Escaras: o que são, sintomas, causas, tratamento e como evitar

Atualizado em setembro 2022

As escaras, também conhecidas como escaras de decúbito ou úlceras de pressão, são feridas que podem surgir em áreas da pele que ficam muito tempo sob pressão. Por esse motivo, este tipo de ferida é mais comum em quem fica muito tempo na mesma posição numa cadeira de rodas ou deitado na cama, como acontece em pacientes internados ou acamados.

As escaras se desenvolvem porque o fluxo de sangue para a pele é diminuído quando a pessoa fica mais de 2 ou 3 horas na mesma posição, especialmente em locais com saliências ósseas, como calcanhar, tornozelo, quadril ou cóccix.

O maior perigo das escaras é a infecção que pode ocorrer nessas feridas, pois as bactérias podem entrar facilmente no corpo através de uma escara aberta e mal cuidada, trazendo maiores complicações para o estado de saúde.

Conteúdo sensível
Esta imagem pode apresentar conteúdo desconfortável para algumas pessoas.
Imagem ilustrativa número 1

Principais sintomas

Os principais sintomas das escaras são dor ou coceira na região da pele afetada, mas que podem não ser percebidos por pessoas que não têm sensibilidade em alguma parte do corpo como no caso de paraplégicos ou tetraplégicos, ou pessoas que estejam inconscientes.

De forma geral, as escaras são classificadas de acordo com a gravidade dos sintomas, podendo ser: 

  • Estágio 1: é o estágio inicial da formação da úlcera e a pele fica vermelha e quente, e, em alguns casos pode apresentar uma cor azul ou roxa, sendo comum os sintomas de queimação, dor ou coceira na região afetada;
  • Estágio 2: neste estágio a pele da região afetada apresenta feridas ou bolhas com conteúdo aquoso claro a amarelado que podem se romper causando uma ferida aberta, e a pele ao redor da ferida pode ficar esbranquiçada. O sintoma mais comum nesse estágio é a dor;
  • Estágio 3: formam-se feridas abertas, que podem atingir a camada de gordura da pele. Neste estágio, é importante procurar sinais de infecção na úlcera como mal cheiro ou pus;
  • Estágio 4: esse estágio é o mais grave da escara, que afeta tecidos mais profundos como músculos, ligamentos e tendões, e, em casos mais graves pode afetar as cartilagens e os ossos. Geralmente, a pele apresenta necrose, que é um tecido morto, apresentando uma cor preta e o risco de infecção é maior. 

Os locais mais frequentes para o surgimento de escaras são a região do cóccix, logo acima do bumbum, as laterais do quadril, os calcanhares, as orelhas, os ombros e os  joelhos, pois são locais do corpo que ficam mais facilmente sobre superfícies duras, dificultando a circulação de sangue.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico da escara é feito pelo médico ou enfermeiro através da avaliação da aparência da pele e dos sinais de infecção, para determinar o estágio da escara e iniciar o tratamento mais adequado. Nos estágios 3 e 4, o médico pode solicitar exames de sangue para avaliar o estado de saúde geral e identificar se existe alguma infecção no corpo.

Possíveis causas

As escaras são causadas por uma pressão, fricção, tração ou excesso de umidade na pele, o que reduz ou interrompe o fluxo sanguíneo para o local, resultando em um menor fornecimento de oxigênio e nutrientes para os tecidos, e levando a danos ou morte dos tecidos.

Além disso, o fluxo sanguíneo diminuído, pode favorecer o surgimento de infecções na pele, uma vez que ocorre diminuição de células sanguíneas, responsáveis por combater os microorganismos.

Alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento de escaras como:

  • Idade, sendo mais comum em idosos;
  • Estar acamado devido à doenças ou após cirurgia;
  • Danos na medula espinhal ou paralisia em alguma parte do corpo;
  • Danos cerebrais, devido a AVC ou traumas no cérebro;
  • Obesidade;
  • Doenças neurológicas que reduzem a percepção da dor;
  • Má nutrição;
  • Anorexia nervosa;
  • Anemia;
  • Desidratação;
  • Diabetes;
  • Doenças vasculares;
  • Doença de Alzheimer;
  • Esclerose múltipla;
  • Doença de Parkinson;
  • Artrite reumatóide;
  • Fraturas ósseas;
  • Doença arterial periférica;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Insuficiência renal;
  • Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
  • Esquizofrenia;
  • Depressão grave;
  • Coma.

