O bypass gástrico, também conhecido por bypass em Y de Roux, é um tipo de cirurgia bariátrica que reduz o tamanho do estômago e altera o local de ligação com o intestino. Essas alterações levam a pessoa a comer menos, além de diminuir a quantidade de calorias absorvidas pelo intestino, causando uma perda de até 80% do peso inicial.
Esse tipo de cirurgia geralmente é indicada para pessoas com IMC acima de 35 kg/m², quando a pessoa tem problemas de saúde associados. Entretanto, atualmente no Brasil, essa cirurgia também pode ser indicada para pessoas com IMC entre 30 kg/m² e 35 kg/m².
A cirurgia de bypass gástrico é um dos tipos de cirurgia bariátrica mais comumente realizados pelo gastroenterologista e pode ser feita no SUS de forma gratuita. Confira outros tipos de cirurgia bariátrica.
Assista ao vídeo seguinte e confira mais sobre o bypass gástrico:
Cirurgia Bariátrica: melhor solução para emagrecer?
08:09 | 77.468 visualizaçõesQuando fazer o bypass
O bypass gástrico é indicado para o tratamento da obesidade quando a pessoa apresenta:
- IMC é igual a 40 kg/m² ou superior, com ou sem outras doenças associadas;
- IMC entre 35 kg/m² e 40 kg/m², com doenças associadas como diabetes, pressão alta ou apneia, por exemplo;
- IMC entre 30 e 35 kg/m, na presença de problemas de saúde como diabetes tipo 2, doença cardiovascular grave com lesão, doença renal crônica precoce devido a diabetes tipo 2, apneia grave, esteatose hepática com fibrose, doenças com indicação de transplante, refluxo com indicação de cirurgia ou osteoartrose grave.
Além disso, o Conselho Federal de Medicina do Brasil também indica o bypass para adolescentes a partir de 14 anos com IMC maior que 40kg/m², e que apresentem complicações que causem risco de vida, de acordo com a avaliação dos médicos e o consentimento dos responsáveis.
Se está na dúvida se o bypass pode ser uma solução para você, consulte um cirurgião bariátrico para esclarecer todas suas dúvidas:
Como é feita a cirurgia
O bypass gástrico em Y de Roux é uma cirurgia complexa que é realizada pelo gastroenterologista, com anestesia geral e que demora, em média, 2 horas.
Essa cirurgia pode ser feita da forma convencional em que o cirurgião faz um corte grande no abdômen ou por videolaparoscopia, em que são feitos 4 a 6 cortes pequenos no abdômen, que permitem a passagem de uma microcâmera, que permite o cirurgião visualizar o interior do abdômen, e dos instrumentos cirúrgicos, que são comandados pelo médico.
Durante o bypass gástrico, o cirurgião segue alguns passos que incluem:
- Cortar o estômago e o intestino: é feito um corte no estômago junto ao esôfago que o divide em duas partes, uma porção muito pequena, em forma de bolsa e, uma porção grande, que perde grande parte da sua função, deixando de armazenar alimentos. Além disso, também é feito um corte na primeira parte do intestino, chamado jejuno;
- Unir uma porção do intestino ao estômago menor: cria-se uma passagem em forma de tubo que leva os alimentos do estômago menor para o intestino;
- Unir o intestino que ficou ligado à parte grande do estômago ao tubo criado anteriormente: esta ligação permite que os alimentos, que vêm do estômago menor, se misturem com as enzimas digestivas, ocorrendo a digestão.
Geralmente, a videolaparoscopia é a técnica mais usada para o bypass gástrico pois permite uma recuperação mais rápida e diminui o risco de infecções. Confira todas as vantagens da videolaparoscopia.
Como é a recuperação
Os primeiros 2 ou 3 dias de recuperação são feitos em internação no hospital, com acompanhamento do cirurgião, do anestesista e do enfermeiro.
Neste período, é administrado soro na veia para hidratar e dar energia ao corpo para se recuperar, remédios analgésicos, caso a pessoa sinta dor, e os curativos na barriga que protegem as cicatrizes contra infecções serão trocados pelo enfermeiro sempre que houver necessidade.
