6 tratamentos para epilepsia (cuidados e cura)

O tratamento para epilepsia é feito com o uso de remédios anticonvulsivantes, como carbamazepina, ácido valproico ou fenitoína, por exemplo, pois ajudam a controlar os impulsos nervosos no cérebro, controlando ou diminuindo a frequência e a intensidade das crises epiléticas.

Além disso, quando somente os remédios não são suficientes para prevenir as crises epilépticas, o médico pode recomendar outros tratamentos, como uso do canabidiol, eletroestimulação e até com cirurgia ao cérebro, de acordo com a intensidade das crises de cada pessoa.

O tratamento da epilepsia deve ser feito com orientação do neurologista e pode variar de acordo com o tipo de epilepsia, gravidade da doença, frequências das crises epilépticas, idade ou, no caso de mulheres, gravidez.

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6 tratamentos para epilepsia

Os principais tratamentos para epilepsia são:

1. Remédios anticonvulsivantes

O uso de remédios anticonvulsivantes, também chamados de antiepilépticos, geralmente, é a primeira opção de tratamento para epilepsia para controlar ou evitar as crises epilépticas, já que provocam modificações nos níveis de neurotransmissores no cérebro.

Os principais remédios anticonvulsivantes que podem ser indicados pelo neurologista e que são disponibilizados gratuitamente pelo SUS são:

Remédio antiepiléptico Dose inicial
Carbamazepina

Adultos: 200 mg por dia;

Crianças de 6 a 12 anos: 100 mg por dia;

Crianças com menos de 6 anos: 5 a 10 mg/kg/dia.

Ácido valproico  Adultos. 250 mg por dia.
Fenitoína Adultos: 100 mg por dia.
Fenobarbital Adultos: 50 mg por dia.
Clobazam Adultos e adolescentes acima de 15 anos de idade: 5 a 15 mg por dia.
Clonazepam Adultos: 1,5 mg por dia, dividida em três doses.
Etossuximida

Adultos: 10 mL do xarope por dia, dividido em 2 doses;

Crianças de 3 a 6 anos: 5 mL do xarope por dia, em doses divididas

Gabapentina Adultos: 15 mg/kg/dia ou no máximo de 300 mg por dia
Topiramato Adultos: 25 mg por dia.
Lamotrigina Adultos: 25 mg por dia por 2 semanas, seguido de 50 mg por dia por mais 2 semanas
Primidona Adultos e crianças com mais de 8 anos: 100 a 125 mg uma vez por dia durante os três primeiros dias.
Levetiracetam Adultos e adolescentes com mais de 16 anos (como monoterapia): 250mg duas vezes por dia.
Vigabatrina Adultos: 500 mg por dia.

As doses dos anticonvulsivantes deve, sempre ser orientadas pelo neurologista, que pode aumentar a dose de acordo com a resposta ao tratamento, podendo em alguns casos, associar um ou dois medicamentos diferentes, por exemplo.

Além disso, outros anticonvulsivantes que podem ser indicados são nitrazepam, oxcarbazepina, lacosamida ou zonisamida, por exemplo.

Embora possuam bons resultados, o uso contínuo destes medicamentos pode causar alguns efeitos colaterais como cansaço, perda de densidade óssea, problemas de fala, alteração da memória e, até, depressão. Dessa forma, quando existem poucas crises durante 2 anos, o médico pode interromper o uso do medicamento.

2. Dieta cetogênica

A dieta cetogênica para epilepsia é baseada em uma alimentação rica em gorduras, com quantidade moderada de proteínas e com baixo teor de carboidratos.

Essa composição alimentar faz com que o organismo entre em estado de cetose, o que faz o cérebro utilizar corpos cetônicos como principal combustível para suas células, controlando as crises epilépticas.

Existem dois tipos de dieta que podem ser indicados:

  • Dieta Cetogênica Clássica: 90% das calorias vêm de gorduras como manteiga, óleos, creme de leite e azeite, e os outros 10% vêm de proteínas como carnes e ovos, e de carboidratos como frutas e legumes.
  • Dieta Atkins modificada: 60% das calorias vêm de gorduras, 30% de alimentos ricos em proteínas e 10% de carboidratos.

A dieta cetogênica é indicada para casos de epilepsia refratária, que é a forma da doença de difícil controle, e deve ser seguida por cerca de 2 a 3 anos, quando pode-se iniciar tentativas de introduzir uma dieta comum, verificando o reaparecimento das crises. Entenda como deve ser feita a dieta cetogênica.

Assista o video a seguir com a nutricionista Tatiana Zanin com dicas cardápio para dieta cetogênica:

3. Canabidiol

O canabidiol (CBD) pode ser indicado nos casos de epilepsia refratária, que não melhora com o uso de remédios, pois age no cérebro no sistema endocanabinoide, reduzindo as crises epilépticas.

Esse remédio é aprovado pela Anvisa para crianças e adolescentes, sendo um derivado da planta Cannabis sativa, sendo encontrado na forma de solução oral de 200 mg/mL, sendo fornecido gratuitamente pelo SUS, desde que se tenha indicação médica.