Geralmente, essas condições levam a uma menor mobilidade do corpo, menor capacidade de movimentação de algum membro, ou ainda prejudicam uma nutrição adequada, levando a um menor fornecimento de oxigênio e nutrientes para manter os tecidos saudáveis, favorecendo o desenvolvimento de escaras.

Além disso, pessoas acamadas ou com mobilidade reduzida que têm contato frequente com urina ou fezes, como nos casos de incontinência urinária ou fecal, ou pessoas que necessitam utilizar fraldas, especialmente quando não são trocadas com frequência, têm um risco aumentado de desenvolver escaras.

Como é feito o tratamento

O tratamento para escaras que ainda não estão abertas consiste em melhorar a circulação sanguínea local, através de massagem suave com óleo de girassol ou creme hidratante, assim como mudanças regulares da posição do corpo.

No entanto, nas escaras que já estão abertas é aconselhado que o tratamento seja feito por um médico ou enfermeiro, no hospital ou no posto de saúde, já que o uso de pomadas erradas ou a realização de um curativo sujo podem levam ao surgimento de uma escara infectada e muito mais difícil de tratar, que pode colocar a vida em risco.

As pomadas para escaras variam de acordo com o tecido presente na ferida, assim como a possibilidade de existir infecção ou liberação de algum tipo de líquido. Assim, o médico ou enfermeiro, devem aconselhar o tipo de creme ou pomada mais adequado. Caso esse produto possa ser usado em casa para fazer curativos, o enfermeiro irá ensinar como fazer, caso contrário, o curativo precisará ser sempre feito pelo enfermeiro. Confira as principais pomadas indicadas para o tratamento das escaras.  

Como evitar o surgimento de escaras

As escaras podem ser evitadas através de algumas medidas simples que podem ser feitas pelo enfermeiro no hospital ou em casa pelo cuidador, além da própria pessoa caso consiga se movimentar, e incluem:

  • Mudança da posição do corpo de 2 em 2 horas para prevenir o estresse na pele;
  • Usar almofadas ou travesseiros para elevar partes do corpo que podem ficar sob muita pressão como os joelhos, os calcanhares ou os tornozelos;
  • Usar colchão de casca de ovo ou pneumático, um tipo de colchão que evita o excesso de pressão sobre a pele;
  • Evitar posicionar a pessoa do lado em que a pele tenha sinais de inchaço, dor ou vermelhidão;
  • Manter a pele sempre limpa e seca, principalmente após os episódios de incontinência urinária, pois a urina pode agredir a pele;
  • Usar cremes hidratantes ou emolientes na pele, recomendados pelo médico ou enfermeiro;
  • Passar um creme de barreira para proteger a pele da umidade excessiva, contendo óxido de zinco, petrolato ou dimeticone, como Halibut pomada, Dermodex ou Bepantol, por exemplo; 
  • Utilizar curativos de espuma ou filme transparente nas áreas com maior risco de desenvolver escara como calcanhar, região lombar, lateral dos quadris, ombros ou cotovelos, por exemplo;
  • Usar almofada de assento quando a pessoa estiver sentada ou para cadeirantes e mudar de posição a cada 15 minutos.

É também recomendado examinar a pele diariamente, procurando sinais de inchaço ou vermelhidão, especialmente nas áreas ósseas, e beber pelo menos 2 litros de água por dia para manter a pele hidratada evitar fumar, e manter uma boa alimentação, incluindo alimentos cicatrizantes como salmão, laranja ou brócolis, por exemplo. Confira a lista completa de alimentos cicatrizantes para prevenção de escaras.  

Além disso, no caso de pessoas acamadas, pode-se colocar um lençol por baixo da pessoa, como suporte, para facilitar a mudança de posição da pessoa, sem arrastá-la, o que evita agressões à pele e ajuda a prevenir o surgimento das escaras.

Assista o vídeo com o enfermeiro Manuel Reis sobre como fazer as mudanças de posição em pessoas acamadas:

youtube image - Como virar uma pessoa acamada

Possíveis complicações

As complicações que as escaras podem causar são:

  • Celulite, que é um tipo de infecção na pele;
  • Infecção nos ossos ou articulações;
  • Câncer, quando a ferida não cicatriza;
  • Infecção generalizada.

Depois que uma escara se desenvolve, pode levar dias, meses ou até anos para cicatrizar, e por isso, deve-se fazer o tratamento recomendado pelo médico para evitar a infecção da ferida que pode se espalhar pelo corpo e ainda causar sintomas como confusão mental, batimento cardíaco acelerado ou fraqueza generalizada.