Dor crônica: o que é, principais tipos e tratamento

Atualizado em outubro 2021

A dor crônica é aquela que persiste por mais de 3 meses ou que permanece após 1 mês da resolução de uma lesão, e geralmente indica que há disfunções no sistema nervoso ou nas fibras nervosas do membro afetado, surgindo na maioria dos casos em associação com uma doença crônica, como artrite reumatoide, artrose da coluna ou dos joelhos, fibromialgia ou câncer, por exemplo.

A dor é uma sensação desagradável localizada em alguma parte dor corpo, que costuma ser provocada por algum dano aos tecidos, como um corte, queimadura ou inflamação, ou por estímulos do sistema nervoso, podendo ser influenciada, também, por questões emocionais, já que situações como ansiedade e depressão têm importância para a intensidade e duração da dor.

O tratamento para dor crônica pode variar de acordo com o tipo e intensidade da dor, podendo ser recomendado o uso de medicamentos, realização de infiltrações ou injeções, fisioterapia e, nos casos mais graves, cirurgia.

Imagem ilustrativa número 1

Principais tipos de dor crônica

A dor pode surgir em qualquer local do corpo, e pode ter diversas causas, de acordo com o seu tipo. A determinação do tipo de dor é muito importante para o médico, pois irá determinar o melhor tipo de tratamento para cada pessoa. Para identificar o tipo, o médico faz uma análise dos sintomas, juntamente com a realização de um exame físico.

Os principais tipos de de dor crônica e suas possíveis causas são:

1. Dor nociceptiva ou somática

É a dor que surge devido a uma lesão ou inflamação dos tecidos da pele, o que é detectado pelos sensores do sistema nervoso como uma ameaça, e persiste enquanto a causa não for resolvida.

Possíveis causas: Corte; Queimadura; Pancada; Fratura; Entorse; Tendinite; Infecção; Contraturas musculares.

2. Dor neuropática

Dor que acontece por disfunção do sistema nervoso, seja no cérebro, medula ou nervos periféricos. É comum que surja na forma de queimação, agulhadas ou formigamento. Veja como identificar a dor neuropática.

Possíveis causas: Neuropatia diabética; Síndrome do túnel do carpo; Neuralgia do trigêmeo; Estreitamento do canal medular; Após AVC; Neuropatias de causas genéticas, infecciosas ou por substância tóxicas.

3. Dor mista ou inespecífica

É a dor que é causada tanto por componentes da dor nociceptiva e neuropática, ou por causas desconhecidas.

Possíveis causas: Dor de cabeça; Hérnia de disco; Câncer; Vasculite; Osteoartrose que pode atingir diversos locais como joelhos, coluna ou quadril, por exemplo.

Como é feito o tratamento

O tratamento da dor crônica é complexo e envolve cuidados específicos indicados pelo médico, além do uso de analgésicos e anti-inflamatórios. Assim, sempre que houver uma dor persistente, é necessário procurar atendimento médico, que através da avaliação irá determinar o tipo de dor e o que pode estar causando.

O tratamento para a dor crônica é individualizado, orientado de acordo com as necessidades de cada pessoa, e pode ser feito pelo clínico geral ou, em casos mais complexos, por médicos especialistas em dor. As principais formas de tratamento incluem:

1. Uso de remédios

Os remédios para dor crônica são indicados de acordo com a intensidade da dor, podendo ser recomendado:

  • Dor leve (grau 1): analgésicos (dipirona ou paracetamol) e/ ou anti-inflamatórios (ibuprofeno ou cetoprofeno);
  • Dor moderada (grau 2): analgésicos ou anti-inflamatórios + opióides fracos (tramadol ou codeína);
  • Dor intensa (grau 3): analgésicos ou anti-inflamatórios + opioides fortes (morfina, metadona, oxicodona ou dentanil transdérmico).

Em alguns casos, o médico pode indicar o uso de alguns medicamentos auxiliares dependendo do tipo da dor crônica, independentemente do grau de intensidade, como antiepiléticos, antidepressivos e relaxantes musculares, por exemplo.

2. Injeções e infiltrações

Em alguns casos pode ser necessário realizar infiltração ou injeção no local de dor, principalmente em alguns casos de dor neuropática ou mista. A injeção ou infiltração é feita através da aplicação de medicamentos diretamente nas terminações nervosas, como anestésicos, corticoides ou bloqueadores neuromusculares com o botox, por exemplo.

Esse tipo de tratamento deve ser feito por médicos habilitados para diminuir a sensação de dor, inflamação e espasmos musculares, com efeitos que duram por semanas a meses.

3. Fisioterapia

A fisioterapia pode ser indicada para alguns tipos de dores, principalmente quando há limitação do movimento. Assim, nas sessões de fisioterapia são realizados exercícios apropriados que ajudam não só a promover o alívio da dor mas também para evitar o enrijecimento da articulação e flacidez muscular.

Além disso, nos casos de dor nociceptiva ou somática, por exemplo, a aplicação de frio-calor também pode ajudar a aliviar a dor.

4. Terapias alternativas

As terapias alternativas são excelentes formas de melhorar a percepção corporal, aliviando a tensão e os estímulos nervosos, o que tem grande influência sobre a dor. Algumas opções são:

  • Terapia cognitiva comportamental, uma abordagem da psicoterapia, que pode ser muito útil para auxiliar no tratamento de dores em geral, principalmente por tratar situações de depressão e ansiedade;
  • Massagem, uma excelente forma de tratamento, principalmente, para dores musculares associadas a contraturas e tensão;
  • Acupuntura e agulhamento, é uma ótima forma comprovada de aliviar dores do tipo miofascial, associadas a contraturas, osteoartrite e outras dores musculares crônicas;
  • Atividades físicas, praticadas regularmente, pelo menos 3 vezes na semana, é muito útil para aliviar diversos tipos de dor crônica;
  • Técnicas de relaxamento diminuem as contrações e melhoram a auto-percepção do corpo.

À medida que a dor apresenta melhora, o médico poderá fazer a remoção de algumas formas de tratamento, de forma que se use cada vez menos remédios. Entretanto, as terapias alternativas podem ser mantidas, e são ótimas formas de prevenir novos quadros de dor.

5. Cirurgia

Existem casos de dor crônica que são de difícil tratamento, pois não melhoram com remédios ou tratamentos alternativos. Assim, podem ser feitos alguns procedimentos cirúrgicos, principalmente, por neurocirurgiões ou ortopedistas, que podem corrigir deformidades ósseas ou bloquear nervos que são responsáveis pela dor.

Assim, a cirurgia pode ser feita com o objetivo de corrigir alterações estruturais e anatômicas da coluna vertebral, como retirada de hérnias discais, correção do canal estreito por onde passar nervos ou correção de alterações nas vértebras, pois assim é possível diminuir a sobrecarga nos nervos e aliviar a dor.

Além disso, a cirurgia pode ser feita para implantar um eletrodo na medula espinhal, chamado de neuroestimulador, que é capaz de fazer estimulações que bloqueiam a recepção do estímulo da dor, sendo esse procedimento indicado principalmente no tratamento para dor crônica dos membros ou do tronco.