A Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide, também conhecida como síndrome de Hughes ou apenas SAF ou SAAF, é uma doença autoimune rara caracterizada pela facilidade em formar trombos nas veias e artérias que interferem na coagulação sanguínea, podendo resultar em dor de cabeça, dificuldade para respirar e ataque cardíaco, por exemplo.
De acordo com a causa, a SAF pode ser classificada em três tipos principais:
- Primária, em que não há causa específica;
- Secundária, que acontece como consequência de outra doença, sendo normalmente relacionada com o Lúpus Eritematoso Sistêmico. A SAF secundária também pode acontecer, apesar de ser mais raro, associada a outras doenças autoimunes, como esclerodermia e artrite reumatoide, por exemplo;
- Catastrófica, que é o tipo mais grave de SAF no qual há formação de trombos em pelo menos 3 locais diferentes em menos de 1 semana.
A SAF pode acontecer em qualquer idade e em ambos os sexos, no entanto é mais frequente em mulheres entre os 20 e 50 anos. O tratamento deve ser estabelecido pelo clínico geral ou reumatologista e tem como objetivo prevenir a formação de trombos e evitar complicações, principalmente quando a mulher está grávida.

Principais sinais e sintomas
Os principais sinais e sintomas da SAF estão relacionados às alterações no processo de coagulação e à ocorrência de trombose, sendo os principais:
- Dor no peito;
- Dificuldade para respirar;
- Dor de cabeça;
- Náusea;
- Inchaço dos membros superiores ou inferiores;
- Diminuição da quantidade de plaquetas;
- Abortamentos espontâneos sucessivos ou alterações na placenta, sem causa aparente.
Além disso, as pessoas diagnosticadas com SAF têm maior chance de ter problemas nos rins, ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral, por exemplo, devido à formação de trombos que interferem na circulação sanguínea, alterando a quantidade de sangue que chega nos órgãos. Entenda o que é a trombose.
O que causa a síndrome
A Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide é uma condição autoimune, o que significa que o próprio sistema imune ataca as células do corpo. Neste caso, o organismo produz anticorpos antifosfolipides que atacam as os fosfolipídeos presentes nas células de gordura, o que faz com que o sangue tenha maior facilidade para coagular e formar trombos.
Ainda não se sabe a razão específica que leva o sistema imune a produzir este tipo de anticorpos, mas sabe-se que é uma condição mais frequente em pessoas com outras doenças autoimunes, como Lúpus, por exemplo.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico da Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide é definido pela presença de pelo menos um critério clínico e outro laboratorial, ou seja, pela presença de um sintoma da doença e pela detecção de pelo menos um autoanticorpo no sangue.
Dentre os critérios clínicos considerados pelo médico estão episódios de trombose arterial ou venosa, ocorrência de aborto, parto prematuro, doenças autoimunes e presença de fatores de riscos para trombose. Esses critérios clínicos devem ser comprovados por meio de exames de imagem ou de laboratório.
Em relação ao critérios laboratoriais estão a presença de pelo menos um tipo de anticorpo antifosfolípide, como:
- Anticoagulante lúpico (AL);
- Anticardiolipina;
- Anti beta2-glicoproteína 1.
Estes anticorpos devem ser avaliado em dois momentos diferentes, com um intervalo de pelo menos 2 meses.
Para que o diagnóstico seja positivo para SAF, é preciso que ambos os critérios sejam comprovados por meio de exames realizados duas vezes com um intervalo de pelo menos 3 meses.

Como é feito o tratamento
Embora não exista um tratamento capaz de curar a SAF, é possível reduzir o risco de formação de coágulos e, consequentemente, o surgimento de complicações como trombose ou infarto, através do uso frequente de medicamentos anticoagulantes, como a Varfarina, que é de uso oral, ou a Heparina, que é de uso intravenoso.
Na maior parte das vezes, pessoas com SAF que estão fazendo o tratamento com anticoagulantes conseguem ter uma vida completamente normal, sendo apenas importante manter consultas regulares com o médico para adequar as doses dos medicamentos, sempre que necessário.
Porém, para garantir o sucesso do tratamento, é ainda importante evitar alguns comportamentos que possam prejudicar o efeitos dos anticoagulantes, como é o caso da ingestão de alimentos com vitamina K, como o espinafre, a couve ou o brócolis, por exemplo. Confira outros cuidados que deve ter ao usar anticoagulantes.
Tratamento durante a gravidez
Em alguns casos mais específicos, como durante a gravidez, o médico pode recomendar que o tratamento seja feito com Heparina injetável associada a Aspirina ou a uma Imunoglobulina intravenosa, para prevenir a ocorrência de complicações como o aborto, por exemplo.
Com o tratamento adequado, existem grandes chances de a grávida com SAF ter uma gestação normal, no entanto é preciso que seja acompanhada de perto pelo obstetra, uma vez que apresenta maior risco de aborto, parto prematuro ou pré-eclâmpsia. Saiba como reconhecer os sintomas de pré-eclâmpsia.