Escala de Glasgow: o que é e para que serve

Atualizado em fevereiro 2024

Escala de Glasgow é uma ferramenta utilizada para avaliar o comprometimento do nível de consciência em situações de traumas agudos ou acidentes, por exemplo, de forma a identificar a gravidade de danos neurológicos.

Essa ferramenta foi desenvolvida na Universidade de Glasgow, na Escócia, e permite determinar o nível de consciência da pessoa através de alguns parâmetros, como abertura ocular, reação motora e resposta verbal, através de pontuações que vão de 3 a 15, sendo que quanto maior a pontuação, maior o nível de consciência.

A Escala de Coma de Glasgow pode ser usada para a avaliação inicial da pessoa em ambulâncias ou pronto-socorro, mas também em hospitais para acompanhamento da evolução do estado de consciência em pessoas internadas.

Imagem ilustrativa número 1

Para que serve

A Escala de Glasgow serve para determinar o nível de consciência da pessoa através da observação do seu comportamento.

Essa ferramenta é principalmente usada em adultos ou crianças com mais de 5 anos, pois já são capazes de entender comandos de voz e de fornecer respostas verbais que são necessárias para a avaliação o grau de orientação e capacidade motora.

Para crianças com menos de 5 anos ou bebês, podem ser necessárias modificações nos parâmetros da Escala de Glasgow, mas ainda não existem consensos sobre sua utilização.

Quando é usada

A Escala de Glasgow é utilizada em situações, como:

  • Traumas agudos;
  • Acidentes;
  • Traumatismos cranioencefálicos;
  • Lesão cerebral aguda;
  • Hemorragia subaracnoide;
  • Envenenamentos;
  • Overdose;
  • Crise de hipoglicemia;
  • Após episódios de convulsão.

A determinação da Escala de Glasgow deve ser realizada em casos em que se desconfie de trauma cranioencefálico e deve ser feita cerca de 6 horas após o trauma, já que durante as primeiras horas, na maior parte dos casos, as pessoas são sedadas para serem intubadas ou para sentirem menos dor, o que pode interferir na na avaliação do nível de consciência. 

A Escala de Glasgow é um exame neurológico que pode ser usado tanto na avaliação inicial da pessoa, como periodicamente em pessoas internadas para verificar a evolução do estado de consciência.

Leia também: Traumatismo craniano: o que é, sintomas, tratamento e sequelas tuasaude.com/traumatismo-craniano

Como se determina

A determinação da Escala de Coma de Glasgow (GCS) deve ser realizada por profissionais de saúde com treinamento adequado, através da reatividade da pessoa perante determinados estímulos, tendo em conta 3 parâmetros:

Parâmetro Variáveis

Escore

(pontuação)

Abertura ocular Espontânea  4
Quando estimulado pela voz  3
Quando estimulado pela dor  2
Ausente  1
Não aplicável (edema ou hematoma que possibilita a abertura dos olhos) -
Resposta verbal Orientada  5
Confusa  4
Apenas palavras  3
Apenas sons/gemidos  2
Sem resposta  1
Não aplicável (pacientes intubados) -
Resposta motora Obedece a ordens  6
Localiza a dor/estímulo  5
Flexão normal  4
Flexão anormal  3
Extensão anormal  2
Ausência de resposta  1

O traumatismo cranioencefálico pode ser classificado como leve, moderado ou grave, de acordo com a pontuação obtida pela Escala de Glasgow.

Em cada um dos 3 parâmetros, é atribuído um escore total entre 3 e 15, sendo que quanto maior, melhor o nível de consciência.

Assim, escores perto de 15, representam um nível de consciencial normal e escores inferiores a 8 são considerados casos de coma, que são os casos mais graves, que necessitam de intubação orotraqueal e têm mais urgência de tratamento.

Um escore de 3 pode significar morte cerebral, no entanto, é necessário avaliar outros parâmetros, para o confirmar. Veja todos os exames que confirmam a morte cerebral.

Avaliação da reatividade pupilar

A avaliação da reatividade pupilar da Escala de Glasgow (GCS-P) é feita para avaliar a gravidade da lesão cerebral, sendo também realizada por pontuação:

Variáveis Escore (pontuação)
Nenhuma (as pupilas dos dois olhos não reagem à luz) 0
Unilateral (apenas a pupila de um olho reage à luz) - 1
Bilateral (as duas pupilas reagem à luz) - 2

Esse teste da Escala de Glasgow é feito colocando uma fonte de luz no olho para avaliar se as pupilas se contraem na presença da luz, o que é considerado normal.

O valor da reatividade pupilar da Escala de Glasgow (GCS-P) é calculado da seguinte forma:

  • GCS-P = Escore obtido da Escala de Glasgow (GCS) - Escore obtido da reatividade pupilar

Assim, se uma pessoa teve o escore 15 na avaliação ocular, verbal e motora e teve o escore -2 na pontuação da reatividade pupilar, o resultado da reatividade pupilar da Escala de Glasgow (GCS-P) é 13.

A pontuação da reatividade pupilar da Escala de Glasgow (GCS-P) pode variar de 1 a 15.

Como entender o resultado

O resultado da Escala de Coma de Glasgow é interpretado pelo profissional de saúde de acordo com a pontuação obtida da seguinte forma:

  • Escore ente 13 e 15: lesão cerebral leve;
  • Escore entre 9 e 12: lesão cerebral moderada;
  • Escore entre 3 e 8: lesão cerebral grave;
  • Escore menor do que 3: coma.

Além disso, quando se utiliza a pontuação da reatividade pupilar, valores entre 1 e 8 indicam lesão cerebral grave.

Possíveis falhas do método

Apesar de ser um método amplamente utilizado, a Escala de Glasgow apresenta algumas falhas, como impossibilidade de avaliar a resposta verbal em pessoas que estejam intubadas ou possuem distúrbios de linguagem, deficit intelectual ou neurológico preexistentes.

Além disso, outros fatores que podem interferir no resultado são barreiras de linguagem, como falar outro idioma, perda auditiva, paralisia ou danos na medula espinhal ou fratura craniana ou periorbital.

Além disso, a escala de Glasgow não avalia os reflexos do tronco cerebral e, caso a pessoa esteja sedada, a avaliação do nível de consciência também pode ser dificultada.