Diarreia crônica: 8 principais causas (e o que fazer)

Atualizado em dezembro 2022

A diarreia crônica é aquela em que o aumento da quantidade de evacuações por dia e o amolecimento das fezes dura por um período maior ou igual que 4 semanas e que pode ser causada por infecções microbianas, intolerância alimentar, inflamação intestinal ou uso de medicamentos.

Para identificar a causa da diarreia crônica e o tratamento adequado ser iniciado, é aconselhado ir ao gastroenterologista para que sejam avaliados os sintomas e sejam solicitados exames que possam ajudar na identificação da causa, sendo normalmente realizado o exame de fezes e exames de sangue.

Veja no vídeo a seguir como identificar as possíveis causas da diarreia crônica:

A diarreia crônica acontece como consequência de irritação no sistema gastrointestinal que pode ser diversas causas, sendo as principais:

1. Intolerâncias ou alergias alimentares

Algumas intolerâncias como a lactose ou ao glúten, ou alergia à proteína do leite, podem causar irritação e inflamação no intestino e resultar em diarreia crônica, pois o diagnóstico desse tipo de condição pode demorar um tempo. Além disso, dependendo da causa, poderão surgir outros sintomas associados à diarreia.

O que fazer: É importante consultar o gastroenterologista para que seja feita uma avaliação dos sintomas e seja indicada a realização de exames, como exame de sangue, determinação de anticorpos IgE ou antigliadinas, exames cutâneos e de fezes. Além disso, pode ser também feito o teste de provocação oral, que consiste na ingestão do alimento o qual suspeita-se de intolerância ou alergia e depois é observado se surge algum sintoma.

2. Infecções intestinais

Algumas infecções intestinais causadas por parasitas como a giardíase, amebíase ou ascaridíase, por exemplo, assim como infecções por bactérias e vírus, principalmente rotavírus, podem causar diarreia crônica quando não são detectadas rapidamente. De forma geral, as infecções intestinais podem causar também outros sintomas como dor abdominal, aumento da produção de gases, febre, vômitos, entre outros.

O que fazer: De forma geral, o tratamento para as infecções intestinais consiste em repouso, hidratação com soro caseiro ou soros de reidratação oral, e realização de alimentação de fácil digestão. No entanto, dependendo da causa da infecção, o médico poderá também indicar o uso de medicamentos para combater o agente infeccioso, podendo ser indicado antibióticos ou antiparasitários.

Por isso, caso os sintomas persistam por mais de 3 dias ou caso seja verificado febre alta ou presença de sangue nas fezes, é importante consultar o gastroenterologista ou clínico geral para que sejam avaliados os sintomas e seja indicado o tratamento mais adequado. Veja mais detalhes do tratamento para infecção intestinal.

3. Síndrome do intestino irritável

A síndrome do intestino irritável é uma doença em que é verificada a inflamação das vilosidades intestinais, podendo causar o surgimento de diarreia crônica, excesso de gases, dor e inflamação abdominal. Esses sintomas podem variar de acordo com a sua intensidade, podendo surgir de um momento para outro, manter-se por um período e depois desaparecer.

O que fazer: É importante nesses casos procurar o gastroenterologista para que seja possível chegar ao diagnóstico por meio da avaliação dos sintomas e realização de alguns exames como colonoscopia, tomografia computadorizada e exame de fezes.

De forma geral, o tratamento consiste em realizar uma alimentação específica, baixa em gordura e açúcares, e, em alguns casos, o médico pode também indicar o uso de alguns medicamentos. Confira mais detalhes do tratamento para a síndrome do intestino irritável.

4. Uso de alguns medicamentos

Existem alguns medicamentos que podem alterar a flora bacteriana, a motilidade do intestino e a vilosidade intestinal, resultando em um efeito laxante e levando à diarreia como efeito secundário, podendo causar esse transtorno gastrointestinal devido à toxicidade quando o medicamento é usado em doses superiores à recomendada.

Alguns desses medicamentos são os antibióticos, alguns antidepressivos, medicamentos para tratar o câncer, antiácidos e inibidores da bomba de prótons, como o omeprazol e o lansoprazol, dentre outros.

O que fazer: Caso a diarreia seja causada por antibióticos, a melhor forma de combater os sintomas é com o consumo de probióticos, um suplemento que pode ser encontrado em farmácias e que contém bactérias responsáveis por regular o funcionamento intestinal.

No caso de ser causada por outros medicamentos, o mais recomendado é consultar o médico que indicou o medicamento e informar o efeito secundário. Além disso, é também importante ter uma alimentação de fácil digestão e manter-se hidratado para melhorar a diarreia.

5. Doenças do intestino 

As doenças do intestino, como é o caso da doença de Crohn, retocolite ulcerativa, enterite ou a doença celíaca, também podem causar diarreia crônica, já que produzem uma inflamação crônica no intestino causando não só a diarreia como também outros sintomas de acordo com a doença presente.

