Drogas naturais: principais tipos e efeitos no corpo

Atualizado em setembro 2023

As drogas naturais são substâncias derivadas de plantas ou fungos, como a maconha, os cogumelos alucinógenos ou o chá de ayahuasca, que alteram a percepção que a pessoa tem do mundo ao seu redor, provocando diferentes sensações, alterando o seu comportamento e estado de humor.

Apesar de serem derivadas de plantas as drogas naturais também podem causar vício e dependência, psíquica ou física, além de efeitos colaterais graves, como convulsões ou até depressão respiratória, que podem colocar a vida em risco, e, por isso, são proibidas no Brasil, não sendo autorizadas pela Anvisa tanto para o uso, como para sua comercialização.

Além das drogas derivadas de plantas ou fungos, a nicotina e a cafeína também são exemplos de substâncias naturais que provocam efeitos estimulante, depressor ou relaxante, além de vício, mas que não são consideradas ilícitas. Confira os efeitos das drogas depressoras, estimulantes e perturbadoras.

Imagem ilustrativa número 1

Quais são as drogas naturais

Alguns exemplos de drogas naturais são:

1. Maconha

A maconha é uma planta da espécie Cannabis sativa que tem na sua composição diversas substâncias, entre elas o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), que causam efeitos psicoativos, ou seja, afetam o cérebro, alterando a percepção de sons, imagens, noção de espaço e tempo.

Quando essa planta é consumida na forma de fumo, as substâncias ativas da maconha chegam rapidamente aos pulmões, sendo absorvidas e transportadas através da corrente sanguínea, exercendo seu efeito nos receptores canabinoides do tipo 1 (CB1), localizados principalmente no cérebro.

Assim, essa planta causa sensação de euforia, relaxamento, sensação de bem-estar, perda de memória, desorientação, falta de atenção ou dificuldade de raciocínio, que podem durar cerca de 1 a 3 horas.

Além disso, o uso crônico da maconha também pode causar efeitos a longo prazo, como dificuldades de atenção, concentração, memória e raciocínio, ou até crises de pânico, delírios e alucinações.

Os efeitos da maconha podem variar de intensidade e de pessoa para pessoa, dependendo da quantidade usada, da pureza e da potência das substâncias ativas dessa planta. Veja todos os efeitos da maconha no organismo.

2. Ópio

O ópio é uma planta da espécie Papaver somniferum, rico em alcalóides, obtidos do látex marrom que é retirado da cápsula da semente verde da papoula, e que possui efeitos psicoativos no cérebro e na medula espinhal, ao se ligar aos receptores opioides do subtipo mu, levando a um efeito sedativo e analgésico, além de diminuição dos movimentos gastrointestinais, euforia, dependência física e até depressão respiratória, que pode colocar a vida em risco.

Devido aos seus efeitos sedativos e analgésicos, essa planta, também conhecida como papoila-dormideira deu origem aos remédios opioides, como morfina e codeína, por exemplo, utilizados para o tratamento da dor intensa, como no pós-operatório ou dor do câncer.

No entanto, o ópio também passou a ser utilizada para o preparo de drogas de abuso, como a heroína, e que pode causar efeitos causar efeitos colaterais muito graves, como overdose, depressão respiratória, diminuição da pressão arterial e da pulsação, paralisia respiratória ou mesmo parada cardíaca. Veja os principais efeitos da heroína no corpo.

3. Cogumelos alucinógenos

Os cogumelos alucinógenos são fungos que crescem no solo e que contém psilocibina e psilocina na sua composição, que são substâncias alcalóides com efeito alucinógeno, com uma estrutura semelhante à serotonina, que agem no cérebro causando de euforia e distorções sensoriais, como halos de luz e cores vivas, tontura, sonolência, ou fraqueza muscular.

Existem mais de 180 espécies de cogumelos que contém psilocibina, sendo alguns exemplos, Psilocybe cubensis e Panaeolus spp, que muitas vezes são usados como cogumelos mágicos em cultos religiosos, por afetar a imaginação e percepção.

Outra espécie de cogumelo alucinógeno é a Amanita muscaria, que contém muscimol e ácido ibotênico na sua composição, com efeitos psicoativos e alucinógenos. Além disso, também pode causar intoxicação e sintomas como pressão baixa, suor excessivo, aumento da produção de saliva, distorções auditivas e visuais, perda da coordenação motora e do equilíbrio, coma e morte. Confira os principais cogumelos alucinógenos e seu efeito no corpo.

