A hepatite autoimune é uma inflamação do fígado que acontece devido a alterações do sistema imunológico. Nesses casos, o sistema imune passa a reconhecer próprias células do fígado como estranhas e as ataca, provocando diminuição do funcionamento do órgão e levando ao aparecimento de sintomas como dor abdominal, pele amarelada e fortes náuseas.
Geralmente, a hepatite autoimune surge antes dos 30 anos e é mais frequente em mulheres. Apesar de não ter cura, a hepatite autoimune pode ser controlada com o tratamento adequado, que é feito com medicamentos para controlar a imunidade, além de ser indicada uma dieta equilibrada, e evitando-se o consumo de álcool, gorduras e excesso de conservantes.
É importante que o tratamento da hepatite autoimune seja feito conforme a orientação do hepatologista ou clínico geral, pois assim é possível evitar o desenvolvimento de hepatite fulminante e falência do órgão.

Sintomas de hepatite autoimune
Os principais sintomas de hepatite autoimune são:
- Cansaço excessivo;
- Perda de apetite;
- Dor muscular;
- Dor abdominal constante;
- Enjoos e vômitos;
- Pele e olhos amarelados, também chamado de icterícia;
- Coceira leve pelo corpo;
- Dor nas articulações;
- Barriga inchada.
Normalmente, a doença tem início gradual, progredindo lentamente de semanas a meses até levar à fibrose do fígado e perda da função, caso a doença não seja identificada e tratada. Entretanto, em alguns casos, a doença pode agravar-se rapidamente, sendo denominada hepatite fulminante, que é extremamente grave e pode resultar em óbito. Veja mais sobre a hepatite fulminante.
Além disso, em uma pequena parcela dos casos, a doença pode não provocar sintomas, sendo descoberta em exames de rotina, que evidenciam aumento das enzimas hepáticas. É importante que o diagnóstico seja feito de forma precoce para que o tratamento possa ser logo estabelecido pelo médico, podendo evitar complicações, como cirrose, ascite e encefalopatia hepática.
Hepatite autoimune na gravidez
Os sintomas de hepatite autoimune na gravidez são os mesmos que os da doença fora desse período e é importante que a mulher seja acompanhada pelo obstetra para verificar se não há riscos tanto para ela quanto para o bebê, o que é raro quando a doença ainda encontra-se em fase inicial.
Nas gestantes que possuem a doença mais desenvolvida e possuem cirrose como complicação, o acompanhamento torna-se mais importante, uma vez que há maior risco de parto prematuro, baixo peso ao nascer e necessidade de cesariana. Assim, é importante que o obstetra indique o melhor tratamento, que normalmente é feito com um corticosteroide, como a Prednisona.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico da hepatite autoimune é feito através da avaliação dos sinais e sintomas apresentados pela pessoa e resultado de exames laboratoriais que devem ser solicitados pelo médico. Um dos exames que confirma o diagnóstico da hepatite autoimune é a biópsia do fígado, em que um fragmento desse órgão é coletado e enviado para o laboratório para que seja observada alterações no tecido que sejam indicativas de hepatite autoimune.
Além disso, o médico pode solicitar a dosagem de enzimas hepáticas, como TGO, TGP e fosfatase alcalina, além da dosagem de imunoglobulinas, anticorpos e sorologia para os vírus da hepatite A, B e C. Conheça mais sobre os exames que avaliam o fígado.
Também é levado em consideração no momento do diagnóstico os hábitos de vida da pessoa, como consumo de álcool em excesso e uso de medicamentos que são tóxico para o fígado, sendo assim possível excluir outras causas de problemas no fígado.
Tipos de hepatite autoimune
De acordo com o resultado dos exames de anticorpos, a hepatite autoimune pode ser classificada em alguns grupos principais, como:
- Hepatite autoimune tipo 1: mais comum entre os 16 e os 30 anos, sendo caracterizada pela presença de anticorpos FAN e AML no exame de sangue, e pode estar associada ao surgimento de outras doenças autoimunes, como tireoidite, doença celíaca, sinovite e colite ulcerativa;
- Hepatite autoimune tipo 2: surge normalmente em crianças com idade entre os 2 e os 14 anos, o anticorpo característico é o Anti-LKM1, e pode surgir em conjunto com diabetes tipo 1, vitiligo e tireoidite autoimune;
Hepatite autoimune tipo 3: parecida com a hepatite autoimune do tipo 1, com anticorpo anti-SLA/LP positivo, porém possivelmente mais grave que a tipo 1.
A identificação do tipo de hepatite é importante para que o melhor tratamento possa ser indicado com o objetivo de aliviar os sintomas, diminuir a inflamação do fígado e evitar a progressão da doença.
Como é feito o tratamento
O tratamento para hepatite autoimune é indicado pelo hepatologista, clínico geral ou gastroenterologista, e é iniciado com o uso de remédios corticosteroides, como a Prednisona, ou imunossupressores, como a Azatioprina, que reduzem a inflamação aguda do fígado mantendo-a controlada ao longo dos anos, e pode ser feito em casa. Em alguns casos, principalmente em pacientes jovens, pode ser recomendado o uso da associação de Prednisona com Azatioprina para diminuir os efeitos colaterais.
Nos casos mais graves, em que não é possível controlar a inflamação com o uso de remédios, pode ser realizada cirurgia para transplante do fígado, que consiste em substituir o fígado doente por outro saudável. Após o transplante de fígado, o paciente deve ficar internado durante 1 a 2 semanas para garantir que não existe rejeição do novo órgão. Além disso, indivíduos transplantados também devem tomar imunossupressores durante toda a vida para evitar que o organismo rejeite o novo fígado. Veja mais sobre o transplante de fígado.
No entanto, como a hepatite autoimune está relacionada com o sistema imunológico e não com o fígado, após o transplante é possível que a doença volte a se desenvolver.
Como deve ser a alimentação
A alimentação para a hepatite autoimune deve ser leve e pobre em alimentos gordurosos e industrializados, pois podem favorecer a inflamação do fígado, dificultar o seu funcionamento e promover o agravamento da doença. Assim, alguns alimentos que podem ser consumidos na hepatite são:
- Alface, tomate, brócolis, cenoura, abobrinha, rúcula;
- Maçã, pera, banana, manga, melancia, melão;
- Feijão, favas, lentilhas, ervilhas, grão-de-bico;
- Pão de sementes, macarrão e arroz integral;
- Carne de frango, peru ou coelho;
- Linguado, peixe espada, linguado.
É importante dar preferência a alimentos orgânicos porque os agrotóxicos presentes em alguns alimentos também dificultam o funcionamento do fígado. Além disso, é recomendado evitar bebidas alcoólicas, frituras, embutidos, molhos, manteiga, creme de leite e alimentos industrializados. Saiba mais sobre a dieta para hepatite.
Veja mais detalhes da alimentação para hepatite no vídeo a seguir: