O uso de Ibuprofeno e outros anti-inflamatórios não esteroides (AINES) durante a infecção pelo SARS-CoV-2 é considerado seguro, uma vez que não foi possível confirmar a relação do uso desse medicamento com agravamento dos sintomas respiratórios da pandemia de COVID-19.
Além disso, um estudo realizado em Israel [1] monitorou pacientes que utilizaram ibuprofeno por uma semana antes do diagnóstico de COVID-19 e durante o tratamento para alívio dos sintomas juntamente com o paracetamol e verificou que o uso de ibuprofeno não está relacionado com pioras no quadro clínico dos pacientes.
Dessa forma, não há evidências de que o uso de ibuprofeno poderia aumentar a morbimortalidade por COVID-19 e, por isso, o uso desse medicamento é indicado pelas autoridades de saúde, devendo ser utilizado sob recomendação médica. Confira uma lista dos remédios aprovados e em estudo para tratar a COVID-19.

O que se sabe
Apesar dos estudos divulgados acerca da relação negativa entre o ibuprofeno e a COVID-19, a Organização Mundial de Saúde e outras autoridades de saúde indicaram que não existem evidências científicas de que o uso do ibuprofeno não seria seguro, uma vez que os resultados apresentados foram baseados em suposições e não foram de fato realizados estudos em humanos. Além disso, alguns estudos indicaram que [2]:
- Não existe evidência direta de que o ibuprofeno poderia interagir com o SARS-CoV-2;
- Não existem evidências que o ibuprofeno é o responsável por aumentar a expressão da enzima conversora da angiotensina;
- Alguns estudos in vitro indicaram que o ibuprofeno poderia "quebrar" o receptor ACE, dificultando a interação membrana celular-vírus e diminuindo o risco de entrada do vírus na célula por essa via;
- Não existem evidências de o uso de ibuprofeno poderia agravar ou aumentar o risco de infeção.
No entanto, ainda são necessários mais estudos para confirmar a ausência de relação entre o SARS-CoV-2 e o uso de ibuprofeno ou outros AINES e assegurar a segurança do uso desses medicamentos.
O que fazer em caso de sintomas
No caso de sintomas leves de COVID-19, como febre, tosse intensa e dor de cabeça, por exemplo, além do isolamento, é recomendado consultar o médico para que possa ser feita uma orientação quanto ao medicamento a ser utilizado para aliviar o sintoma, podendo ser indicado o uso de paracetamol ou ibuprofeno, que devem ser usados de acordo com a orientação médica.
Porém, quando os sintomas são mais graves, podendo haver dificuldade para respirar e dor no peito, o mais indicado é que a pessoa vá ao hospital para que possa ser confirmado o diagnóstico de COVID-19 e possa ser iniciado o tratamento mais específico com o objetivo de prevenir outras complicações e promover a qualidade de vida da pessoa. Entenda como é feito o tratamento para COVID-19.
Porque o ibuprofeno poderia agravar a infecção?
Um estudo publicado na revista Lancet Respiratory Medicine [3] afirmou que o ibuprofeno poderia causar um agravamento dos sintomas em pessoas com infecções respiratórias virais agudas, já que esse medicamento seria capaz de aumentar a expressão do ACE, que é o receptor presente nas células humanas e que também liga-se ao novo coronavírus. Essa afirmação foi baseada no fato de que pacientes diabéticos e hipertensos apresentavam maior quantidade de receptores ACE expressos, faziam uso de ibuprofeno e outros AINES e desenvolveram COVID-19 grave.
Um outro estudo realizado com ratos diabéticos [4], promoveu o uso de ibuprofeno durante 8 semanas em doses inferiores às recomendadas, tendo como resultado o aumento da expressão da enzima conversora da angiotensina 2 (ACE2) no tecido cardíaco.
Essa mesma enzima, a ACE2, parece ser um dos pontos de entrada dos vírus da família coronavírus nas células e, por esse motivo, alguns cientistas colocam a hipótese de que, se também existir um aumento na expressão dessa enzima em humanos, especialmente no pulmão, é possível que o vírus consiga se multiplicar mais rápido, causando sintomas mais graves.
Apesar desses estudos, foi verificado que o uso de ibuprofeno na COVID-19 é considerado seguro, já que não foi verificada relação direta e comprovada cientificamente do uso desse medicamento com o aumento da expressão do ACE2 e agravamento da infecção.