inflamação do cérebro, chamada de encefalite.

Como acontece a transmissão

A Monkeypox pode ser transmitida pelo contato com secreções respiratórias que são liberadas ao tossir ou falar, por exemplo. Mas para que o vírus consiga ser transmitido dessa forma, é preciso que as pessoas estejam muito próximas durante muito tempo.

Além disso, a transmissão também pode acontecer pelo contato direto com o líquido liberado pelas bolhas e feridas da varíola do macaco, ou por meio do contato com objetos contaminados, incluindo toalhas e roupa de cama. A presença de lesões na região genital também aumenta o risco de transmissão da varíola do macaco através da relação sexual.

A transmissão de pessoa para pessoa acontece desde o início dos sintomas até a cicatrização das lesões e formação de nova pele. Além disso, é possível haver transmissão da mulher para o bebê através da placenta.

É possível pegar varíola do macaco de animais?

A transmissão da varíola do macaco também pode acontecer de animais para pessoas, sendo mais comum através da mordida de roedores infectados, consumo de carne mal cozinhada ou contato com secreções ou sangue de animais infectados.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico da varíola do macaco pode ser feito por um infectologista ou clínico geral através do histórico de saúde e dos sintomas apresentados. Mas a confirmação da Monkeypox só é possível por meio do exame RT-PCR, que é feito em laboratório com uma amostra da secreção da ferida ou da crosta.

É considerado um caso provável de Monkeypox quando a pessoa apresenta sintomas sugestivos, teve contato próximo com outra pessoa infectada com varíola dos macacos (ou com sintomas sugestivos) e ainda não recebeu o resultado do exame de RT-PCR.

No caso da pessoa apresentar sintomas sugestivos de varíola do macaco, mas o resultado do exame ser negativo, são indicados outros exames complementares para identificar o agente responsável pelos sintomas e, assim, ser possível iniciar o tratamento mais adequado.

Como diferenciar varíola do macaco de outras doenças

A tabela a seguir contém algumas características que ajudam a diferenciar as bolhas e lesões da varíola do macaco de outros problemas na pele:

 

Características

Coceira Cor do líquido

Local

Varíola dos macacos

Caroços vermelhos e que aumentam de tamanho. Com o tempo, as lesões secam e formam uma casca.

Sim

Esbranquiçado, parecido com pus

Rosto e boca, podendo se espalhar por todo o corpo, principalmente extremidades

Herpes zóster Bolhas vermelhas e de tamanhos diferentes Sim Transparente Tórax e barriga, principalmente, em apenas um lado do corpo

Sífilis

Pequenas feridas ou caroços

Não Transparente

Região genital, ânus e boca

Catapora/varicela

Caroços vermelhos que dão origem a pequenas bolhas com líquido. Após rompimento, há formação de ferida com casca

Sim Transparente, ficando mais escuro com o passar dos dias

Peito, costas e rosto, podendo se espalhar por todo o corpo

Linfogranuloma venéreo Bolha pequena que pode aumentar de tamanho e feridas, e alguns casos Não Esbranquiçado, parecido com pus Região genital
Molusco contagioso Pequenas bolhas isoladas ou em grupos Sim Não tem Em qualquer região do corpo, com exceção da palma das mãos e planta dos pés

Alergia na pele

Pequenos caroços brancos ou avermelhados

Sim Transparente, podendo não ter líquido, em alguns casos

Em qualquer região do corpo

Impetigo

Semelhantes a espinhas. Após rompimento, há formação de ferida com crosta

Sim Esbranquiçado, parecido com pus

Nariz, boca, pernas, pés, peito e barriga.

Para melhor diferenciar as causas das lesões, é recomendado sempre passar por uma consulta com um médico, que vai avaliar os sinais e sintomas apresentados pela pessoa, além de observar o tipo e o local das lesões.

Como é feito o tratamento

Normalmente não é necessário realizar um tratamento específico para a varíola do macaco, já que os sintomas costumam desaparecer após algumas semanas. No entanto, em alguns casos, o médico pode indicar o uso de medicamentos para aliviar os sintomas mais rapidamente.

