O que podem ser gânglios linfáticos inchados (e quando se preocupar)

Revisão médica: Dr. Gonzalo Ramirez
Psicólogo e Clínico Geral
fevereiro 2022

Os gânglios linfáticos aumentados, conhecidos popularmente como íngua e cientificamente como linfonodos ou linfonodomegalia, indicam, na maioria das vezes, uma infecção ou inflamação da região em que surgem, apesar de poderem surgir por vários motivos, desde uma simples irritação da pele, uma infecção, doenças da imunidade, uso de remédios ou, até, câncer.

A linfonodomegalia pode ser de dois tipos: localizada, quando os gânglios inflamados estão perto do local da infecção, ou generalizada, quando se trata de uma doença ou infecção sistêmica e que dura muito tempo.

Os gânglios estão espalhados por todo o corpo, pois fazem parte do sistema linfático, uma importante parte do sistema imune, já que filtram o sangue e ajudam a eliminar micro-organismos maléficos. Entretanto, quando estão aumentados, é comum que sejam visíveis ou palpáveis em algumas regiões específicas, como virilhas, axilas e pescoço. Entenda melhor qual a função dos gânglios linfáticos e onde ficam

Imagem ilustrativa número 1

Geralmente, as ínguas costumam ter causas benignas e passageiras, e costumam ter poucos milímetros de diâmetro, desaparecendo em um período de cerca de 3 a 30 dias. Entretanto, caso cresçam mais que 2,25 cm, durem mais do que 30 dias ou sejam acompanhadas por sintomas como perda de peso e febre constante, é importante consultar-se com um clínico geral ou infectologista para investigação das possíveis causas e recomendação do tratamento.

A inflamação dos gânglios pode acontecer devido a uma infecção aguda ou crônica, tumor, doença autoimune ou que comprometa o sistema imunológico, como é o caso da AIDS.

O que causa aumento dos gânglios linfáticos

As causas do aumento dos linfonodos são diversas, e deve-se lembrar que não existe uma regra única para sua identificação. No entanto, algumas possíveis causas são:

1. No pescoço 

Os gânglios linfáticos da região cervical, mas também os localizados sob a mandíbula, atrás da orelhas e nuca, geralmente, ficam aumentados devido à alterações das vias respiratórias e da região da cabeça, como:

  • Infecções das vias respiratórias, como faringites, resfriados, gripes, mononucleose, otites e gripes;
  • Conjuntivite;
  • Infecções da pele, como foliculite do couro cabeludo, acne inflamada;
  • Infecções da boca e dentes, como herpes, cáries, gengivite e periodontite;
  • Estresse: o excesso de estresse emocional pode prejudicar a produção de substâncias responsáveis ​​pelo combate a infecções, aumentando o risco de desenvolver doenças que causam inflamação dos gânglios;
  • Infecções menos comuns, como tuberculose ganglionar, toxoplasmose, doença da arranhadura do gato ou micobacterioses atípicas, apensar de mais raras, também podem originar este tipo de alteração;
  • Doenças autoimunes, como Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e artrite reumatoide;
  • Outras: alguns tipos de câncer, como o de cabeça e pescoço e linfoma, por exemplo, doenças sistêmicas ou reação a medicamentos.

Além disso, doenças infecciosas sistêmicas, como rubéola, dengue ou Zika vírus também podem se manifestar com gânglios aumentados no pescoço. Saiba mais sobre as doenças que causam ínguas no pescoço.

2. Na virilha

A virilha é o local mais comum onde surgem os gânglios linfáticos aumentados, pois os linfonodos desta região podem indicar o comprometimento de qualquer parte da pelve e dos membros inferiores, e acontece principalmente devido ao câncer e a infecções:

  • Infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis, cancro mole, donovanose, herpes genital;
  • Infecções genitais, como candidíase ou outras vulvovaginites, e infecções penianas causadas por bactérias ou parasitas;
  • Inflamações na pelve e região abdominal inferior, como infecções urinárias, cervicite ou prostatite;
  • Infecções ou inflamações nas pernas, glúteos ou pés, causadas por foliculites, furúnculos ou, até, uma simples unha encravada;
  • Câncer de testículo, pênis, vulva, vagina ou reto, por exemplo;
  • Outras: doenças auto-imunes ou doenças sistêmicas.

