Coronavírus na gravidez: sintomas, possíveis riscos e como se proteger

Revisão médica: Dr. Gonzalo Ramirez
Psicólogo e Clínico Geral
setembro 2021

A infecção por coronavírus na gravidez pode acontecer em qualquer semana de gestação e, normalmente, provoca o desenvolvimento de sintomas leves como febre, mal estar geral e tosse, sendo muito semelhante a uma gripe.

No entanto, mulheres grávidas mais velhas, que sofrem de obesidade, que possuem outras doenças como diabetes ou hipertensão, ou que ficam infectadas após as 28 semanas de gravidez parecem ter maior risco de desenvolver sintomas graves, como dificuldade para respirar e confusão, o que poderá também aumentar o risco de complicações para a gestação.

Assim, é recomendado que a mulher adote medidas de proteção contra o coronavírus, como lavar as mãos regularmente, usar máscara e manter o distanciamento social. Confira as principais formas de se proteger do coronavírus.

Imagem ilustrativa número 1

Principais sintomas

A maioria das gestantes com COVID-19 não desenvolve sinais e sintomas de infecção. No entanto, no caso de haver sintomas, é comum que sejam semelhantes aos da gripe:

  • Febre;
  • Tosse constante;
  • Dor muscular;
  • Perda do olfato e do paladar;
  • Diarreia;
  • Mal estar geral.

Os sintomas mais graves de COVID-19, como dificuldade para respirar, dor no peito e confusão mental, por exemplo, são mais raros de acontecer, no entanto há maior probabilidade de surgirem em mulheres que já estão no terceiro trimestre de gestação, além de haver maior chance de complicações.

Assim, na presença de sinais e sintomas da COVID-19, principalmente se a mulher estiver tiver mais de 28 semanas de gravidez, é importante que vá ao hospital para que sejam tomadas as medidas necessárias para prevenir a progressão da doença. Saiba identificar os sintomas de COVID-19.

Possíveis riscos para a gravidez

A maioria dos casos de COVID-19 na gravidez não leva ao desenvolvimento de complicações, sendo normalmente casos leves da doença. No entanto, mulheres que foram infectadas pelo novo coronavírus no terceiro trimestre de gravidez podem apresentar sintomas mais graves, além de terem maior risco de parto prematuro e maior tendência à formação de coágulos.

De acordo com um estudo feito nos Estados Unidos [1], é possível que o novo coronavírus cause a formação de coágulos na placenta, que parecem reduzir a quantidade de sangue que é transportada até ao bebê. Ainda assim, o desenvolvimento do bebê não parece ser afetado, sendo que a maioria dos bebês que nasceram de mães com COVID-19 apresentaram peso e desenvolvimento normal para a idade gestacional.

O vírus passa para o bebê?

Os primeiros estudos feitos sobre a transmissão do coronavírus da mãe para o feto mostraram que o vírus não estava presente no líquido amniótico, na garganta do bebê, nem no leite materno. Além disso, nenhum dos bebês nascidos de mães com COVID-19 apresentava infecção pelo novo coronavírus, o que comprovou a teoria de que o vírus não era facilmente transmitido da mãe para o bebê [2, 3].

No entanto, devido a um crescente aumento de casos suspeitos de COVID-19 em bebês logo após o nascimento, foram necessários novos estudos para confirmar se realmente era possível transmitir o coronavírus durante a gestação.

Esses estudos mostraram que o coronavírus pode, de fato, ser transmitido da mãe para o feto durante a gravidez, pois 3 mulheres infectadas com COVID-19 tiveram bebês com resultados positivos logo após o nascimento, além disso, o coronavírus foi identificado na placenta de uma dessas mulheres, o que indica que o novo coronavírus pode ser transmitido no útero [5, 6].

Embora esses estudos mostrem que o coronavírus pode ser transmitido da mãe para o feto, ainda são casos muito raros e, por isso, são precisos mais estudos para identificar como essa transmissão acontece e quais os fatores de risco que aumentam a possibilidade de transmitir o vírus para o bebê. Assim, o ideal é que, durante a gestação, a mulher tenha todos os cuidados para evitar a infecção por COVID-19, como lavar as mãos com frequência e usar máscara, por exemplo.

Mulheres com COVID-19 podem amamentar?

Segundo a OMS [4] e os alguns estudos feitos com grávidas [2, 3], o risco de passar a infecção pelo novo coronavírus para o bebê parece ser muito baixo e, por isso, é aconselhado que a mulher amamente caso se sinta em boas condições de saúde e o deseje.

É apenas recomendado que a mulher tenha alguns cuidados na hora de amamentar para proteger o bebê de outras vias de transmissão, como lavar as mãos antes de amamentar e utilizar máscara durante a amamentação.

Como evitar pegar COVID-19 durante a gravidez

Apesar dos sintomas na gravidez não serem graves e de haver baixo risco de transmissão do vírus da mãe para o bebê durante a gravidez, parto ou aleitamento, é importante que a mulher reforce as medidas preventivas da infecção, principalmente se estiver no terceiro trimestre de gravidez. Dessa forma, é recomendado:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por cerca de 20 segundos;
  • Evitar tocar nos olhos, boca e nariz;
  • Evitar ficar em um ambiente com muitas pessoas e com pouca circulação de ar;
  • Beber bastante água e se manter ativa, pois assim é possível diminuir o risco de formação de coágulos;
  • Usar máscaras apropriadas;
  • Ter uma alimentação equilibrada e suplementação de vitamina D e ácido fólico, caso tenha sido recomendado.

Além disso, é importante que as consultas de rotina com o obstetra sejam mantidas, pois assim é possível acompanhar o desenvolvimento do bebê e garantir que está acontecendo de forma saudável.

Saiba mais sobre o que fazer contra o novo coronavírus no vídeo a seguir:

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Escrito por Marcela Lemos - Biomédica. Atualizado por Manuel Reis - Enfermeiro, em setembro de 2021. Revisão médica por Dr. Gonzalo Ramirez - Psicólogo e Clínico Geral, em setembro de 2021.

Bibliografia

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Mostrar bibliografia completa
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Revisão médica:
Dr. Gonzalo Ramirez
Psicólogo e Clínico Geral
Clínico geral pela UPAEP com cédula profissional nº 12420918 e licenciado em Psicologia Clínica pela UDLAP nº 10101998.

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