É também importante que a pessoa fique em isolamento para evitar a transmissão da doença para outras pessoas, podendo ser necessário, em alguns casos, que a pessoa permaneça no hospital para ser monitorada.

No Brasil, a Anvisa aprovou o uso do medicamento Tecovirimat, um antiviral que está sendo usado contra a infecção.

Remédio para Monkeypox no Brasil

A Anvisa autorizou o uso do medicamento Tecovirimat contra a varíola do macaco.

O Tecovirimat pode ser indicado pelo médico quando a pessoa está internada, possui RT-PCR positivo para o vírus da varíola dos macacos e apresenta a forma mais grave da doença com pelo menos um dos sintomas:

  • Inflamação do cérebro (encefalite);
  • Pneumonite;
  • Mais de 200 lesões pelo corpo;
  • Grande lesão na boca, o que interfere na hidratação e alimentação;
  • Lesões externas na mucosa anal e retal, podendo haver risco aumentado de infecção secundária;
  • Lesão ocular.

Esse medicamento não deve ser usado por pessoas que tenham menos de 13 kg, possuem alergia ao tecovirimat ou a qualquer outro componente da fórmula e que não aceitaram o termo de consentimento para o uso do medicamento. Veja mais detalhes do tratamento da varíola.

A varíola do macaco tem cura?

A varíola do macaco tem cura e, de forma geral, não é necessário tratamento específico, já que o vírus costuma ser eliminado pelo próprio sistema imunológico depois de cerca de 4 semanas.

No entanto, em alguns casos, para acelerar a cura, o médico pode indicar o uso de medicamentos específicos para combater o vírus.

Possíveis complicações

A varíola do macaco pode levar ao surgimento de algumas complicações, como perda de visão devido à infecção da córnea, broncopneumonia, confusão mental, encefalite, cicatrizes e lesões na pele.

A varíola do macaco é mortal?

A varíola do macaco geralmente não é mortal, uma vez que a doença consegue ser combatida naturalmente sem a necessidade de realizar tratamento específico.

No entanto, nos casos mais graves ou quando a doença se desenvolve em pessoas mais vulneráveis, como aquelas que possuem sistema imunológico debilitado, pode ser mortal.

Como prevenir a varíola do macaco

Para prevenir uma infecção por varíola do macaco, é recomendado:

  • Evitar o contato próximo com pessoas diagnosticadas com varíola dos macacos;
  • Evitar tocar nas bolhas ou entrar em contato com a roupa, roupa de cama, toalha e objetos de uso pessoal de pessoas que possuem sinais e sintomas de varíola dos macacos;
  • Desinfetar e lavar bem as mãos com água e sabão;
  • Usar máscaras de proteção.

Além disso, como a doença também pode ser transmitida de animais para pessoas, apesar de raro, é recomendado consumir apenas carnes que foram bem cozidas e evitar o contato com animais silvestres, principalmente roedores, já que podem estar infectados com o vírus da varíola dos macacos ou outros agentes infecciosos.

Vacina contra varíola do macaco

A prevenção da doença também pode ser feita através da vacina. De acordo com a Organização Mundial de Saúde a vacinação em massa para varíola do macaco não é possível, já que não existe quantidade suficiente de vacina para toda a população.

Atualmente, a vacina aprovada no Brasil é a produzida pela Jynneos ou Imvanex, que é indicada em 2 doses, com intervalo de 4 semanas entre as doses. Essa vacina também pode ser administradas 4 dias após o contato com o vírus, sendo nesses casos recomendada apenas 1 dose. Além disso, caso a vacina seja administrada 5 a 14 dias após a infecção, é possível reduzir os sintomas, mas não evitar o desenvolvimento da doença.

A vacinação contra a varíola do macaco está indicado para pessoas com maior risco de exposição ao vírus, incluindo trabalhadores da saúde, pessoas que trabalham em laboratório ou em pesquisas com o Orthopoxvirus ou pessoas que realizam testes laboratoriais para esse vírus.

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