Além disso, como este conjunto de linfonodos está próximo a uma região em que frequentemente há inflamações, pequenos cortes ou infecções, é comum que sejam notadas ínguas, mesmo sem que haja sintomas. 

3. Na axila

Os linfonodos axilares são responsáveis pela drenagem de toda a circulação linfática do braço, parede torácica e mama, portanto, quando estão aumentados, podem indicar:

  • Infecções da pele, como foliculite ou piodermite;
  • Infecções de próteses mamárias;
  • Estresse: o excesso de estresse pode prejudicar a produção de substâncias responsáveis ​​pelo combate a infecções, aumentando o risco de desenvolver doenças que causam inflamação dos gânglios;
  • Outras: câncer de mama ou doenças auto-imunes.

A região das axilas também está muito suscetível a sofrer irritações por produtos desodorantes ou de depilação, ou cortes devido ao uso à remoção dos pêlos, o que também pode ser causas de aumento de linfonodos. 

4. Em outras regiões

Outros regiões também podem apresentar gânglios linfáticos aumentados, entretanto, são menos comuns. Um exemplo é a região acima da clavícula, ou supraclavicular, pois não é um local comum para o surgimento de gânglios aumentados. Já na região anterior do braço, pode indicar infecções do antebraço e mão, ou doenças como linfoma, sarcoidose, tularemia, sífilis secundária.

5. Em vários locais do corpo

Algumas situações podem causar aumento de gânglios em diversos locais do corpo, tanto nas regiões mais expostas como em regiões mais profundas, como no abdômen ou tórax. Isto costuma acontecer devido a doenças que causam comprometimento sistêmico, ou generalizado, como HIV, tuberculose, mononucleose, citomegalovírus, leptospirose, sífilis, lúpus ou linfoma, por exemplo, além de uso de certos medicamentos, como Fenitoína.

Por isso, é necessária a realização de exames de imagem e de laboratório, assim como a consulta com o médico para que seja encontrada a origem da alteração e seja estabelecido um tratamento direcionado para diminuir o tamanho dos gânglios inflamados.

Quando os gânglios podem ser câncer?

É mais comum que a presença de gânglios inflamados seja um sinal de câncer quando os gânglios apresentam uma consistência dura, não se movimentam e não desaparecem ao fim de 30 dias.

Nesse caso deve-se ir ao médico para realizar exames e descartar as diferentes possibilidades de diagnóstico. Para fazer isso, o médico poderá solicitar exames mais específicos como ultrassom, exame de sangue CA 125 ou biópsia com aspiração, por exemplo, se houver suspeita de câncer logo nas primeiras consultas.

Características dos gânglios de acordo com a causa

Nesta tabela está um resumo das principais características dos gânglios, assim como alguns sintomas e exames que podem ser pedidos, de acordo com a causa que pode estar na origem:

CausasCaracterísticasExames que o médico pode pedir
Doença respiratóriaGânglios inchados no pescoço que não doem e que podem ser acompanhados de outros sintomas como dor de garganta, coriza ou tosse.Nem sempre é necessário.
Infecção dentáriaGânglios inchados no pescoço, que afetam apenas um lado, doloridos e que são acompanhados de dor de dente.Pode ser necessário raio X da face ou boca.
TuberculoseGânglios inchados no pescoço ou clavícula, inflamados, doloridos e podem conter pus.Teste da tuberculina e/ou biópsia dos linfonodos.
HIV (infecção recente)Vários gânglios inchados pelo corpo, febre, mal-estar, dor nas articulações. Mais frequente em pessoas com comportamentos de risco.Teste de HIV.
ISTGânglios inchados na virilha, dor ao urinar, corrimento vaginal ou na uretra, ferida na região íntima.Exames específicos de IST.
Infecção da peleCorte visível na região próxima do gânglio linfático aumentado.Exame de sangue para identificar anticorpos contra o micro-organismo infectante.
Lúpus Vários gânglios linfáticos inchados pelo corpo, dor nas articulações, feridas na pele, cor avermelhada nas bochechas (asas de borboleta).Exames de sangue.
Leucemia Gânglios inflamados no pescoço, nas axilas e atrás do osso do cotovelo. Cansaço, febre, marcas roxas na pele ou sangramento fácil. Pode ainda haver dor nos ossos, nas articulações, palidez e sonolência.Hemograma e/ou exame de medula óssea.

