Talidomida: para que serve, como tomar e efeitos colaterais

Atualizado em janeiro 2022

A talidomida é um remédio que age regulando o sistema imunológico e diminuindo a inflamação, sendo indicado exclusivamente para o tratamento da hanseníase, também conhecida como lepra, lúpus eritematoso e mieloma múltiplo. Além disso, também é indicado para o tratamento de aftas orais em pessoas com infecção pelo vírus do HIV, quando outros remédios não foram eficazes para melhorar as aftas.

Esse remédio tem uso restrito a hospitais, sendo fornecido gratuitamente pelo SUS, e só pode ser usado com indicação do médico, pois pode causar efeitos colaterais graves como neuropatia periférica ou aumento da formação de coágulos no sangue. Além disso, a talidomida é totalmente contraindicada na gravidez, pois pode causar malformações no bebê, como defeitos nos braços e/ou pernas, além de mau funcionamento do coração ou rins. 

Assim, antes de iniciar o tratamento com a talidomida, o médico deve informar todos os riscos do uso desse remédio, tanto para mulheres como para homens, e solicitar assinatura do termo de responsabilidade e consentimento pós informação, pois a talidomida pode causar efeitos colaterais graves, ou malformações no feto, se usado durante a gestação ou caso aconteça uma gravidez durante o tratamento. Confira a lista completa de remédios proibidos na gravidez.  

Imagem ilustrativa número 1

Para que serve

A talidomida é indicada exclusivamente para o tratamento de:

  • Eritema nodoso hanseníaco, que são caroços avermelhados e dolorosos que surgem na pele, causados pela hanseníase;
  • Aftas orais em pessoas infectadas pelo vírus do HIV, que não respondem a outros tratamentos;
  • Lúpus eritematoso;
  • Doença enxerto-versus-hospedeiro;
  • Mieloma múltiplo;
  • Síndrome mielodisplásica.

Esse remédio é indicado somente para adultos e seu uso deve sempre ser feito com indicação médica. 

É importante ressaltar que a talidomida pode causar malformações no bebê, sendo proibido o seu uso durante a gravidez, devendo-se ter orientação médica para evitar uma gravidez durante o tratamento, pois a talidomida não evita uma gravidez e não causa aborto.

Cuidados antes do tratamento

Antes de iniciar o tratamento com a talidomida, o médico deve solicitar um teste de gravidez para se certificar de que a mulher não está grávida 1 mês antes de iniciar o tratamento e 24 horas antes de começar o uso da talidomida. Isto porque apenas 1 dose da talidomida pode causar malformações no feto. 

As orientações antes do início do tratamento com talidomida têm como objetivo prevenir a ocorrência de gravidez. Assim, é indicado que as mulheres façam uso de pelo menos dois métodos contraceptivos, de acordo com a orientação do médico, que devem ser iniciados cerca de 1 mês antes do início do tratamento e mantidos até 1 mês após o término do uso do medicamento.

No caso dos homens, é indicado que seja feito o uso de camisinha durante todo o tratamento com talidomida, mesmo que tenha feito vasectomia, já que esse medicamento pode ser encontrado no sêmen.

Como usar

A talidomida na forma de comprimidos deve ser tomada por via oral, com um copo de água, de preferência à noite antes de dormir, pelo menos 1 hora após a última refeição do dia, devido ao seu efeito colateral de sonolência.

As doses da talidomida normalmente recomendadas pelo médico dependem da condição a ser tratada e incluem:

  • Tratamento ou prevenção do eritema nodoso hanseníaco: a dose normalmente recomendada varia entre 100 a 400 mg por dia. Essas doses devem ser orientadas pelo médico de acordo com a gravidade dos sintomas;
  • Tratamento de aftas orais associadas ao HIV: a dose normalmente recomendada é de 200 mg por dia, durante 4 semanas de tratamento. A dose ou o tempo de tratamento podem ser alterados pelo médico de acordo com a resposta ao tratamento;
  • Tratamento da doença do enxerto-versus-hospedeiro: a dose normalmente recomendada varia entre 50 a 100 mg por dia. Essas doses podem ser aumentadas pelo médico de acordo com a resposta ao tratamento;
  • Tratamento do lúpus eritematoso: a dose inicial recomendada é de 50 mg até 100 mg por dia, dividida em 2 doses diárias, por pelo menos 6 meses de tratamento. A dose máxima de talidomida não deve ultrapassar 400 mg por dia. Essas doses podem ser aumentadas pelo médico para até 400 mg por dia, ou diminuídas, o que depende da resposta ao tratamento; 
  • Tratamento do mieloma múltiplo: a dose inicial normalmente recomendada é de 100 mg por dia, nos primeiros 14 dias de tratamento, podendo ser aumentada pelo médico para 200 mg a cada 2 semanas, até o limite de 400 mg por dia ou de tolerância da pessoa aos efeitos colaterais;
  • Tratamento da síndrome mielodisplásica: a dose inicial normalmente recomendada é de 100 a 200 mg por dia, em dose única, durante 4 semanas. Essa dose pode ser aumentada pelo médico a cada 4 semanas, de acordo com a tolerância da pessoa ao tratamento e surgimento de efeitos colaterais.

