Cólica fora do período menstrual: o que pode ser e o que fazer

Atualizado em janeiro 2024

A cólica fora do período menstrual pode ser normal durante a ovulação ou início da gravidez. No entanto, também pode ser sinal de doenças como endometriose, mioma ou doença inflamatória pélvica, principalmente se acontece com frequência em todos os meses.

Esse tipo de dor é caracterizado por dor no abdômen, desconforto leve ou até cólicas fortes o suficiente para interferir nas atividades do dia a dia, por alguns dias a cada mês.

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Por isso, é importante consultar o ginecologista, caso a cólica fora do período menstrual aconteça todos os meses ou piore de intensidade, para identificar a causa e iniciar o tratamento mais adequado.

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Principais causas

As principais causas de cólica fora do período menstrual são:

1. Ovulação

A ovulação pode causar cólica fora do período menstrual porque quando o óvulo é liberado pelo ovário, que geralmente ocorre 14 dias após a menstruação, um pouco de fluido que protege o óvulo e sangue também são liberados, podendo causar irritação na cavidade abdominal, levando ao aparecimento de cólica.

Esse tipo de cólica, melhora logo após o óvulo ser liberado ou assim que o corpo absorve o fluido ou sangue.

O que fazer: a cólica causada pela ovulação geralmente melhora em 24 horas, não necessitando de nenhum tratamento. No entanto, se a cólica for intensa, pode-se tomar um anti-inflamatório como Ponstan, usar uma bolsa de água quente na barriga ou tomar um banho quente para ajudar a aliviar o desconforto. Em alguns casos, em que a mulher tem ovulação muito dolorosa, deve-se consultar o ginecologista que pode indicar um tratamento com pílula anticoncepcional.

2. Endometriose

A endometriose consiste na implantação de tecido do endométrio, que é a camada interna do útero, em outros órgãos do corpo da mulher, como ovários, bexiga e intestino, causando inflamação, dor abdominal e cólica intensa, que geralmente ocorre durante a menstruação, mas também pode ocorrer pode ocorrer fora do período menstrual.

Além disso, a dor abdominal e a cólica causadas pela endometriose podem ser muito intensas e muitas vezes podem ser confundidas com outras doenças, como síndrome do intestino irritável, doença inflamatória pélvica ou infecção urinária.

O que fazer: deve-se consultar o ginecologista para avaliar as características da dor e do fluxo menstrual e para que sejam feitos os exames físico, de imagem, como ultrassom transvaginal ou, em alguns casos, uma videolaparoscopia para confirmar a endometriose. O tratamento da endometriose geralmente é feito com anticoncepcional e/ou cirurgia. Saiba mais sobre o tratamento para a endometriose.

3. Tensão pré-menstrual

A tensão pré-menstrual, ou TPM, é um conjunto de sintomas que algumas mulheres podem apresentar antes da menstruação, como dor na parte de baixo do abdômen, inchaço e dor nas mamas, por exemplo. Confira os sintomas de TPM.

O que fazer: para aliviar a dor abdominal da TPM pode-se usar medicamentos analgésicos como paracetamol. ibuprofeno ou buscopan, por exemplo. Se os sintomas forem intensos e acontecerem em mais de 2 ciclos seguidos, é recomendado que o ginecologista seja consultado para que seja feita uma avaliação.

4. Mioma

O mioma, também chamado de fibroma uterino ou leiomioma, é um tumor benigno que se forma no músculo do útero e que geralmente não causa sintomas, mas dependendo do tamanho, da localização e da quantidade de mioma, a mulher pode sentir dor abdominal ou cólica e sangramento fora do período menstrual.

O que fazer: deve-se consultar o ginecologista para que seja feito o diagnóstico através de exame físico e de imagem, como ultrassom transvaginal e iniciar o tratamento mais adequado que pode ser desde o acompanhamento médico até o uso de hormônio ou utilização do DIU de progesterona. Saiba mais sobre o tratamento do mioma.

5. Doença inflamatória pélvica

A doença inflamatória pélvica, também conhecida como DIP, é uma inflamação que tem origem na vagina e que pode afetar o colo do útero, o útero, as trompas e os ovários, e que pode levar ao aparecimento de alguns sintomas, como corrimento vaginal, sangramento e cólica fora do período menstrual.

Essa inflamação pode ser causada, principalmente, por infecção transmitida através de relação sexual desprotegida com o parceiro infectado com gonorreia ou clamídia, mas também pode ocorrer por infecção durante o parto normal, ou após a realização de biópsia do endométrio, por exemplo. Conheça outras causas de doença inflamatória pélvica.

O que fazer: na presença de sinais e sintomas de DIP, é recomendado consultar o ginecologista que pode indicar um tratamento com antibióticos por via oral ou por injeção no músculo, para tratar a infecção bacteriana que causou a doença inflamatória pélvica. Além disso, deve-se evitar o contato íntimo durante o tratamento para dar tempo para os tecidos cicatrizarem. Saiba mais sobre o tratamento da doença inflamatória pélvica.

6. Gravidez

A cólica fora do período menstrual também pode ser indicativo de gravidez e acontece devido a implantação do embrião e o crescimento do útero. Geralmente, essa cólica é leve e passageira e não causa outros sintomas ou desconforto. No entanto, se a cólica é frequente, dolorosa e não para mesmo no repouso ou ocorre em fases mais avançadas da gravidez, pode ser indicativo de uma gravidez tubária ou descolamento da placenta, por exemplo, sendo importante consultar o médico

O que fazer: deve-se fazer um exame de HCG caso a menstruação esteja atrasada e se suspeite de gravidez. Caso seja confirmada, deve-se fazer a consulta pré-natal e iniciar o acompanhamento com o ginecologista obstetra que deve ser feito durante toda a gravidez. Saiba como é feito o pré-natal.

7. Adenomiose

A adenomiose é uma doença que ocorre devido a um espessamento da parede do útero, formando pequenos nódulos que podem não ter sintomas na fase inicial, mas podem causar sangramento ou cólica fora do período menstrual em fases mais avançadas.

O que fazer: deve-se consultar o ginecologista que deve indicar tratamento com anti-inflamatórios ou hormônios e, em casos mais avançados em que os sintomas não conseguem ser controlados com remédios, o médico pode indicar uma cirurgia para retirada do útero. Saiba mais sobre o tratamento da adenomiose.

8. Estenose cervical

A estenose cervical é o estreitamento do colo do útero causado por malformação uterinas, infecção vaginal, presença de cisto ou câncer no colo do útero ou por procedimentos cirúrgicos como cauterização, por exemplo. Essas condições podem não ter sintomas e serem descobertas durante exames ginecológicos de rotina ou podem provocar alterações menstruais como muito sangramento durante a menstruação ou ausência de menstruação e cólica fora do período menstrual.

O que fazer: deve-se fazer consulta de rotina, pelo menos 1 vez ao ano, com o ginecologista para fazer o papanicolau e avaliar a saúde do útero. O tratamento dessa doença deve ser indicado pelo ginecologista de acordo com a sua causa, podendo ser feito com a dilatação do colo do útero, nos casos mais simples ou quimioterapia no caso do câncer de colo uterino, por exemplo.

Assista o vídeo com a Dra. Helizabet Ribeiro, ginecologista especializada em endometriose que esclarece todas as dúvidas sobre essa doença: