Cura do HIV: quais os tratamentos sendo estudados

Atualizado em fevereiro 2022

Existem diversas pesquisas científicas em torno da cura da AIDS e ao longo dos anos surgiram vários avanços, incluindo a eliminação completa do vírus no sangue de algumas pessoas, sendo consideradas que estão aparentemente curadas do HIV, devendo ser acompanhadas periodicamente para confirmação da cura.

Apesar de já existirem alguns casos de cura, as pesquisas para a eliminação definitiva do vírus HIV ainda continuam, pois o tratamento que foi eficaz para uma pessoa pode não ser para outra, até porque o vírus é capaz de sofrer mutações facilmente, o que torna o tratamento mais difícil.

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Alguns avanços em relação a cura do HIV são:

1. Coquetel em apenas 1 remédio 

Para o tratamento do HIV é necessário o uso de 3 tipos de medicamentos diferentes diariamente. Um avanço nesse quesito foi a criação de um remédio 3 em 1, que junta os 3 medicamentos numa única cápsula.

Esse tratamento, porém, não consegue eliminar os vírus HIV do corpo, mas consegue diminuir muito a carga viral, deixando o HIV indetectável. Isso não representa a cura definitiva do HIV, porque o vírus ao perceber a atuação do medicamento se esconde em áreas onde a medicação não consegue entrar, como cérebro, ovários e testículos. Assim, quando a pessoa para de tomar os remédios contra o HIV, rapidamente ele volta a se multiplicar.

2. Combinação de cinco antirretrovirais, sal de ouro e nicotinamida

O tratamento com uma combinação de 7 substâncias diferentes tem tido mais resultados positivos porque atuam em conjunto eliminando o vírus HIV do corpo. Estas substâncias conseguem eliminar os vírus que existem no corpo, forçam os vírus que se esconderam em locais como cérebro, ovários e testículos a aparecer novamente, e forçam as células infectadas com o vírus ao suicídio.

Existem pesquisas em humanos sendo realizadas nesse sentido, mas os estudos ainda não foram concluídos. Apesar de terem eliminados muitos vírus remanescentes, não foi possível eliminar completamente os vírus HIV. Acredita-se que depois que isso for possível, ainda será preciso mais investigações porque cada pessoa pode precisar do seu próprio medicamento específico.

3. Tratamento com Vacina para soropositivos

Foi desenvolvida uma vacina terapêutica que ajuda o corpo a reconhecer as células infectadas com HIV que deve ser usada combinada com um medicamento chamado Vorinostat, que ativa as células que estão 'adormecidas' no corpo.

Numa pesquisa realizada no Reino Unido um paciente foi capaz de eliminar completamente o vírus HIV, mas os outros 49 participantes não tiveram o mesmo resultado e por isso são necessárias mais pesquisas sobre sua atuação até que se possa desenvolver um protocolo de tratamento que seja capaz de ser aplicado em todo o mundo. E por isso mais pesquisas serão realizadas nesse sentido nos próximos anos.

4. Tratamento com células-tronco

Um outro tratamento, com células-tronco também já foi capaz de eliminar o vírus HIV, mas como ele envolvia procedimentos muito complexos, não pode ser utilizado em larga escala porque este é um tratamento complicado e muito arriscado, pois cerca de 1 a cada 5 transplantados morre durante o procedimento.

Timothy Ray Brown foi o primeiro paciente que alcançou a cura da AIDS após ser submetido a um transplante de medula óssea para o tratamento de uma leucemia e depois do procedimento sua carga viral foi diminuindo cada vez mais até que os últimos exames confirmaram que atualmente ele é HIV negativo e pode-se dizer que ele é o primeiro homem a ser curado da AIDS em todo o mundo.

Timothy recebeu células-tronco de um homem que possuía uma mutação genética que somente cerca de 1% da população do norte da Europa possui: A ausência do receptor CCR5, que o torna naturalmente resistente ao vírus HIV. Isto fez com que o paciente não produzisse mais células infectadas pelo HIV e, com o tratamento, as células que já estavam infectadas foram eliminadas.

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5. Uso da PEP

A profilaxia pós exposição, também chamada de PEP, é um tipo de tratamento que consiste no uso de medicamentos logo após o comportamento de risco, onde a pessoa pode ter sido infectada. Como nesse período imediato após o comportamento ainda existem poucos vírus circulantes no sangue, existe a possibilidade de 'cura'. Isto é, teoricamente a pessoa foi contaminada com o vírus HIV mas recebeu o tratamento cedo e este foi suficiente para eliminar completamente o HIV.  

É importante que o uso desse medicamentos seja feito nas duas primeiras horas após a exposição, pois assim há maior eficácia. Mesmo assim, é importante que sejam feitos exames para detecção do vírus HIV 30 e 90 dias após a relação sexual desprotegida.

Esse medicamento diminui em 100% as chances de ser contaminado por via sexual e em 70% através do uso de seringas compartilhadas. No entanto seu uso não exclui a necessidade de usar camisinha em todo contato íntimo, nem exclui as outras formas de prevenção do HIV.

Saiba mais sobre o PEP e como funciona.

6. Terapia genética e nanotecnologia

Uma outra possível forma de curar o HIV é através da terapia genética, que consiste em modificar a estrutura dos vírus presentes no corpo, de forma que impeça a sua multiplicação. A nanotecnologia também pode ser útil e corresponde a uma técnica na qual é possível colocar todos os mecanismos de combate ao vírus em apenas 1 cápsula, que deve ser tomada pelo paciente durante alguns meses, sendo um tratamento mais eficiente e com menos efeitos nocivos.

Porque a AIDS ainda não tem cura

A AIDS é uma doença grave que ainda não tem uma cura definitiva, mas existem tratamentos que conseguem diminuir muito a carga viral e prolongar a vida do soropositivo, melhorando a qualidade de vida da pessoa. 

Atualmente o tratamento da infecção pelo HIV em larga escala é feito com o uso de um coquetel de medicamentos, que apesar de não conseguir eliminar completamente o vírus HIV do sangue, consegue aumentar a expectativa de vida da pessoa. Saiba mais sobre este coquetel em: Tratamento da AIDS.

A cura definitiva para AIDS ainda não foi descoberta, no entanto está próxima, sendo importante que os pacientes que foram considerados curados da doença sejam acompanhados periodicamente para verificar como o sistema imune está reagindo e se há qualquer sinal que seja indicativo da presença do vírus HIV.

Acredita-se que a eliminação do vírus HIV pode estar relacionada a ativação correta do sistema imune e pode surgir quando o corpo da pessoa for capaz de identificar o vírus e todas as suas mutações, podendo eliminá-los completamente, ou através de novas tecnologias que não estão voltadas exatamente para estimular o sistema imune, como é o caso da terapia genética e da nanotecnologia, que atuam de formas diferentes.