4. Trombeteira

A trombeteira é uma planta da espécia Brugmansia suaveolens, que possui alcaloides, como escopolamina, atropina e hiosciamina, com efeitos alucinógenos e eufóricos, sendo, por isso, muitas vezes utilizada de forma recreacional, na forma de chá.

No entanto, o chá das folhas dessa planta possui efeitos colaterais graves, como letargia, perda de contato com a realidade, delírio, amnésia, desorientação, alucinações, confusão mental, aumento dos batimentos cardíacos, retenção urinária, hipertermia ou até morte.

5. Iboga

A iboga é uma droga natural utilizada na forma de chá, rica em ibogaína, uma substância que causa grandes alucinações, sendo usada em rituais espirituais em alguns países na África e na América Central, ou para reduzir os sintomas da síndrome de abstinência de drogas, como heroína, crack ou cocaína, por exemplo.

A espécie dessa planta é Tabernanthe iboga, não sendo aprovada pela ANVISA para nem para o seu uso, como para sua comercialização.

6. Ayahuasca

A ayahuasca, também conhecida como hoasca ou daime, é um chá preparado geralmente com a mistura de duas ervas amazônicas, o cipó mariri e as folhas de chacrona, rico em substâncias como, harmalina e harmina, com efeito alucinógeno, provocando alterações da consciência, como visões, e permitindo a conexão com o divino, sendo por isso utilizada em rituais religiosos.

No entanto, esse chá pode causar efeitos colaterais, como excesso de ansiedade, medos, paranoia, vômitos, náuseas, aumento da pressão arterial e aumento dos batimentos cardíacos, por exemplo.

Como as drogas agem no organismo

Ao consumir alguma droga, seja ela natural ou sintética, seus efeitos são rapidamente percebidos havendo alterações sensoriais, que podem durar de 10 minutos à cerca de meia hora. Durante esse período a pessoa tem sensações diferentes que podem promover a curiosidade e a sensação de bem-estar.

Durante o período em que se está sob o efeito de drogas a pessoa pode ter os batimentos cardíacos acelerados, ficar com os olhos vermelhos e irritados, ou apresentar mais força ou encontrar-se mais relaxado, e isso depende do tipo de droga utilizada. No entanto, pouco tempo depois há uma diminuição da sensação de bem-estar e a pessoa começa a ter necessidade de usar mais drogas para buscar a mesma sensação de prazer e conforto.

Como reconhecer que a pessoa usa drogas

Muitas pessoas falam abertamente que usam drogas naturais, por achar que não fazem mal à saúde, assim defendem seu uso quando estão num ambiente tranquilo cercado de amigos. No entanto, alguns sinais físicos e certos comportamentos podem evidenciar o uso de drogas como:

  • Atrasos frequentes;
  • Pupilas dilatadas;
  • Olhos avermelhados;
  • Dificuldade de concentração;
  • Mania de perseguição;
  • Tremores nas mãos;
  • Emagrecimento;
  • Fala alterada.

Apresentar um ou dois destes sintomas esporadicamente não indica que a pessoa esteja usando drogas, mas quando estes sinais e sintomas tornam-se mais frequentes e são observados em certos períodos do ano, como em festas ou comemorações, podem apontar para o uso desse tipo de substância ilícita.

Como reconhecer a dependência de drogas

As drogas podem ser usadas esporadicamente, regularmente ou intensamente, e para reconhecer que a pessoa está viciada em drogas, deve-se observar as seguintes características:

  • Necessidade de usar a substância naquele exato momento, fazendo tudo o que for possível para encontrar e usar novamente a substância;
  • Dificuldade ou impossibilidade de parar de consumir drogas;
  • Encontrar-se em estado de abstinência apresentando: suor frio, enjoo, ânsia de vômito, coração acelerado, insônia, tremedeira, alucinações, mal-estar e fraqueza;
  • Abandono do trabalho, escola, e afazeres para somente consumir ou buscar drogas;
  • Persistir no uso das drogas, não se interessando pelos efeitos nocivos que as drogas possam causar.

Quando estes sinais e sintomas estão presentes deve-se iniciar o tratamento contra dependência química, que pode ser feito de forma particular ou no SUS, com internamento integral ou semi-integral, dependendo do tipo de drogas que a pessoa usou e do seu estado de saúde geral. Saiba como pode ser feito o tratamento para parar de usar drogas.