Principais tipos de anestesia: quando usar e riscos

Atualizado em dezembro 2023

A anestesia é uma estratégia utilizada com o objetivo de prevenir a dor ou alguma sensação durante uma cirurgia ou procedimento doloroso por meio da administração de medicamentos através da veia ou por meio da inalação. A anestesia normalmente é realizada em procedimentos mais invasivos ou que possam provocar qualquer tipo de desconforto ou dor no paciente, como cirurgia do coração, parto ou procedimentos odontológicos, por exemplo.

Existem vários tipos de anestesia, que afetam o sistema nervoso de várias formas através do bloqueio de impulsos nervosos, cuja escolha vai depender do tipo de procedimento médico e do estado de saúde da pessoa. É importante que seja informado ao médico qualquer tipo de doença crônica ou alergia para que seja indicado o melhor tipo de anestesia sem que haja qualquer risco. Veja quais são os cuidados antes da cirurgia.

1. Anestesia geral

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Durante a anestesia geral, são administrados medicamentos anestésicos que sedam a pessoa profundamente, para que a cirurgia realizada, como cirurgia no coração, pulmão ou abdominal, não provoque qualquer dor ou desconforto.

Os medicamentos utilizados deixam a pessoa inconsciente e causam insensibilidade à dor, promovendo relaxamento muscular e causando amnésia, para que tudo o que acontece durante a cirurgia seja esquecido pelo paciente.

O anestésico pode ser injetado na veia, tendo um efeito imediato, ou inalado através de uma máscara na forma de gás, chegando na circulação sanguínea através dos pulmões. A duração do seu efeito é variável, sendo determinado pelo anestesista, que decide a quantidade do medicamento anestésico a administrar. Saiba mais sobre anestesia geral.

Os medicamentos mais usados na anestesia geral são: benzodiazepinas, narcóticos, sedativos e hipnóticos, relaxantes musculares e gases halogenados.

Riscos da anestesia geral

Embora a anestesia seja um procedimento bastante seguro, poderá ter alguns riscos associados dependentes de alguns fatores, como o tipo de cirurgia e da condição médica da pessoa. Os efeitos colaterais mais comuns são enjoo, vômitos, dor de cabeça e alergias ao medicamento anestésico.

Em casos mais graves, podem ocorrer complicações como parada da respiração, parada cardíaca ou mesmo sequelas neurológicas em pessoas com saúde mais debilitada devido a desnutrição, problemas cardíacos, pulmonares ou renais, por exemplo.

Embora seja muito raro, pode acontecer que a anestesia tenha um efeito parcial, como tirar a consciência mas permitir que a pessoa se mova ou a pessoa não se conseguir mover mas sentir os acontecimentos à sua volta.

2. Anestesia local

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A anestesia local envolve uma área muito específica do corpo, não afeta a consciência e é normalmente usada em cirurgias pequenas como procedimentos dentários, cirurgia do olho, nariz ou garganta, ou em conjunto com outra anestesia, como anestesia regional ou de sedação. 

Este tipo de anestesia pode ser administrado de duas formas, aplicando um creme ou spray anestésico numa pequena região da pele ou mucosa, ou injetando o medicamento anestésico no tecido a anestesiar. A lidocaína é o anestésico local mais comum.

Riscos da anestesia local

A anestesia local, quando usada corretamente é segura e quase não apresenta efeitos secundários, no entanto, em doses elevadas pode ter efeitos tóxicos, podendo afetar o coração e a respiração ou comprometer a função cerebral, já que doses elevadas podem atingir a corrente sanguínea.

3. Anestesia regional

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A anestesia regional é usada quando é necessário anestesiar apenas uma parte do corpo, como um braço ou uma perna, por exemplo e existem vários tipos de anestesia regional: 

  • Anestesia raquidiana

Na anestesia raquidiana, o anestésico local é administrado com uma agulha fina, no líquido que banha a medula espinhal, chamado de líquido cefalorraquidiano. Neste tipo de anestesia o anestésico mistura-se com o fluído espinhal e contacta com os nervos, levando à perda da sensibilidade dos membros inferiores e da zona inferior do abdômen. 

  • Anestesia peridural

Também conhecida por anestesia epidural, este procedimento bloqueia a dor e as sensações de apenas uma região do corpo, geralmente da cintura para baixo. 

Neste tipo de anestesia, o anestésico local é administrado através de um cateter que é colocado no espaço epidural que se encontra ao redor do canal espinhal, levando à perda de sensibilidade dos membros inferiores e do abdômen. Veja mais sobre anestesia epidural e para que serve

  • Bloqueio dos nervos periféricos

Neste tipo de anestesia regional, o anestésico local é administrado ao redor dos nervos responsáveis pela sensibilidade e pelo movimento do membro onde vai ser realizada a cirurgia, podendo ser administrada uma variedade de bloqueadores do nervo.

Os grupos de nervos, chamados de plexo ou gânglio, que causa dor a um órgão ou região do corpo específicos, são então bloqueados levando à anestesia de áreas do corpo como o rosto, nariz, palato, pescoço, ombro, braço, entre outros.

  • Anestesia regional intravenosa

A anestesia intravenosa é um procedimento em que se coloca um cateter numa veia de um membro, para que o anestésico local seja administrado, colocando-se ao mesmo tempo um torniquete acima da área para que a anestesia permaneça no lugar. A sensibilidade é recuperada quando se retira o torniquete.

A anestesia regional é normalmente utilizada durante procedimentos cirúrgicos simples como durante um parto normal, em cirurgias pequenas como cirurgias ginecológicas ou estéticas ou em ortopedia, por exemplo.

Saiba como a anestesia elimina as dores do parto.

Riscos da anestesia regional

Embora sejam raros, podem ocorrer efeitos colaterais como suor excessivo, infecção no local da injeção, toxicidade sistêmica, problemas cardíacos e pulmonares, calafrios, febre, danos nos nervos, perfuração da membrana que protege a medula espinhal, chamada de dura-máter, podendo causar paraplegia.

A perfuração da dura-máter também pode desencadear uma cefaleia pós-raquianestesia nas primeiras 24 horas ou até 5 dias depois. Nesses casos, a pessoa  sente uma dor de cabeça quando está sentada ou em pé e que melhora alguns minutos após voltar a deitar, podendo estar associada a outros sintomas como náuseas, rigidez da nuca e diminuição da audição. Numa boa parte dos casos essa cefaleia desaparece espontaneamente dentro de uma semana, mas também pode ser necessário iniciar tratamento específico indicado pelo médico anestesiologista.

4. Sedação

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A anestesia de sedação é administrada por via intravenosa e é geralmente usada em associação com uma anestesia regional ou local, de forma a aumentar o conforto da pessoa.

A sedação pode ser leve, em que a pessoa está relaxada mas acordada, podendo responder a perguntas do médico, moderada em que a pessoa normalmente dorme durante o procedimento, mas pode ser acordada facilmente quando se faz uma pergunta ou profunda em que a pessoa dorme durante todo o procedimento, não se lembrando do que se passou desde que foi administrada a anestesia. Sendo leve, moderada ou profunda, este tipo de anestesia é acompanhada de suplemento de oxigênio. Veja mais sobre a sedação.

Riscos da sedação

Embora sejam raras, podem ocorrer reações alérgicas, dificuldades respiratórias, alteração do ritmo cardíaco, enjoo, vômitos, delírio, sudação e infecção no local de injeção.