O que fazer: Nesses casos é recomendado consultar o gastroenterologista para que seja feita uma avaliação e possam ser indicados exames de diagnóstico que permitam identificar a doença e iniciar o tratamento mais adequado. Além disso, uma vez obtido o diagnóstico, é importante consultar o nutricionista, já que a alimentação desempenha um papel fundamental no alívio dos sintomas associados a esse tipo de doença.

Veja no vídeo a seguir algumas doenças do intestino que podem causar diarreia:

6. Doenças do pâncreas

Nas doenças do pâncreas, como a insuficiência pancreática, pancreatite crônica ou nos casos de câncer de pâncreas, esse órgão tem dificuldades para produzir ou transportar quantidades suficientes de enzimas digestivas que permitam a digestão e posterior absorção dos alimentos no intestino. Isso provoca alterações principalmente na absorção de gorduras, causando uma diarreia crônica, que pode ser pastosa, brilhante ou com gordura.

O que fazer: Nesses casos é importante consultar um nutricionista para que seja elaborado um plano nutricional adaptado às condições da pessoa, o que permitirá melhorar a absorção de nutrientes, evitar a perda de peso e uma eventual desnutrição e aliviar o mal estar que essas doenças podem causar.

Além disso, é possível que seja necessária a suplementação de alguma vitaminas e minerais, cuja absorção foi prejudicada pela frequência das evacuações líquidas, além de ser indicada a pancreatina pelo médico, que é um medicamento que substitui as enzimas digestivas e ajuda a melhorar a digestão e a absorção dos alimentos, melhorando a diarreia.

7. Fibrose cística

Algumas doenças genéticas também podem causar alterações no tecido do trato digestivo, como é o caso da fibrose cística, uma doença que afeta a produção de secreção de vários órgãos, principalmente nos pulmões e no intestino, fazendo com que sejam mais espessas e viscosas, podendo resultar em períodos alternados de diarreia e prisão de ventre.

Além disso, podem surgir outros sintomas associados, como sensação de falta de ar, tosse persistente, infecções pulmonares frequentes, fezes gordurosas e com odor fétido, má digestão, perda de peso, entre outros.

O que fazer: De forma geral, essa doença genética é identificada no nascimento através do teste do pezinho, no entanto também pode ser detectado por outros exames genéticos que identificam a mutação responsável por essa doença.

O tratamento da fibrose cística é normalmente feito com o uso de medicamentos prescritos pelo médico, sessões de fisioterapia respiratória e acompanhamento nutricional para controle da doença e melhora da qualidade de vida da pessoa.

8. Câncer de intestino

O câncer de intestino pode provocar sintomas como diarreias frequentes, perda de peso, dor abdominal, cansaço e presença de sangue nas fezes, podendo variar de acordo com a localização do câncer e sua gravidade. Veja como reconhecer os sintomas de câncer no intestino.

O que fazer: Caso a pessoa apresente esses sintomas por mais de 1 mês, tenha mais de 50 anos ou histórico familiar de câncer de intestino, é importante consultar o gastroenterologista. O médico irá avaliar os sintomas e poderá indicar a realização de exames de diagnóstico, como exame de fezes, colonoscopia ou tomografia computadorizada para identificar o câncer e iniciar o tratamento mais adequado logo em seguida.

Como é feito o tratamento

Para tratar a diarreia crônica, inicialmente, o médico poderá indicar formas de prevenir a desidratação ou desnutrição, fazendo orientações sobre como aumentar o consumo de líquidos e a alimentação diária.

Em seguida, o tratamento definitivo acontece de acordo com a causa da diarreia, que pode incluir uso de remédios antibióticos ou vermífugos para tratar infecções, remoção de medicamentos que podem ter efeito laxativo ou medicamentos com efeitos anti-inflamatórios para doenças auto-imunes, por exemplo.

O que comer na diarreia crônica

Quando se tem diarreia crônica, é importante procurar um nutricionista para não só adaptar a alimentação à doença de base, mas também avaliar a necessidade de iniciar o uso de suplementos nutricionais para ajudar a manter ou a recuperar o peso, assim como a ingestão de vitaminas e minerais, caso haja necessidade.

É importante que a alimentação seja de fácil digestão e absorção, podendo incluir:

  • Sopas e purês de vegetais cozidos, que não estimulem o intestino, como os de abóbora, cenoura, abobrinha, chuchu, batata, batata doce;
  • Banana verde e frutas cozidas ou assadas, como maçã, pêssego ou pera;
  • Mingau de arroz ou milho;
  • Arroz cozido;
  • Carnes brancas cozidas ou grelhadas, como frango ou peru;
  • Peixe cozido ou grelhado.

Além disso, é fundamental beber cerca de 2 litros de líquidos por dia como água, chá, água de coco ou sucos de fruta coados, e tomar soro caseiro ou soro de reidratação oral que podem ser encontrados nas farmácias. Esses soros devem ser tomados imediatamente depois de cada evacuação, mais ou menos na mesma quantidade que se perde líquidos, isso evitará a perda de minerais e a desidratação.

Confira, no vídeo a seguir, orientações da nossa nutricionista com algumas dicas do que fazer para parar a diarreia

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