Anticorpo: o que é, para que serve e tipos

Atualizado em julho 2022

Os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico como resposta a um agente invasor do organismo, seja ele um agente infeccioso, célula tumoral ou substância capaz de desencadear uma resposta alérgica.

Os anticorpos, também chamados de Ac ou imunoglobulinas (Ig), possuem formato de Y, sendo constituídos bioquimicamente por cadeias leves e pesadas formadas por aminoácidos e que são ligadas por pontes dissulfeto.

De acordo com a quantidade de pontes (ligações químicas) presentes, é possível classificar os anticorpos em alguns tipos, que podem estar presentes em mucosas, serem transmitidos durante o aleitamento ou na gravidez, ou serem produzidos como consequência de estímulos alergênicos ou infecciosos.

Imagem ilustrativa número 1

Para que servem

Os anticorpos têm como principal função proteger o organismo contra agentes invasores, sejam eles microrganismos, células tumorais ou substâncias capazes de desencadear resposta alérgica. Para isso, os anticorpos podem desempenhar sua atividade de três formas diferentes:

  • Neutralização, em que os anticorpos impedem a entrada do agente infeccioso nas células, evitando o desenvolvimento de doença;
  • Opsonização, em que os anticorpos recobre o agente invasor e estimulam os macrófagos com o objetivo de eliminar o corpo estranho;
  • Lise, que os anticorpos promovem a destruição direta do agente invasor por meio da ativação de vias alternativas de destruição do patógeno.

Dessa forma, os anticorpos desempenham um papel essencial na imunidade e no combate a doenças.

Tipos de anticorpos

De acordo com as características estruturais, função e local em que estão presentes, os anticorpos, também chamados de imunoglobulinas ou Ig, pode ser classificadas em alguns tipos, sendo os principais:

Imunoglobulinas Características
IgA Protege o intestino, trato respiratório e urogenital de infecções e podem ser obtidos por meio da amamentação, em que o anticorpo é transmitido da mãe para o bebê
IgD É expressa juntamente com a IgM durante a fase aguda de infecções, no entanto sua função ainda é pouco esclarecida
IgE É expressa durante reações alérgicas
IgM É produzida na fase aguda da infecção e é responsável pela ativação do sistema complemento, que é um sistema formado por proteínas responsáveis por facilitar a eliminação do microrganismo invasor
IgG É o tipo de anticorpo mais comum no plasma, é considerado o anticorpo de memória e protege o recém-nascido, já que consegue atravessar a barreira placentária

Além disso, existem os autoanticorpos, que são aqueles produzidos pelo sistema imune e que atuam contra proteínas produzidas pelo próprio organismo, sendo principalmente observada a sua presença no caso de doenças autoimunes.

Anticorpos neutralizantes

O anticorpo neutralizante é aquele que atua em uma parte do agente infeccioso, por exemplo, neutralizando a sua atividade. Por exemplo, no caso da COVID-19, para que exista infecção, é preciso que a proteína presente na superfície do vírus entre em contato com a superfície das células humanas. Assim, para evitar que exista infecção, o anticorpo neutralizante pode atuar diretamente na proteína de superfície viral, impedindo a entrada do vírus na célula e o desenvolvimento de infecção.

Anticorpos monoclonais

Anticorpos monoclonais são anticorpos produzidos em laboratório específico para apenas uma região específica do antígeno, atuando de forma mais específica e combatendo o antígeno de maneira mais eficaz. Os anticorpos monoclonais podem ser utilizados amplamente no diagnóstico de doenças ou no tratamento, sendo uma das opções de tratamento considerada para o câncer. Conheça mais sobre os anticorpos monoclonais.

Qual a diferença entre antígeno e anticorpo?

Apesar dos antígenos e anticorpos fazerem parte da resposta imunológica, são proteínas com origens e funções diferentes. Os antígenos são proteínas presentes na superfície dos microrganismos, enquanto que os anticorpos são proteínas que são produzidas em resposta ao agente infeccioso.

Assim, na presença de um agente invasor, o sistema imunológico realiza o reconhecimento desse agente através dos antígenos e, em seguida, é coordenada a produção de proteínas de defesa específica contra aquele agente infeccioso, os anticorpos.

Como os anticorpos são formados

Os anticorpos são proteínas produzidas pelos linfócitos B após a identificação o agente estranho, o que pode acontecer durante uma infecção ou gestação, em que o organismo do bebê, ao entrar em contato com o organismo da mãe, passa a produzir anticorpos. Dessa forma, assim que é notada a presença de um corpo estranho, os linfócitos B coordenam a produção de anticorpos afim de inibir a multiplicação e/ou a atividade de toxinas produzidas pelo agente invasor, por exemplo, protegendo o organismo.

Além disso, algumas vacinas são produzidas com o vírus inativo ou atenuado, de forma que é possível estimular uma resposta imune e levar à produção de anticorpos pelos linfócitos B. Outra forma de se obter os anticorpos é através da amamentação, em que os anticorpos presentes na circulação materna são transmitidos para o bebê.

Dependendo da forma como os anticorpos são obtidos, é possível classificar a imunização em dois grupos principais: a imunização ativa, que acontece de forma natural, ou passiva, que acontece de forma artificial, como é o caso das vacinas. Saiba mais sobre os tipos de imunização e como funciona o sistema imune.

Anticorpos COVID-19

Os anticorpos para a COVID-19 podem ser produzidos após a infecção ou serem adquiridos por meio da imunização. Assim, ao ser realizada a dosagem de anticorpos, principalmente IgG ou IgM, é possível saber se a pessoa está infectada ou não e, em caso positivo, se corresponde a uma infecção recente ou passada.

De forma geral, no caso da COVID-19, os níveis de IgM e IgG começam a aumentar assim que acontece a infecção, no entanto, os níveis começam a ser detectados no exame a partir do 7º dia da infecção e o pico máximo de sensibilidade é entre o dia 14 e 21, após o início das manifestações clínicas. Em seguida, após 1 a 2 meses da infecção pelo SARS-CoV-2, é possível notar diminuição da concentração de IgM para COVID-19, enquanto que o IgG permanece elevado. Veja mais sobre o IgG e o IgM.