É importante seguir todas as recomendações médicas quanto ao uso, doses e tempo de tratamento com a talidomida, e não deve-se interromper o tratamento sem orientação médica.

Cuidados durante o tratamento

Durante o tratamento com a talidomida, alguns cuidados que o médico pode recomendar são:

  • Utilizar os métodos contraceptivos orientados pelo médico durante todo o tratamento e por pelo menos 4 semanas após interromper o uso da talidomida;
  • Realizar de testes de gravidez, no caso de mulheres, a cada 2 a 4 semanas;
  • Não doar sangue durante o tratamento, e por até 4 semanas após parar o tratamento com a talidomida. Isto porque se uma grávida receber o sangue doado, o bebê pode ser afetado pela talidomida e nascer com malformações;
  • Não doar esperma, no caso de homens, durante e por até 4 semanas após o término tratamento, pois a talidomida pode estar presente no sêmen e causar malformações no bebê;
  • Não compartilhar a talidomida com outras pessoas que tenham sintomas semelhantes;
  • Guardar a talidomida em local seguro, longe do alcance de crianças, grávidas ou outras pessoas;
  • Evitar bebidas alcoólicas ou atividades como dirigir, utilizar máquinas pesadas ou realizar atividades perigosas, pois a talidomida pode causar sonolência excessiva e aumentar o risco de acidentes.

É importante seguir todas as recomendações médicas, de forma a utilizar a talidomida com segurança.

Possíveis efeitos colaterais

O efeito colateral mais grave da talidomida é a focomelia, um tipo de malformação no feto, que causa um encurtamento dos braços e/ou pernas, além de defeitos cardíacos, renais ou genitais no bebê, quando esse remédio é usado durante a gravidez ou caso ocorra uma gravidez durante o tratamento. 

Além disso, alguns efeitos colaterais mais comuns que podem ocorrer durante o tratamento com a talidomida são febre, dor de cabeça, tontura, sonolência excessiva, fraqueza, sensação de cansaço, ansiedade, agitação, confusão mental, náusea, perda de apetite, prisão de ventre, ganho ou perda de peso, pele seca ou descamando. 

A talidomida pode causar efeitos colaterais graves, como neuropatia periférica, que pode ser percebida através de sintomas como dormência, formigamento, tremor ou fraqueza muscular. Outro efeito colateral grave é o pseudo abdome agudo, com sintomas como dor ou sensibilidade abdominal, sendo uma emergência médica e necessita de atendimento imediato.

Esse remédio também pode aumentar o risco de formação de coágulos no sangue, e por isso, deve-se procurar ajuda médica ou o pronto socorro mais próximo caso surjam sintomas de AVC ou infarto, como dormência ou fraqueza repentina, problema de visão ou da fala, inchaço ou vermelhidão em um braço ou perna, dor no peito que pode se espalhar para o ombro, braço ou rosto, falta de ar, náusea ou aumento da produção de suor. Saiba identificar os sintomas de infarto.                

Quem não deve usar

A talidomida não deve ser tomada durante a gravidez ou caso a mulher esteja planejando engravidar. Além disso, a talidomida não deve ser usada por crianças, mulheres em amamentação, ou por pessoas que tenham alergia à talidomida ou qualquer outro componente da fórmula.

A talidomida também não deve ser usada por pessoas com problemas nos rins ou fígado, histórico de doenças tromboembólicas ou que tenham tendência à formação de coágulos no sangue, baixa contagem de células brancas no sangue ou que sofram de neuropatia periférica.

Também não é indicado fazer uso da talidomida juntamente com remédios ansiolíticos, antidepressivos, anti-histamínicos ou opióides, por exemplo, já que podem interferir no efeito da talidomida.