Primeiros socorros para diabéticos

Atualizado em julho 2021

Para se poder socorrer um diabético, é importante saber se se trata de um episódio de excesso de açúcar no sangue (hiperglicemia), ou de falta de açúcar no sangue (hipoglicemia), já que ambas situações podem acontecer.

A hiperglicemia é mais comum em diabéticos que não fazem o tratamento adequado ou não seguem uma dieta equilibrada, já a hipoglicemia é mais comum em pessoas que estão fazendo o tratamento com insulina ou que ficaram muito tempo sem comer, por exemplo.

Se possível, a primeira coisa que se deve fazer é verificar a glicemia da pessoa, com um aparelho adequado para medir a quantidade de açúcar no sangue. Geralmente, valores abaixo de 70 mg/dL indicam uma hipoglicemia e valores muito acima de 180 mg/dL podem indicar hiperglicemia, especialmente se a pessoa não tiver acabado de comer.

Imagem ilustrativa número 1

1. Hiperglicemia - açúcar alto

Quando o açúcar está alto no sangue, também chamado de hiperglicemia, o valor do aparelho vai apresentar valores acima de 180 mg/dL, em jejum, ou acima de 250 mg/dL, a qualquer hora do dia.

Além disso, a pessoa pode apresentar confusão, sede excessiva, boca seca, cansaço, dor de cabeça e hálito alterado. Nestes casos, deve-se:

  1. Procurar uma seringa de insulina SOS, que a pessoa possa ter para situações de emergência;
  2. Injetar a seringa na região ao redor do umbigo ou na parte superior do braço, fazendo uma prega com os dedos, mantendo-a até ao final da injeção, como mostra a imagem;
  3. Se, passado 15 minutos, o valor do açúcar continuar igual, deve-se chamar ajuda médica, ligando imediatamente para o número 192 ou levar a pessoa para o hospital;
  4. Caso a vítima esteja inconsciente, mas respirando deve-se colocar na posição lateral de segurança, enquanto se aguarda a chegada da ajuda médica. Saiba como fazer corretamente a posição lateral de segurança.

No caso em que não existe uma seringa de insulina de emergência, o recomendado é chamar imediatamente a ajuda médica ou levar a pessoa para o hospital, para que seja administrada a dose adequada de insulina.

Além disso, caso se administre a insulina, é importante ficar atento ao valor de açúcar no sangue durante a hora seguinte, pois existe risco de o valor descer muito se a dose de insulina tiver sido mais elevada que o necessário. Se o valor ficar abaixo de 70 mg/dL é importante colocar açúcar diretamente no interior das bochechas e por baixo da língua, para que o valor aumente e estabilize.

2. Hipoglicemia - açúcar baixo

Quando os níveis de açúcar estão baixos no sangue, chamado de hipoglicemia, o aparelho mostra glicemia inferior a 70 mg/dL e é comum que a pessoa apresente sinais como tremores, pele fria, suores, palidez ou desmaio. Nestes casos, é importante:

  1. Colocar 1 colher de sopa de açúcar ou 2 pacotes de açúcar no interior das bochecas e debaixo da língua;
  2. Caso o valor de açúcar no sangue não aumente ou os sintomas não melhorem em 10 minutos, deve-se voltar a dar açúcar à pessoa;
  3. Se passado mais 10 minutos o nível de açúcar ou os sintomas continuarem iguais, deve-se chamar a ajuda médica, ligando imediatamente para o número 192 ou levar a pessoa para o hospital;
  4. Se a pessoa ficar inconsciente, mas respirando, deve-se colocar na posição lateral de segurança enquanto espera pela ajuda médica. Veja como fazer a posição lateral de segurança.

Quando o valor de açúcar no sangue fica baixo por muito tempo, é possível que a pessoa entre em parada cardíaca. Por isso, caso se observe que a pessoa não está respirando deve-se chamar a ajuda médica e iniciar rapidamente a massagem cardíaca.

Veja como fazer a massagem cardíaca corretamente.

Outros primeiros socorros importantes para diabéticos

Além das situações mais graves, como hiperglicemia ou hipoglicemia, também existem outros primeiros socorros que são importantes em situações do dia-a-dia, que podem representar um maior risco de complicações para o diabético, como ter uma ferida na pele ou torcer o pé, por exemplo.

1. Feridas na pele

Quando o diabético se machuca, é importante cuidar muito bem da ferida, pois mesmo que seja pequena e superficial, a ferida do diabético tem maiores chances de apresentar complicações como úlceras ou infecções, especialmente quando acontece em locais mais úmidos ou abafados como os pés, as dobras da pele ou a virilha, por exemplo.

Durante o tratamento, é importante ter cuidados para evitar infecções, devendo-se:

  • Usar toalhas limpas para secar a região da pele afetada;
  • Evitar contato com animais domésticos;
  • Evitar locais com areia ou terra;
  • Evitar roupas ou sapatos apertados sobre o machucado.

Assim, o ideal é manter a ferida sempre limpa, seca e afastada de situações que possam piorar o ferimento, principalmente até que a cicatrização esteja completa.

Além de cuidar da ferida, também é essencial estar atento a alguns sinais que indicam o desenvolvimento de complicações, como surgimento de vermelhidão, inchaço, dor forte ou pus no local. Nestes casos, é recomendado ir ao clínico geral.

Já quando a ferida é muito pequena, mas demora mais de 1 mês para cicatrizar, é aconselhado ir em uma consulta de enfermagem, para avaliar a necessidade de fazer um tratamento mais especializado, com curativos que favorecem a cicatrização.

2. Torcer o pé

Se o diabético torcer o pé ou outra articulação, deve parar a prática de atividade física e evitar forçar o local afetado, além de evitar andar por muito tempo e subir escadas, por exemplo.

Além disso, deve-se manter o pé elevado, para favorecer a circulação e colocar gelo no local afetado durante 20 minutos, 2 vezes por dia, lembrando de enrolar o gelo em um pano úmido para evitar queimar a pele.

A torção geralmente causa inchaço e dor, podendo deixar a região mais quente e com manchas roxas. Nos casos mais graves, em que ocorra dor intensa e inchaço que não melhora, deve-se procurar o médico para avaliar a gravidade da lesão e verificar se houve fratura.

Sinais de alerta para ir ao médico

O médico deve ser procurado nas seguintes situações:

  • Açúcar alto, com uma glicemia capilar superior a 180 mg/dL por mais de 1 hora, em jejum, ou superior a 250 mg/dL por mais de 1 hora, após comer, ou quando o paciente fica inconsciente. 
  • Açúcar baixo, com glicemia capilar inferior a 70 mg/dL por mais de 30 minutos, ou quando o paciente fica inconsciente;
  • Feridas complicadas na pele, com febre superior a 38ºC; presença de pus na ferida; aumento da vermelhidão, do inchaço e da dor no local; piora do processo de cicatrização da ferida, perda de sensibilidade à volta da ferida ou formigamento, ou presença de suor e arrepios no corpo. Esses sinais indicam que o local do ferimento pode estar infeccionado, sendo maior o risco de piora da ferida e de complicações, como úlceras.

Nos casos mais graves, quando que estes sinais são ignorados e não é feito o tratamento adequado, o tecido afetado pode sofrer necrose, que acontece quando a região não recebe oxigênio suficiente e os tecidos morrem, podendo ser preciso amputar o membro afetado.

Nestes casos deve-se chamar rapidamente ajuda médica, ligando o 192.

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