Mielomeningocele: o que é, sintomas e tratamento (tem cura?)

A mielomeningocele é a forma mais grave de espinha bífida, em que os ossos da coluna não se formam completamente durante a gestação, formando uma bolsa nas costas do bebê que contém medula espinhal, nervos e líquido cefalorraquidiano.

A bolsa da mielomeningocele costuma aparecer na parte baixa das costas, mas pode surgir em qualquer parte da coluna, causando sintomas como perda de sensibilidade, problemas de mobilidade e incontinência urinária e fecal

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O tratamento da mielomeningocele envolve cirurgia para fechar a bolsa e proteger a medula espinhal, mas não consegue reverter totalmente as lesões já existentes.

Imagem ilustrativa número 2

Sintomas de mielomeningocele

Os principais sintomas de mielomeningocele são:

  • Aparecimento de uma bolsa nas costas do bebê;
  • Fraqueza muscular;
  • Perda de sensibilidade abaixo da lesão;
  • Dificuldade de movimentação nas pernas e pés, podendo levar à paralisia;
  • Incontinência urinária e fecal;
  • Atrasos no desenvolvimento;
  • Dificuldades de aprendizagem;
  • Convulsões.

Em alguns casos, é possível também notar problemas na formação do cérebro e excesso de líquido cefalorraquidiano, situação conhecida como hidrocefalia.

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Além disso, podem ocorrer problemas musculoesqueléticos, como pés tortos, luxação do quadril e curvaturas da coluna, como escoliose, e também complicações cardíacas e renais.

A gravidade dos sintomas varia conforme a localização da lesão, quanto mais alta, mais intensa.

Diferença entre meningocele e mielomeningocele

A meningocele é uma forma de espinha bífida em que apenas as meninges e o líquido cefalorraquidiano formam uma bolsa, sem envolver a medula, enquanto a mielomeningocele envolve líquido cefalorraquidiano, medula, nervos e meninges.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico da mielomeningocele é feito pelo obstetra e pode ser realizado durante a gravidez ou logo após o nascimento do bebê.

Marque uma consulta com o obstetra mais próximo para que seja feito o diagnóstico e iniciado o tratamento:

Disponível em: São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Pará, Paraná, Sergipe e Ceará.

No pré-natal, a mielomeningocele é geralmente detectada pelo ultrassom, especialmente no segundo trimestre, e pelo teste de alfa-fetoproteína no sangue materno, que ajuda a identificar risco aumentado de espinha bífida.

Para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da mielomeningocele, a ressonância magnética fetal é usada, especialmente em casos que podem necessitar de cirurgia pré-natal.

A amniocentese também pode ser indicada para descartar doenças genéticas associadas, quando o diagnóstico já foi confirmado.

Após o nascimento, a condição é visível como uma bolsa nas costas, e exames de imagem, como radiografia, ressonância magnética ou tomografia, podem complementar a avaliação.

O que causa 

A mielomeningocele pode ser resultado de fatores genéticos, nutricionais e ambientais, como:

  • Deficiência de ácido fólico. Veja como deve ser feita a suplementação de ácido fólico na gravidez;
  • Histórico familiar de espinha bífida ou outras malformações congênitas;
  • Diabetes materna descontrolada;
  • Obesidade pré-gestacional;
  • Exposição a medicamentos durante a gestação, como anticonvulsivantes.

Além disso, a temperatura corporal elevada, causada por febre prolongada, saunas ou banheiras quentes no início da gravidez, pode aumentar ligeiramente o risco de mielomeningocele.

A causa da mielomeningocele ainda não é totalmente esclarecida, mas a condição ocorre devido à falha no fechamento completo do tubo neural durante o desenvolvimento fetal, geralmente no primeiro mês de gestação.

Como é feito o tratamento

O tratamento da mielomeningocele pode incluir:

1. Cirurgia Fetal

A cirurgia fetal é realizada antes do nascimento, geralmente entre 23 e 26 semanas de gestação, para fechar a abertura nas costas do feto e proteger a medula espinhal. 

Esse procedimento complexo pode reduzir o risco de hidrocefalia, aumentar a força das pernas e melhorar as chances da criança andar.

A cirurgia consiste em anestesia geral para a mãe, abertura do útero, remoção do saco da mielomeningocele e fechamento do defeito em camadas, garantindo proteção da medula espinhal.

No entanto, nem todos os casos podem ser tratados, a escolha médica depende de onde está a lesão e da presença de outras alterações.

2. Cirurgia Pós-Natal

Quando a cirurgia fetal não é realizada, o reparo é feito logo após o nascimento, idealmente nas primeiras 48 horas, com o objetivo de proteger a medula espinhal, reduzir o risco de infecção e limitar danos adicionais.

A cirurgia é feita no hospital com anestesia geral, onde o neurocirurgião fecha primeiro a membrana da medula, depois os músculos e a pele sobre o defeito.

Muitas vezes, há pouca pele na região da mielomeningocele, então o cirurgião pode retirar um pedaço de pele de outra área, como costas ou nádegas, para fechar a abertura.

Embora o tratamento para mielomeningocele com cirurgia seja eficaz para curar a lesão na coluna do bebê, não reverte sequelas já presentes, como paralisia ou incontinência, por exemplo.

Além disso, muitos bebês com mielomeningocele podem desenvolver hidrocefalia, sendo necessário, em alguns casos, uma cirurgia após o primeiro ano de vida para implantar um sistema que drena o líquido para outra parte do corpo.

3. Fisioterapia

A fisioterapia é fundamental para crianças com mielomeningocele, ajudando a manter a força muscular, alongar músculos encurtados e melhorar a mobilidade. 

Devendo ser feita durante o processo de crescimento, para auxiliar no desenvolvimento motor, promover independência nas atividades diárias e reduzir deformidades ortopédicas ao longo do crescimento.

Além disso, a fisioterapia também é uma ótima forma de estimular a criança a lidar com as suas limitações, como no caso da paralisia, permitindo-a ter uma vida independente, através do uso de muletas ou cadeira de rodas, por exemplo.

4. Cuidados a longo prazo

O cuidado contínuo para crianças com mielomeningocele inclui:

  • Acompanhamento regular com urologista, para controle da bexiga e prevenção de infecções urinárias, podendo envolver cateterismo, medicação ou cirurgia;
  • Cirurgia ortopédica, para correção de deformidades como pé torto, luxação de quadril ou escoliose;
  • Terapia ocupacional, para apoio no desenvolvimento de habilidades motoras finas e independência nas atividades diárias;
  • Monitoramento neurológico, para acompanhamento de condições como medula espinhal ancorada, malformação de Chiari ou siringomielia, que podem necessitar de intervenções adicionais.

O cuidado a longo prazo envolve a coordenação entre neurocirurgiões, ortopedistas, urologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e especialistas em desenvolvimento ao longo da infância e adolescência.

Mielomeningocele tem cura?

A mielomeningocele não tem cura, o tratamento corrige a lesão na coluna, evita danos adicionais e ajuda a controlar as sequelas existentes.

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