Exames na gravidez: quais precisa fazer (e complementares)

Atualizado em janeiro 2023

Os exames na gravidez ajudam a avaliar a saúde da mulher e o desenvolvimento do bebê, sendo recomendado que seja feito hemograma, tipo sanguíneo, glicose em jejum, exame de urina e de fezes, exames para infecções, exame ginecológico e ultrassom.

Além disso, em todas as consultas do pré natal é avaliado o peso da gestante, a pressão arterial e a circunferência abdominal, além de também poder ser indicado outros exames para avaliar o risco da gravidez, principalmente quando a mulher tem mais de 35 anos, como perfil bioquímico, cardiotocografia e cordocentese.

Normalmente, são realizados mais exames no primeiro trimestre de gravidez, já que é fundamental acompanhar a saúde da mulher nas primeiras semanas de gestação. A partir do segundo trimestre de gravidez, são solicitados menos exames, sendo mais direcionados para o acompanhamento do desenvolvimento do bebê.

Imagem ilustrativa número 1

Principais exames na gravidez

Os principais exames que devem ser realizados na gravidez são:

1. Hemograma

O hemograma tem como objetivo fornecer informações sobre as células sanguíneas da mulher, como as hemácias e as plaquetas, além das células de defesa do organismo que também são identificados nesse exame, os leucócitos. Assim, a partir do hemograma, o médico pode verificar se há infecções acontecendo e se há sinais de anemia, por exemplo, podendo ser indicado o uso de suplementos.

2. Tipo sanguíneo e fator Rh

Este exame de sangue serve para verificar o grupo sanguíneo da mãe e o fator Rh, se é positivo ou negativo. Se a mãe tem fator Rh negativo e o bebê fator Rh positivo que herdou do pai, quando o sangue do bebê entrar em contato com o da mãe, o sistema imune da mãe irá produzir anticorpos contra ele, podendo causar, em uma 2ª gravidez, doença hemolítica do recém nascido.

Por isso, é importante que esse exame seja feito logo no primeiro trimestre da gestação, pois, caso haja necessidade, podem ser tomadas medidas de precaução para evitar uma resposta imunológica exagerada.

3. Glicose em jejum

A glicose em jejum é importante para verificar se há risco de desenvolvimento de diabetes gestacional, sendo importante que seja feito tanto no primeiro quanto no segundo trimestre de gestação, e para acompanhar o tratamento e o controle da diabetes, por exemplo, caso a mulher já tenha sido diagnosticada.

Além disso, entre a 24ª e a 28ª semana de gestação, o médico pode indicar a realização do exame TOTG, também conhecido como teste oral de tolerância à glicose ou exame da curva glicêmica, que é um exame mais específico para o diagnóstico de diabetes gestacional. Entenda como é feito o TOTG.

4. Exames para identificar infecções

Algumas infecções por vírus, parasitas ou bactérias podem ser transmitidas para o bebê durante o parto ou interferirem no seu desenvolvimento, já que em alguns casos podem atravessar a placenta.

Além disso, no caso da mulher ser portadora de alguma doença infectocontagiosa crônica, como o HIV, por exemplo, é importante que o médico faça o acompanhamento frequente do vírus no organismo e ajuste nas doses dos medicamentos, por exemplo.

Assim, as principais infecções que devem ser avaliadas nos exames durante a gravidez são:

  • Sífilis, que é causada pela bactéria Treponema pallidum, que pode ser transmitida para o bebê durante a gestação ou no momento do parto, resultando na sífilis congênita, que pode ser caracterizada por surdez, cegueira ou problemas neurológicos no bebê. O exame para sífilis é conhecido como VDRL e deve ser feito no primeiro e no segundo trimestre de gravidez, além de que é importante que a mulher realize o tratamento corretamente para evitar a transmissão para o bebê;
  • HIV, que pode causar a Síndrome da Imunodeficiência Humana, a AIDS, e que pode ser passado para o bebê durante o parto. Por isso, é importante que a mulher seja diagnosticada, a carga viral seja verificada e o tratamento seja ajustado.
  • Rubéola, que é uma doença causada por vírus da família Rubivirus e que quando adquirida durante a gravidez pode resultar em malformações do bebê, surdez, alteração nos olhos ou microcefalia, sendo importante que sejam realizados exames para identificação do vírus durante a gravidez;
  • Citomegalovírus, assim como a rubéola, a infecção pelo citomegalovírus pode trazer consequências para o desenvolvimento do bebê, o que pode acontecer quando a mulher não tem o tratamento iniciado e o vírus consegue passar para o bebê através da placenta ou durante o parto. Por isso, é importante que seja feito exame para identificação da infecção pelo citomegalovírus durante a gravidez;
  • Toxoplasmose, é uma doença infecciosa causada por um parasita que pode representar riscos graves para o bebê quando a infecção acontece no último trimestre de gravidez e, por isso, é importante que a mulher tenha cuidados para evitar a infecção, bem como realize o exame para iniciar o tratamento e prevenir complicações. Saiba mais sobre a toxoplasmose na gravidez;
  • Hepatite B e C, que são doenças infeciosas causadas por vírus que também podem ser transmitidas para o bebê, podendo provocar parto prematuro ou bebê de baixo peso.

