A neurossífilis é uma complicação da sífilis, que surge quando a bactéria Treponema pallidum invade o sistema nervoso, atingindo o cérebro, meninges e medula espinhal. A neurossífilis normalmente surge em pessoas com sífilis há vários anos, mas nunca realizaram o tratamento adequado, o que leva ao aparecimento de sinais e sintomas mais graves como alterações da memória, depressão, paralisia ou convulsões.
Para tratar a neurossífilis o médico indicará medicamentos antibióticos, como a Penicilina cristalina, diretamente na veia, durante aproximadamente 10 a 14 dias. Após alguns meses do tratamento, será necessário fazer uma acompanhamento dos níveis de infecção através da punção lombar do liquor, para avaliar se houve cura.
A sífilis é uma doença infecciosa crônica adquirida principalmente pelo contato sexual, e pode evoluir de diferentes formas ao longo de diferentes fases, incluindo a formação de úlceras genitais, manchas de pele ou febre, por exemplo, sendo que as alterações graves como problemas cardíacos ou neurológicos ocorrem em fases mais avançadas da doença. Saiba mais sobre as principais fases da sífilis.

Principais sintomas
Os principais sinais e sintomas de neurossífilis incluem:
- Distúrbios da visão e cegueira;
- Falhas de memória e demência;
- Alteração na marcha;
- Depressão;
- Incontinência urinária;
- Irritabilidade;
- Dor de cabeça;
- Confusão mental;
- Paralisias;
- Convulsões;
- Rigidez na nuca;
- Tremores;
- Fraqueza;
- Dormência nas pernas e pés;
- Dificuldade em concentração;
- Paralisia geral progressiva;
- Alterações da personalidade;
- Pupilas não responsivas à luz;
- Alteração nos reflexos nervosos.
Estes sintomas costumam surgir entre 5 a 20 anos após a infecção inicial pelo Treponema pallidum, quando a pessoa infectada não recebeu o tratamento adequado.
Como os sinais e sintomas da neurossífilis são muito variados, esta doença pode ser confundida com diversas doenças neurológicas, como Alzheimer, esclerose múltipla, meningite, tumor cerebral, doença de Parkinson, AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou doenças psiquiátricas, como esquizofrenia e depressão.
Saiba mais sobre as fases da sífilis no vídeo seguinte:
Como confirmar o diagnóstico
O diagnóstico da neurossífilis é feito pela análise do liquor, ou líquido cefalorraquidiano, que demonstra alterações sugestivas da doença, e é realizada através da punção lombar.
Os exames de imagem, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e angiografia cerebral, são muito indicados para avaliar as alterações cerebrais e a progressão da doença. Já exames de sangue, como FTA-ABS e VDRL são exames sorológicos que ajudam a identificar anticorpos relacionados à sífilis. Saiba como entender o resultado do exame VDRL.
Como é feito o tratamento
O tratamento da neurossífilis deve ser realizado em hospital, consistindo em injeções diárias, na veia, de antibióticos como Penicilina G cristalina ou Ceftriaxona, durante cerca de 10 a 14 dias.
Após o tratamento para neurossífilis, o médico pode fazer exames de sangue ao 3º e 6º mês, assim como 1 vez por ano, durante 3 anos. Além disso, podem ser feitas punções lombares a cada 6 meses para confirmar a cura da infecção.
Veja também como é feito o tratamento nas diferentes fases da sífilis.

Possíveis complicações
Apesar da maioria dos sintomas da neurossífilis serem reversíveis, quando o tratamento não é feito de maneira adequada, a doença pode provocar alterações graves no sistema nervoso central, resultando em sequelas que incluem:
- Paralisia de regiões do corpo;
- Perda de visão;
- Demência, alterações persistentes da memória ou do comportamento
- Surdez;
- Impotência sexual;
- Psicose e outras alterações psiquiátricas;
- Distúrbios do movimento
- Incontinência urinária;
- Dores constantes.
As complicações da neurossífilis dependem de como a doença evoluiu em cada pessoa, do tempo de infecção e do tempo de espera até ao início do tratamento.
Prevenção da neurossífilis
A neurossífilis é uma infecção que pode trazer graves consequências para a saúde e, por isso, deve ser prevenida através do tratamento adequado. Assim, pacientes com sífilis devem seguir as indicações do médico, evitando que a infecção possa chegar ao sistema nervoso, principalmente em casos de pacientes com o sistema imune alterado.
Já a prevenção da sífilis é feita com o uso de camisinha durante relações sexuais, e cuidados para se evitar a contaminação através de sangue e secreções, não se devendo compartilhar materiais que podem estar contaminados, como seringas e agulhas, além de fazer um acompanhamento pré-natal adequado, no caso de gestantes. Confira mais orientações sobre como acontece a transmissão e como prevenir a sífilis.