Muco cervical: o que é e como varia ao longo do ciclo

Revisão médica: Drª. Sheila Sedicias
Ginecologista
novembro 2020

O muco cervical é uma secreção líquida produzida pelo colo do útero e que pode ser expelido através da vagina, aparecendo na roupa íntima como um tipo de corrimento transparente, branco ou levemente amarelado, sem odor, sendo uma secreção natural do corpo.

Esta secreção contém anticorpos que impedem a entrada de bactérias e vírus no útero, mantendo-o saudável. Além disso, o muco cervical aumenta a lubrificação, protege o esperma do ambiente ácido da vagina e ajuda o espermatozoide a alcançar o útero durante o período fértil.

Quando o corrimento vaginal apresenta alguma cor, cheiro, consistência mais espessa ou diferente do costume, pode indicar a presença de algum problema e por isso é importante consultar um ginecologista para avaliar melhor, fazer exames e orientar o tratamento adequado.

Imagem ilustrativa número 3

O muco cervical pode apresentar características diferentes de acordo com cada fase do ciclo menstrual, como:

1. Início do ciclo menstrual

O início do ciclo menstrual é o primeiro dia da menstruação e os hormônios estrógeno e progesterona que regulam o ciclo menstrual e a produção de muco cervical estão baixos e, por isso, nesta fase, que pode durar de 1 a 5 dias, a quantidade de muco cervical é muito baixa e não se consegue perceber.

2. Após a menstruação

Logo após a menstruação, geralmente dos dias 6 a 9 do ciclo menstrual, a quantidade de estrógeno começa a aumentar mas a produção de muco cervical ainda é baixa e normalmente a vagina aparenta estar mais seca nesta fase.

3. Período fértil

O período fértil é o conjunto de 6 dias que estão ao redor da ovulação e geralmente começa entre 10 a 14 dias após o primeiro dia da menstruação. Saiba como calcular o dia da ovulação.

No início desta fase, ocorre aumento gradual de estrógeno e da produção de muco cervical que aparenta mais espesso, pegajoso e esbranquiçado. Nos dias da ovulação, a vagina fica mais úmida e o muco cervical torna-se mais cristalino, transparente e elástico, semelhante à clara de ovo, e por isso, a presença desse muco indica que a mulher está fértil.

O muco cervical no período fértil é importante para aumentar a lubrificação da vagina e auxiliar a entrada dos espermatozoides no canal vaginal para chegar ao óvulo, facilitando a fecundação.

A análise das características do muco cervical é bastante utilizada para indicar o período fértil e esta análise é chamada de método do muco cervical ou método de Billings. Veja como utilizar o método de Billings.

4. Após o período fértil

Após o período fértil até a próxima menstruação, ocorre aumento da progesterona, um hormônio que prepara o útero para uma possível gravidez e os níveis de estrógeno diminuem. Nesta fase, a quantidade de muco cervical é muito baixa ou ausente e pode aparentar mais pegajoso ou viscoso.

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Variações do muco ao longo da vida

Além do ciclo menstrual, o muco cervical também pode mudar dependendo da fase da vida da mulher:

1. Gravidez

O muco cervical na gravidez torna-se mais grosso e esbranquiçado devido às alterações hormonais normais deste período. Assim, ele forma uma barreira que serve como defesa para impedir que bactérias ou outros microrganismos se desenvolvam dentro do útero e criem complicações à gestação. Confira outras alterações que ocorrem no corpo da mulher grávida, para se adaptar à chegada do bebê.

2. Pós-parto

Após o parto, ocorre um processo natural do corpo de eliminação de restos de sangue, muco e tecidos da placenta durante 3 a 6 semanas, pois é a fase de contrações do útero para voltar ao seu tamanho normal.

Nesta fase, o muco vaginal possui características específicas de acordo com o período do pós parto, geralmente apresentando sangue durante os primeiros dias, tornando-se acastanhado com rajadas de sangue do 3º ao 10º dia e amarelado ou esbranquiçado a partir do 10º dia. Veja outras alterações no corpo no período pós-parto.

É importante sempre fazer o acompanhamento com o ginecologista para garantir uma recuperação tranquila no pós-parto.

3. Menopausa

A menopausa é marcada pelo fim da fase reprodutiva da mulher e ocorre porque os ovários deixam de produzir estrógeno e, por isso, a produção de muco cervical diminui e a vagina fica mais seca. Além disso, apesar de pouco, o muco pode ficar mais espesso e odor pode mudar. Por isso, deve-se fazer acompanhamento com ginecologista para avaliar as alterações do muco cervical na menopausa e a necessidade de reposição hormonal ou outro tipo de tratamento. Confira outras alterações que ocorrem na menopausa.

Como avaliar o muco cervical

Para avaliar o muco cervical a mulher deve estar nua e introduzir o dedo indicador na vagina para observar a secreção dessa região. Ao retirar o dedo deve-se observar se o muco está presente em quantidade suficiente e se está elástico ou não. O ideal para conseguir engravidar é apresentar um muco em boa quantidade e que ele esteja elástico.

A avaliação do muco cervical não deve ser usado como método contraceptivo para evitar a gravidez porque o muco pode sofrer pequenas variações ao longo do ciclo, tornando difícil a sua exata avaliação. Confira outras opções de métodos contraceptivos que podem ser mais seguros e eficazes.

Possíveis alterações

Algumas mulheres com dificuldade em engravidar podem possuir um muco cervical muito grosso durante todo o ciclo, que impede o movimento dos espermatozoides e, por isso, devem procurar um ginecologista para iniciar o tratamento adequado.

Além disso, o muco cervical pode ter uma consistência mais grossa quando se usa anticoncepcional por não ocorrer ovulação e as mudanças hormonais normais do ciclo menstrual.

Outras situações que podem alterar a consistência, a cor, o volume e o cheiro do muco cervical são mudanças hormonais, alterações na flora bacteriana da vagina ou infecções sexualmente transmissíveis, por exemplo. Estas alterações podem causar corrimento vaginal e devem sempre ser avaliadas pelo ginecologista. Saiba o que significa cada cor de corrimento vaginal.

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Escrito por Flávia Costa - Farmacêutica. Atualizado por Manuel Reis - Enfermeiro, em novembro de 2020. Revisão médica por Drª. Sheila Sedicias - Ginecologista, em fevereiro de 2016.

Bibliografia

  • NAKANO, Fabiana Y.; et al. Sobre o papel do muco cervical e do pH vaginal na gênese da infertilidade inexplicada. MedicalExpress. 2. 2; M150207, 2015
  • HAN, Leo; et al. Cervical mucus and contraception: what we know and what we don't. Contraception. 96. 5; 310-321, 2017
Mostrar bibliografia completa
  • CURLIN, Marija; BURSAC, Danijel . Cervical mucus: from biochemical structure to clinical implications. Frontiers in Bioscience. S5. 507-515, 2013
Revisão médica:
Drª. Sheila Sedicias
Ginecologista
Médica mastologista e ginecologista formada pela Universidade Federal de Pernambuco, em 2008 com registro profissional no CRM PE 17459.

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