Histerectomia laparoscópica: o que é, para que serve (e como é feita)

A histerectomia laparoscópica é uma cirurgia para remover o útero, podendo ser indicada pelo médico para tratar condições como endometriose, mioma, ou câncer ginecológico, por exemplo.

Existem diferentes técnicas para fazer este tipo de histerectomia, como histerectomia total laparoscópica e histerectomia subtotal laparoscópica, por exemplo, que variam de acordo com a condição a ser tratada, a experiência do médico e as características da mulher.

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Após a cirurgia, a mulher pode apresentar dor e desconforto na parte debaixo do abdome, prisão de ventre e gases presos. Assim, o médico pode indicar o uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos. Além disso, é recomendado ficar em repouso alguns dias após a cirurgia, mas evitando a inatividade total.

Imagem ilustrativa número 1

Para que serve a histerectomia laparoscópica

A histerectomia laparoscópica pode ser indicada para tratar condições como:

  • Dor pélvica crônica;
  • Endometriose e adenomiose;
  • Hiperplasia endometrial;
  • Mioma uterino;
  • Sangramento uterino anormal, excessivo ou doloroso;
  • Doença inflamatória pélvica;
  • Câncer ginecológico;
  • Doenças ovarianas ou cistos benignos;
  • Sangramento pós-menopausa;
  • Prolapso uterino.

A histerectomia laparoscópica é considerada pelo médico quando outros tratamentos ou outras cirurgias menos invasivas não foram eficazes ou foram recusadas.

Histerectomia laparoscópica em homem

A histerectomia laparoscópica em homem geralmente se refere à cirurgia em homens transexuais, como parte do processo de redesignação sexual, com o objetivo de alterar as características físicas dos órgãos genitais.

Este procedimento consiste na remoção do útero e, às vezes, das trompas de Falópio e/ou ovários.

Tipos de histerectomia laparoscópica

Os principais tipos de histerectomia laparoscópica são:

  • Histerectomia total laparoscópica: Este é o tipo onde o útero e o colo do útero são totalmente removidos por via laparoscópica;
  • Histerectomia subtotal laparoscópica: Neste tipo, o útero é removido, mas o colo do útero é mantido;
  • Histerectomia vaginal assistida por laparoscopia: Parte desta cirurgia é feita por via laparoscópica através das incisões abdominais, e outra parte é realizada por via vaginal;
  • Histerectomia laparoscópica de acesso único: Este tipo é feito através de uma única incisão no abdome;
  • Histerectomia por mini-laparoscopia: Esta é similar à laparoscopia convencional, mas usando cortes menores.

Existe também a histerectomia laparoscópica assistida por robô. Nesta técnica, a cirurgia é realizada por um robô, que é controlado pelo cirurgião a partir de uma estação de trabalho.

O tipo de histerectomia laparoscópica escolhida pelo médico varia conforme a preferência e experiência do cirurgião, a condição a ser tratada e as características anatômicas da mulher.

Como é o preparo

O preparo da histerectomia laparoscópica inclui parar de fumar e reduzir o consumo de álcool alguns dias antes, para diminuir o risco de complicações, infecções pulmonares e má cicatrização.

Manter condições médicas preexistentes, como pressão alta ou asma, bem controladas antes da cirurgia, conforme orientação do médico.

É importante também informar ao médico todos os remédios e suplementos em uso. Isso porque pode ser recomendado interromper o uso dos anti-inflamatórios e anticoagulantes antes da operação, por exemplo.

Para o dia da cirurgia, o médico pede para fazer um jejum de 8 horas ou mais.

Como é feita a histerectomia laparoscópica

A histerectomia laparoscópica total é feita conforme o passo a passo a seguir:

  1. Posicionar, deitando, a mulher sobre a maca;
  2. Limpar a área onde será feita a cirurgia;
  3. Aplicar a anestesia geral. A anestesia peridural também pode ser indicada em alguns casos;
  4. Colocar a sonda vesical, por meio de um cateter, na bexiga para drenar a urina. Esta sonda poderá ser retirada no final ou mantida por algumas horas no pós-operatório;
  5. Inserir um manipulador uterino pela vagina, para ajudar a movimentar o útero;
  6. Fazer um pequeno corte, até 2 cm no umbigo e inserir uma agulha para puncionar o abdome, e insuflar um gás para criar espaço e permitir a visualização dos órgãos;
  7. Inserir um laparoscópio, que é um tubo fino com uma câmera, através da incisão, para que o cirurgião veja o interior do abdome em um monitor;
  8. Fazer mais 2 a 4 incisões menores em outras partes do abdome, para introduzir os instrumentos cirúrgicos;
  9. Fazer um corte ao redor do colo do útero no topo da vagina e retirar o útero pela vagina. Em alguns casos, o útero pode ser fragmentado e retirado por uma das pequenas incisões abdominais;
  10. Retirar o material cirúrgico e laparoscópico, e fechar as incisões com pontos ou cola cirúrgica.

