Hemoterapia e Auto-hemoterapia: o que são e para que servem

Atualizado em junho 2022
Evidência científica

A hemoterapia é um tipo de tratamento em que uma quantidade pré-determinada de sangue é coletada de uma pessoa e, após processamento e análise, os componentes do sangue podem ser transfundidos para outra pessoa, ajudando no tratamento da doença e melhora da pessoa.

A hemoterapia é principalmente indicada quando a pessoa perde grande quantidade sangue, o que pode acontecer devido a um acidente ou durante a realização de cirurgia. Assim, pode ser indicada a realização desse procedimento para repor o sangue perdido e, assim, ser possível promover a saúde da pessoa.

Além da hemoterapia, existem também a auto-hemoterapia, em que a amostra de sangue é retirada da própria pessoa que vai receber o tratamento. No entanto, a auto-hemoterapia, embora pareça ter alguns benefícios, a técnica é desaconselhada pela Anvisa, de acordo com uma nota técnica divulgada em 2017 [1], devido ao fato de não haverem estudos científicos suficientes que comprovem seus benefícios a longo prazo e efeitos em uma população maior.

Imagem ilustrativa número 1

Hemoterapia

A hemoterapia é um tipo de tratamento bastante utilizado na prática médica, ajudando no combate a doenças e na prevenção de complicações.

Para que serve a hemoterapia

A hemoterapia pode ser indicada em diversas situações, principalmente:

  • Em caso de perda de grande quantidade de sangue devido a acidentes e cirurgias;
  • Hemofilia;
  • Câncer, como leucemia e linfoma;
  • Anemia;
  • Púrpura trombocitopênica aguda.

A hemoterapia normalmente não representa riscos para o doador e o receptor, no entanto, é importante que sejam compatíveis para que não haja reações relacionadas ao processo transfusional.

Como é feita a hemoterapia

A hemoterapia tem início no processamento do sangue coletado do doador. Nesse procedimento, os componentes do sangue são utilizados para transfusão, que pode ser de sangue total, de plasma ou de plaquetas, além de que também pode ser utilizado para produzir fatores da coagulação e imunoglobulinas, que são proteínas que atuam na defesa do organismo.

A transfusão sanguínea deve ser feita em ambiente hospitalar, podendo ser realizada durante uma cirurgia, sendo necessário que antes da transfusão seja feita uma avaliação do sangue, para confirmar o tipo sanguíneo e, assim, ser possível realizar a hemoterapia com o hemocomponente adequado. Veja mais sobre a transfusão sanguínea.

Auto-hemoterapia

O benefício da realização da auto-hemoterapia parece estar relacionado ao fato de estimular uma resposta de rejeição do organismo quando o sangue é injetado no músculo, o que estimula a atuação do sistema imunológico.

Além disso, acredita-se que quando o sangue é injetado novamente no corpo, o organismo começa a atacar esse sangue porque contém vestígios da doença que está se desenvolvendo. Quando isso acontece, o corpo poderia ganhar maior resistência contra a doença e, por isso, conseguiria eliminá-la mais rapidamente.

Apesar de ser desaconselhada pela ANVISA e não ser reconhecida como prática clínica pelos conselhos de medicina, farmácia e pela Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, são incentivadas pesquisas relacionadas com a auto-hemoterapia, pois dessa forma é possível que existam evidências científicas que afirmem quais as indicações da prática, contraindicações, dosagem adequada, tempo de tratamento e reações adversas, por exemplo, e, assim, possa ser novamente avaliada pelos órgãos regulamentadores.

Para que serve a auto-hemoterapia

Apesar de não ter efeitos comprovados, acredita-se que a auto-hemoterapia poderia ser utilizada como tratamento alternativo para diversas doenças como fibromialgia, bronquite, artrite reumatoide, eczema e gota, por exemplo.

Além disso, acredita-se que para favorecer os resultados desse tipo de terapia, poderia ser adicionado ao sangue ozônio ou preparados de plantas medicinais, para obter maior alívio dos sintomas.

Possíveis riscos para a saúde

Embora pareça ter vários benefícios para o tratamento de diversas doenças, a auto-hemoterapia não é aprovada pela ANVISA e, por isso, não deve ser utilizada.

Os riscos da auto-hemoterapia estão relacionados à falta de informação acerca do procedimento, principalmente no que diz respeito às indicações, contraindicações, dosagem, efeitos colaterais e concentração de componentes que podem ser adicionados no sangue antes da injeção no músculo.

Além disso, como o sangue não passa por qualquer processamento ou tratamento, há também o risco de transmissão de doenças infecciosas.

Como é feita a auto-hemoterapia

No caso da auto-hemoterapia, o sangue é coletado e volta a ser aplicado no músculo da própria pessoa, normalmente nos glúteos, gerando uma resposta de rejeição e favorecendo a atuação do sistema imunológico. Como o objetivo desse tratamento é combater doenças a partir da ativação do sistema imune, para estimular ainda mais a imunidade, a sangue poderia ser tratado com radiação ultravioleta ou ozônio, por exemplo, antes de ser reinjetado.

No entanto, a auto-hemoterapia é diferente da transfusão autóloga, em que o sangue da pessoa é coletado em uma bolsa de transfusão e, após processamento, fica armazenado no laboratório para ser utilizado em transfusões da própria pessoa.

Apesar da auto-hemoterapia ser uma prática antiga e de haver relatos de que funciona, a sua realização não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, Conselho Federal de Farmácia e pela Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, e, portanto, não é autorizada pela Anvisa, devido à falta de evidências científicas.