O uso do canabidiol também tem sido estudado com alternativa ao tratamento de estimulação do nervo vago. Saiba como usar o canabidiol.

Leia também: Óleo de canabidiol (CBD): o que é, benefícios e como funciona tuasaude.com/oleo-de-canabidiol

4. Estimulação do nervo vago

A estimulação do nervo vago pode ser utilizada como um substituto do tratamento medicamentoso, mas também pode ser feita como complemento do uso de remédios, quando a redução das crises ainda não é suficiente.

Neste método de tratamento, um pequeno aparelho, semelhante a um marcapasso, é colocado por baixo da pele, na região do peito, e fio são colocados até ao nervo vago que passa pelo pescoço.

A corrente elétrica que passa pelo nervo pode ajudar a aliviar até 40% a intensidades das crises de epilepsia, mas também pode provocar alguns efeitos colaterais como dor de garganta ou sensação de falta de ar, por exemplo.

5. Cirurgia cerebral

A cirurgia normalmente só é feita quando nenhuma outra técnica de tratamento foi suficiente para diminuir a frequência ou a intensidade das crises. 

Neste tipo de cirurgia, o neurocirurgião pode:

  • Retirar a parte afetada do cérebro: desde que seja uma parte pequena e que não afete o funcionamento global do cérebro;
  • Fazer implantação de eletrodos no cérebro: ajudam a regular os impulsos elétricos, especialmente após o início de uma crise.

Embora na maioria das vezes seja necessário manter o uso de medicamentos após a cirurgia, as doses normalmente podem ser diminuídas, o que também reduz as chances de sofrer com efeitos colaterais.

6. Atividade física

A atividade física pode ajudar a promover o bem estar e a socialização, sendo indicada para pessoas com crises epilépticas controladas, e só devem ser feitas se liberadas pelo neurologista.

No entanto, algumas atividades físicas são contraindicadas, como paraquedismo, alpinismo, mergulho submarino, asa delta ou natação ou ciclismo para crianças com crises de ausência não controladas.

Leia também: Crise de ausência: o que é, sintomas, causas, tipos e tratamento tuasaude.com/como-identificar-e-tratar-a-crise-de-ausencia

É importante sempre comunicar ao profissional de educação física que se tem epilepsia, que está sendo feito o tratamento e que as crises estão controladas, e o que fazer caso surja uma crise epiléptica. Veja como devem ser os primeiros socorros durante uma crise de epilepsia.

Como é feito o tratamento na gravidez

O tratamento para epilepsia na gravidez com medicamentos deve ser evitado, pois os anticonvulsivantes podem provocar alterações no desenvolvimento do bebê e malformações.

As mulheres que têm crises de epilepsia regulares e necessitam de medicação para as controlar devem aconselhar-se com o seu médico neurologista e alterar a medicação para remédios que não tenham tantos efeitos colaterais no bebê.

Devem também tomar 5 mg de ácido fólico antes e durante a gestação e a vitamina K deve ser administrada no último mês da gravidez.

Uma forma de controlar as crises convulsivas na gravidez é evitar os fatores que causem epilepsia na mulher e utilizar técnicas de relaxamento para evitar o estresse.

Cuidados durante o tratamento

Alguns cuidados são recomendados no dia a dia para pessoas com epilepsia, como:

  • Tomar os remédios nos horários recomendados pelo médico;
  • Fazer consultas médicas regularmente e os exames recomendados pelo médico;
  • Identificar o que pode causar as convulsões, anotando em um diário as rotinas do dia a dia, para que se possa evitar as situações que ocasionam as crises;
  • Fazer exercícios físicos regularmente, indicados pelo médico.

Além disso, é importante manter na carteira ou bolsa, um cartão com identificação de que possui epilepsia e informações sobre contatos para emergências. 

As pessoas com epilepsia podem ter podem ter uma vida normal, desde que sigam as orientações médicas para evitar as crises epiléticas e complicações da epilepsia.

Quem tem epilepsia o que não pode comer

A pessoa com epilepsia que esteja seguindo a dieta cetogênica, conforme orientação do nutricionista ou nutrólogo deve evitar carboidratos, como pães, bolos, massas e arroz, por exemplo.

É importante sempre observar a lista de ingredientes dos alimentos e evitar produtos que contenham os seguintes termos, que também são açúcares: dextrose, lactose, sucrose, glucose, sorbitol, galactose, manitol, frutose e maltose.

Além disso, suplementos vitamínicos e medicamentos que o paciente utilize também devem ser livres de açúcar.

Epilepsia tem cura?

A epilepsia não tem cura definitiva, mas pode ser controlada com o tratamento indicado pelo médico para controlar a atividade cerebral e evitar novas crises convulsivas.

A epilepsia é causada por um descontrole dos impulsos elétricos dos neurônios e os sinais químicos cerebrais, levando ao surgimento de sintomas como convulsões, movimentos descontrolados do corpo, podendo levar até a perda de consciência. Saiba identificar todos os sintomas da epilepsia.

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