Eletroconvulsoterapia (ECT): o que é, quando fazer e como funciona

Atualizado em abril 2023

A eletroconvulsoterapia, conhecida popularmente por terapia de eletrochoque ou apenas ECT, é um tipo de tratamento que provoca alterações na atividade elétrica do cérebro, regulando os níveis dos neurotransmissores serotonina, dopamina, noradrenalina e glutamato. Por regular esses neurotransmissores, é uma terapia que pode ser usada em alguns casos mais graves de depressão, esquizofrenia e outros distúrbios psicológicos.

A ECT é um método bastante eficiente e seguro, já que a estimulação cerebral é feita com o paciente sob anestesia geral, e as convulsões geradas no procedimento só são percebidas no equipamento, não havendo qualquer risco para a pessoa.

Apesar de ter bons resultados, a eletroconvulsoterapia não promove a cura da doença, mas reduz consideravelmente os sintomas e deve ser realizada de forma periódica de acordo com a recomendação do psiquiatra.

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Quando é indicada

A ECT pode ser indicada nas seguintes situações;

  • Depressão maior;
  • Transtorno da bipolaridade;
  • Esquizofrenia;
  • Doença de Parkinson;
  • Síndrome de Tourette;
  • Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC);
  • Epilepsia;
  • Doença mental grave na gravidez em que está contraindicado o uso de medicamentos.

Além disso, a terapia com eletrochoque também pode ser feita quando o tratamento com medicamentos não é recomendado, o que acontece principalmente no caso de gestantes, mulheres em fase de amamentação ou idosos.

Como funciona

A ECT é feita em ambiente hospitalar, podendo durar até 30 minutos e não causa dor ou incômodo para o paciente. Para realizar o procedimento, a pessoa precisa estar em jejum de pelo menos 7 horas, isso porque é necessária anestesia geral, além de serem administrados relaxantes musculares e aplicação de monitores cardíacos, cerebrais e de pressão arterial.

A eletroconvulsoterapia é feita sob supervisão do anestesista e psiquiatra e consiste na aplicação de um estímulo elétrico, a partir de dois eletrodos colocados na parte frontal da cabeça, capaz de induzir a convulsão, que só é vista no aparelho de encefalograma. A partir do estímulo elétrico, os níveis de neurotransmissores no organismo são regulados, sendo possível reduzir os sintomas associados aos transtornos psicóticos e depressivos. Saiba o que é o encefalograma.

Após o procedimento, a equipe de enfermagem assegura que o paciente está bem, podendo então tomar café e ir para casa. A ECT é um método terapêutico rápido, seguro e eficaz, devendo ser realizadas sessões periódicas de acordo com o grau do distúrbio psicológico e recomendação do psiquiatra, sendo normalmente indicada a realização de 6 a 12 sessões. Após cada sessão, o psiquiatra realiza a avaliação do paciente para verificar o resultado do tratamento.

Como era feita antigamente

Antigamente a eletroconvulsoterapia era não só utilizada para tratamento dos pacientes psiquiátricos, mas também como forma de tortura. Isso porque o procedimento não era realizado sob anestesia geral e nem havia a administração de relaxantes musculares, o que resultava em contorções durante o procedimento e múltiplas fraturas, devido à contração muscular, além da perda de memória que muitas vezes acontecia.

Com o passar do tempo, o método foi sendo aprimorado, de modo que atualmente é tido como um procedimento seguro, com baixo risco de fratura e perda de memória e a convulsão é percebida apenas no equipamento.

Possíveis complicações

A ECT é um técnica segura, no entanto após o procedimento o paciente pode sentir-se confuso, ter perda temporária de memória que dura menos de 60 minutos, ou sentir mal-estar, sendo normalmente efeito da anestesia.

Além disso, pode haver o aparecimento de sintomas leves, como dor de cabeça, náuseas, dores musculares ou pneumonia por aspiração, que podem ser tratadas rapidamente com alguns medicamentos.

Quando não é indicada

A eletroconvulsoterapia pode ser feita em qualquer pessoa, não havendo contraindicações absolutas para esse tipo de tratamento. No entanto, existem algumas contraindicações relativas que o médico deve levar em conta, como pressão intracraneal alta, tumor intracerebral, feocromocitoma, aneurisma cerebral, malformações nas artérias e veias, acidente cerebrovascular ou infarto nos últimos 3 meses.