A cirurgia de histerectomia laparoscópica geralmente dura entre 1 a 2 horas, mas pode variar dependendo do tipo de procedimento escolhido pelo médico.

Como é o pós operatório

Após a operação, o médico pode dar a alta hospitalar no mesmo dia da cirurgia ou após 1 a 2 dias. Em alguns casos, a pessoa pode ficar até 3 dias no hospital.

É comum a mulher sentir dor e desconforto na parte debaixo do abdome nos primeiros dias e também dor no ombro, que é um efeito colateral comum devido ao gás carbônico usado.

O intestino pode ficar temporariamente mais lento, causando gases presos que podem provocar dor e desconforto. Caminhar e beber chá de hortelã-pimenta podem ajudar a aliviar os gases.

Além disso, é esperado um leve sangramento vaginal vermelho ou marrom por alguns dias a algumas semanas após a cirurgia.

Cuidados após a cirurgia

Alguns cuidados importantes após a cirurgia incluem:

  • Tomar banho ou duche e remover os curativos no dia seguinte à cirurgia;
  • Não esfregar a região da cirurgia por pelo menos 7 a 10 dias para evitar a reabertura dos pontos;
  • Lavar a área diariamente com água morna e sabão, e secar;
  • Não aplicar peróxido de hidrogênio ou álcool no local, pois podem atrasar a cicatrização;
  • Usar absorvente higiênico, em casos de leve sangramento vaginal. No entanto, não se deve usar absorventes internos, para evitar o risco de infecção;
  • Evitar relação sexual com penetração por pelo menos 6 a 12 semanas após a operação. O retorno à atividade sexual deve ser liberado pelo cirurgião;
  • Caminhar após a cirurgia e aumentar gradualmente o tempo de caminhada a cada dia;
  • Evitar levantar objetos pesados ou fazer esforço por 3 a 4 semanas após a operação;
  • Evitar dirigir por pelo menos 2 semanas após a cirurgia;

É recomendado também beber bastante água e comer muitas frutas, vegetais e cereais integrais para evitar a prisão de ventre. O médico pode sugerir aumentar a ingestão de fibras ou usar um remédio laxante suave.

Em alguns casos, o médico pode indicar o uso de meias de compressão graduada ou injeções diárias de anticoagulante, especialmente em casos de sobrepeso ou outros problemas de saúde.

Para aliviar as dores, o médico pode prescrever medicamentos analgésicos, como 1g paracetamol ou 400 mg de ibuprofeno, quatro vezes ao dia ou menos.

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Cicatriz da histerectomia laparoscópica

A cicatriz da histerectomia laparoscópica é menor que a da histerectomia tradicional.

A mulher pode apresentar de duas a quatro pequenas cicatrizes no abdome, com 0,5 a 1 cm cada. Se o colo do útero for removido, haverá também uma cicatriz no topo da vagina.

A histerectomia laparoscópica também causa uma cicatriz maior, de até 2 cm no umbigo.

Possíveis complicações

As possíveis complicações da histerectomia laparoscópica são:

  • Hemorragia;
  • Infecção no local da cirurgia, na bexiga, tórax e/ou abdome;
  • Reação alérgica a equipamentos, materiais ou medicamentos;
  • Desenvolvimento de hérnia na cicatriz;
  • Trombose venosa profunda;
  • Infecção pulmonar;
  • Lesões no intestino, na bexiga e ureteres;
  • Embolia gasosa;
  • Perfuração do útero ou colo do útero;
  • Obstrução intestinal  ou íleo paralítico;
  • Peritonite

Aa complicações à longo prazo que podem surgir após a cirurgia são dificuldade e dor nas relações sexuais, queda de órgãos pélvicos, infertilidade, menopausa cirúrgica e problemas urinários.

Na presença de sintomas como sangramento intenso, febre, dor, vermelhidão, inchaço, calor ou pus na ferida, secreção vaginal com mau odor, tosse persistente e/ou dificuldade para respirar, deve-se procurar o atendimento médico imediatamente.

Quem não pode fazer

A histerectomia laparoscópica não deve ser feita por mulheres com útero excessivamente grande, com aderências abdominais e pélvicas extensas ou condições que não permitam a insuflação de gás na cavidade abdominal.

Além disso, a histerectomia laparoscópica também não é indicada para mulheres com prolapso significativo dos órgãos pélvicos.

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