A doença celíaca é uma doença autoimune crônica caracterizada pela intolerância permanente ao glúten, que é a proteína presente no centeio, trigo, malte e cevada, provocando uma resposta do sistema imunológico capaz de causar inflamações e lesões no intestino.
A doença celíaca é causada por alterações genéticas, podendo surgir tanto em crianças como adultos e inclui sintomas como diarreia, dor de cabeça, barriga inchada, irritabilidade, cansaço e perda de peso.
O diagnóstico da doença celíaca deve ser feito por um clínico geral, ou gastroenterologista, que vai avaliar os sinais e sintomas apresentados pela pessoa, e solicitar exames para confirmar o diagnóstico, como teste genético, endoscopia e exame de sangue.

Principais sintomas da doença celíaca
De acordo com a Organização Mundial de Gastroenterologia, os sintomas da doença celíaca variam de acordo com o tipo dessa doença:
1. Doença celíaca clássica
A doença celíaca clássica está relacionada com a má absorção intestinal e os sintomas variam de acordo com a idade da pessoa, como:
- Crianças: atraso no desenvolvimento e crescimento, perda de peso, vômitos diarreia crônica, barriga inchada, anemia ferropriva, irritabilidade e desconforto;
- Adultos: diarreia crônica, perda de peso, anemia ferropriva, barriga inchada, mal-estar, cansaço e osteoporose.
2. Doença celíaca não clássica
Neste tipo de doença celíaca, crianças e adultos podem ter sintomas gastrointestinais sem apresentarem má absorção intestinal ou ainda podem ter sintomas não relacionados com o intestino, incluindo:
- Barriga inchada;
- Dor abdominal;
- Crise celíaca, que inclui diarreia aquosa, barriga inchada, desidratação e hipotensão;
- Cansaço crônico e falta de energia;
- Prisão de ventre;
- Enxaqueca crônica;
- Alterações na pele, como vermelhidão, dermatite herpetiforme, feridas e psoríase;
- Neuropatia periférica;
- Perda da densidade óssea;
- Infertilidade;
- Atraso da puberdade;
- Menstruação tardia ou menopausa precoce;
- Defeitos no esmalte dos dentes;
- Dispepsia;
- Saciedade precoce ou perda do apetite;
- Depressão, ansiedade, mau humor e irritabilidade.
Além disso, esse tipo de doença celíaca também pode causar aborto espontâneo, parto prematuro ou recém-nascido pequeno para a idade gestacional.
Já na doença celíaca assintomática, as pessoas não apresentam sintomas, apesar de apresentarem lesões no intestino.
Diferença entre intolerância ao glúten e doença celíaca
A intolerância ao glúten, também conhecida como sensibilidade ao glúten ou sensibilidade ao glúten não celíaca, é a incapacidade ou dificuldade de digestão do glúten, que provoca sintomas como diarreia, dor e inchaço abdominal. No entanto, na intolerância ao glúten a pessoa não possui alergias ou alterações autoimunes e as lesões no intestino diminuem com a exclusão do glúten da dieta.
Já a doença celíaca é uma resposta do sistema imunológico ao glúten que causa inflamação e lesões permanentes no intestino. Embora os sintomas da doença celíaca sejam parecidos com os da intolerância ao glúten, esta condição provoca danos irreversíveis no intestino, mesmo após a retirada do glúten da dieta.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico da doença celíaca é feito pelo clínico geral ou gastroenterologista através da avaliação dos sintomas e sinais apresentados pela pessoa e do histórico familiar, já que a doença celíaca tem causa principalmente genética.
Além da avaliação clínica, o médico poderá solicitar a realização de alguns exames e testes, como exame de urina, fezes e sangue, para verificar os níveis de anticorpos; teste genético; e endoscopia com biópsia do intestino, o exame onde se consegue avaliar a estrutura do intestino e verificar qualquer sinal que indique doença celíaca.
Quando os testes e exames iniciais são inconclusivos, o médico também pode recomendar a exclusão do glúten da dieta e solicitar, em seguida, uma segunda biópsia do intestino.
Veja, no vídeo a seguir, outras formas de se diagnosticar a doença celíaca:
Principais causas
Apesar de ainda não se saber exatamente a causa da doença celíaca, acredita-se que essa doença seja causada por uma alteração genética herdada dos pais ou familiares que causa a reação do sistema imunológico, provocando inflamação, danos no intestino e dificultando a absorção de nutrientes.
Como é feito o tratamento
A doença celíaca não tem cura e, por isso, o tratamento deve ser feito durante toda a vida, principalmente excluindo-se os alimentos e remédios que contêm glúten, ajudando, assim, a melhorar a qualidade de vida da pessoa, além de evitar os sintomas dessa doença.
1. Alimentação
É fundamental excluir da dieta o trigo, o centeio, o malte e a cevada e os produtos preparados com esses cereais, como pães, massas, cerveja, bolos e biscoitos, por exemplo. Veja outros alimentos com glúten que devem ser excluídos da dieta.
A aveia pode ser incluída na dieta, no entanto, é fundamental verificar se o fabricante possui o selo de certificação de isenção de glúten deste produto.
A dieta também deve priorizar alimentos naturais ricos em ferro e folato, especialmente se a pessoa apresentar deficiência destes minerais. Além disso, é importante sempre ler o rótulo dos produtos para verificar se o alimento contêm ou não glúten antes de consumí-lo.
É importante consultar um nutricionista especializado em dietas sem glúten, principalmente durante o primeiro ano após o diagnóstico da doença, para que seja elaborado um plano alimentar individualizado que previna a deficiência de nutrientes.
2. Suplementos
Como muitas pessoas com doença celíaca têm deficiência de fibras, ferro, cálcio, magnésio, zinco, folato, niacina, riboflavina, vitamina B12 e vitamina D, o uso de suplementos também pode ser recomendado pelo médico ou nutricionista.
3. Remédios
O uso de remédios para doença celíaca somente é indicado quando a pessoa não melhora ou melhora temporariamente com a retirada do glúten da dieta.
Os remédios prescritos podem incluir esteroides, azatioprina, ciclosporina ou outros medicamentos usados para diminuir as reações inflamatórias ou imunológicas e devem ser usados somente sob a orientação do gastroenterologista.