Nos dois primeiros dias após a cirurgia, não é permitida alimentação, e após esse período já é possível começar uma dieta líquida, incluindo água e chás, conforme orientação do médico.
Essa alimentação evolui gradualmente para alimentos mais pastosos ou sólidos à medida que a pessoa vai se recuperando e o corpo se ajustando aos novos padrões alimentares, o que pode levar cerca de três meses após a cirurgia. Saiba mais sobre a alimentação após o bypass gástrico.
Cuidados em casa
Após a alta hospitalar, alguns cuidados que devem ser seguidos em casa para ajudar na recuperação são:
- Tomar os remédios nos horários certos conforme indicado pelo médico;
- Trocar o curativo no posto de saúde uma semana após a cirurgia;
- Seguir a dieta indicada pelo nutricionista, que vai-se alterando ao longo das semanas;
- Beber líquidos para hidratar o corpo, nas quantidades recomendadas pelo médico, esperando cerca de 30 minutos após uma refeição para beber líquidos e evitar beber 30 minutos antes de uma refeição;
- Comer e beber em pequenas porções e devagar para evitar náuseas, vômitos, diarreia ou tontura;
- Evitar bebidas alcoólicas ou que contenham cafeína, como café, chá preto ou chá verde;
- Tomar os suplementos indicados pelo médico, como ferro, cálcio ou vitamina B12;
- Tomar medicamentos inibidores da produção de ácido, como omeprazol, antes das refeições para proteger o estômago, segundo indicação médica;
- Levantar e fazer pequenas caminhadas de hora em hora para evitar a formação de coágulos nas pernas. No entanto, deve-se evitar caminhadas longas e carregar pesos;
- Evitar dirigir nas 6 primeiras semanas após a cirurgia e ter cuidado para não colocar o cinto de segurança sobre a cicatriz;
- Evitar esforços nas primeiras 6 semanas após a cirurgia.
A recuperação do bypass gástrico é lenta e pode demorar entre 6 meses a 1 ano, sendo a perda de peso maior nos primeiros 3 meses.
Os resultados desta cirurgia vão surgindo com o passar das semanas, no entanto, pode ser necessário fazer uma cirurgia estética, como abdominoplastia, entre 1 a 2 anos após para remover o excesso de pele.
Vantagens e desvantagens do bypass gástrico
A cirurgia de bypass gástrico possui vantagens e desvantagens, como:
É importante conversar com o médico antes da cirurgia e esclarecer todas as dúvidas sobre suas vantagens e desvantagens, assim como outras opções terapêuticas e métodos cirúrgicos para o tratamento da obesidade. Veja os principais tratamentos para a obesidade.
Possíveis riscos
Alguns riscos que podem ocorrer, principalmente se a pessoa comer muito ou pouco, ou consumir alimentos não indicados são:
- Infecção no local da cicatriz;
- Obstrução temporária do intestino;
- Sangramento ou infecção na cavidade abdominal;
- Síndrome de Dumping com sintomas como náuseas, cólicas intestinais, desmaios e diarreia;
- Desidratação por não ingerir a quantidade de líquidos recomendadas pelo médico;
- Prisão de ventre devido a falta de atividade física e baixa ingestão de fibras ou líquidos;
- Anemia crônica, principalmente pela má absorção de vitamina B12 pelo estômago.
É importante fazer o acompanhamento médico após a cirurgia de bypass, realizando os exames solicitados pelo médico para avaliar a saúde e evitar o risco de complicações.
Diferença ente bypass e sleeve
No bypass gástrico, o tamanho do estômago é reduzido e é feita uma ligação direta do estômago com o intestino delgado, para reduzir a quantidade de alimento ingerida e sua absorção.
Já o sleeve gástrico, é uma cirurgia onde o médico retira uma grande parte do estômago permitindo que a pessoa coma menos e emagreça, mas não altera o intestino, não diminuindo a absorção dos alimentos. Saiba mais sobre o sleeve gástrico e suas vantagens.