Uso de medicamentos (alopurinol, cefalosporinas, penicilina, sulfonamidas, atenolol, captopril, carbamazepina, fenitoína, pirimetamina ou quinidina)

Gânglios inflamados que surgem após uma infecção em que foi utilizado algum tipo de antibiótico.À critério médico.
ToxoplasmoseGânglios inchados no pescoço e axilas, coriza, febre, mal-estar, baço e fígado aumentados. Mais comum em pessoas que tiveram exposição às fezes de gatos.Exames de sangue.
Câncer Gânglios inchados, com ou sem dor, endurecidos, que não se move ao ser empurrado. Podem surgir outros sintomas como perda de peso sem causa aparente, cansaço excessivo e/ou alterações nas fezes ou urina.Exames de sangue específicos e/ ou biópsia.

As características que indicamos no quadro são as mais comum, mas podem não estar todas presentes, e somente o médico pode realizar o diagnóstico de qualquer doença, indicando a seguir o tratamento mais adequado para cada caso. 

Como curar as ínguas inflamadas 

Na maior parte dos casos as ínguas inflamadas são inofensivas e não representam um problema de saúde grave, sendo somente causada por vírus, que se curam espontaneamente em 3 ou 4 semanas, sem necessidade de tratamento específico. 

A linfadenopatia não tem um tratamento específico, estando sempre direcionado à sua causa. Os remédios como antibióticos e corticoides não devem ser usados sem orientação médica porque podem atrasar o diagnóstico de doenças graves. 

Quando é necessário procurar o médico

O gânglio aumentado, geralmente, é caracterizado por ter uma consistência fibro elástica e móvel, que mede poucos milímetros e pode ser doloroso ou não. Entretanto, pode apresentar algumas características que podem indicar doenças mais preocupantes, como linfoma, tuberculose ganglionar ou câncer. Essas características incluem:

  • Medir mais que 2,5 cm;
  • Ter consistência dura, aderida aos tecidos profundos e não se mover;
  • Persistir por mais de 30 dias;
  • Ser acompanhado de outros sintomas que não melhoram em 1 semana, como febre, suor noturno, perda de peso ou mal estar;
  • Estar localizados junto do cotovelo, por cima da clavícula ou em várias partes do corpo.

Nesta situações, deve-se procurar atendimento com clínico geral ou infectologista, para que sejam realizada a avaliação clínica, exame de ultrassom ou tomografia, além de exames de sangue que avaliam infecções ou inflamações pelo corpo. Quando a dúvida persiste, é possível, ainda, ser solicitada a biópsia do gânglio, que irá demonstrar se ele tem características benignas ou malignas, além de que se pode consultar o oncologista para que sejam avaliados os sinais e sintomas do gânglio inflamado.

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Escrito e atualizado por Manuel Reis - Enfermeiro, em fevereiro de 2022. Revisão médica por Dr. Gonzalo Ramirez - Psicólogo e Clínico Geral, em fevereiro de 2022.

Bibliografia

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Revisão médica:
Dr. Gonzalo Ramirez
Psicólogo e Clínico Geral
Clínico geral pela UPAEP com cédula profissional nº 12420918 e licenciado em Psicologia Clínica pela UDLAP nº 10101998.