Esses exames devem ser feitos no primeiro trimestre e repetidos no segundo e/ou no terceiro trimestre de gestação, de acordo com a orientação do obstetra.

Além disso, no terceiro trimestre de gestação, entre a 35ª e a 37ª semana de gestação, é importante que a mulher faça o exame para pesquisa do estreptococo do grupo B, o Streptococcus agalactiae, que uma bactéria que faz parte da microbiota vaginal da mulher, no entanto dependendo da sua quantidade pode representar risco para o bebê no momento do parto. Veja como é feito o exame para identificar o estreptococo do grupo B.

5. Exame parasitológico de fezes

O exame parasitológico de fezes na gravidez não é obrigatório, mas é recomendado, pois permite identificar a presença de parasitas intestinais que, além de causar sintomas gastrointestinais, podem aumentar o risco de anemia, como é o caso da teníase e ancilostomíase, por exemplo. Entenda como é feito o parasitológico de fezes.

6. Exame de urina e urocultura

O exame de urina, também conhecido como EAS, é importante para identificar a infecção urinária, que é frequente durante a gravidez. Juntamente o EAS, o médico também indica a realização de urocultura, principalmente se a mulher relata sintomas de infecção, pois a partir desse exame é possível identificar qual o microrganismo responsável pela infecção e, assim é possível que o médico indique o melhor tratamento.

7. Ultrassom

A realização do ultrassom é muito importante durante a gravidez, pois permite que o médico e a mulher acompanhe o desenvolvimento do bebê. Assim, o ultrassom pode ser realizado para identificar a presença do embrião, o tempo da gravidez e ajudar a determinar a data do parto, os batimentos cardíacos do bebê, a posição, o desenvolvimento e o crescimento do bebê.

A recomendação é a de que o ultrassom seja realizado em todos os trimestres da gravidez, de acordo com a orientação do obstetra. Além do ultrassom convencional, pode ser também realizado exame de ultrassom morfológico, que permitem visualizar o rosto do bebê e identificar doenças. Saiba como é feito o exame de ultrassom morfológico.

8. Exames ginecológicos

Além dos exame normalmente indicados pelo médico, podem ser também recomendados exames ginecológicos com o objetivo de avaliar a região íntima.

Pode ser recomendado também a realização do exame preventivo, também conhecido como exame de Papanicolau, que tem como objetivo verificar a presença de alterações no colo do útero que possam ser indicativos de câncer, por exemplo. Assim, a realização desses exames é importante para que sejam prevenidas complicações da mulher.

Exames para gravidez de risco

Caso o médico verifique que se trata de uma gravidez de risco, pode indicar a realização de mais exames com o objetivo de avaliar o nível de risco e, assim, indicar medidas que possam diminuir o risco da gestação e possíveis complicações para a mãe e para o bebê. Alguns dos exames que podem ser indicados pelo médico são:

  • Perfil bioquímico fetal, que serve para ajudar no diagnóstico de doenças genéticas no bebê;
  • Biópsia do vilo corial e/ou cariótipo fetal, que serve para diagnosticar doenças genéticas;
  • Ecocardiograma fetal e eletrocardiograma, que avalia o funcionamento do coração do bebê e é normalmente indicado quando foi detectada alguma alteração cardíaca no bebê por meio de exames realizados anteriormente;
  • MAPA, que é indicado para mulheres hipertensas, para verificar o risco de pré-eclampsia;
  • Amniocentese, que serve para detectar doenças genéticas, como a síndrome de Down e infecções, como toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus. Deve ser realizado entre a 15ª e 18ª semana de gestação;
  • Cordocentese, também conhecido como amostra de sangue fetal, serve para detectar alguma deficiência cromossômica no bebê ou suspeita de contaminação por rubéola e toxoplasmose tardia na gravidez;
  • Cardiotocografia, chamado também de cardiotoco, que mostra a quantidade e a força das contrações uterinas, além dos batimentos cardíacos fetais durante as contrações. Esse exame é indicado para mulheres com risco muito alto de parto prematuro.

A realização destes exames é importante porque ajuda a diagnosticar alterações importantes que podem ser tratadas para que não afetem o desenvolvimento do feto. Entretanto, apesar da realização de todos os exames, há doenças e síndromes que só são descobertas após o nascimento do bebê.

A gravidez de risco é mais frequente entre mulheres com doenças crônicas anteriores à gestação, como diabetes, pressão alta ou trombofilia, além das gestantes a partir dos 35 anos, havendo maior probabilidade de aborto e de complicações.

Isso acontece por que porque os óvulos podem sofrer algumas alterações que aumentam o risco do bebê sofrer de alguma síndrome genética, como a Síndrome de Down. No entanto, nem todas as mulheres que engravidaram após os 35 anos de idade têm complicações durante a gravidez, parto ou pós-parto, sendo o risco maior entre mulheres que são obesas, diabéticas ou que fumam.