A ivermectina é um remédio antiparasitário capaz de paralisar e promover a eliminação de vários parasitas, sendo principalmente indicado pelo médico no tratamento da oncocercose, elefantíase, pediculose, ascaridíase e escabiose.
Esse remédio é indicado para adultos e crianças com mais de 5 anos e pode ser encontrado em farmácias, sendo importante consultar o médico quanto ao seu uso, pois a dose pode variar de acordo com o agente infeccioso a ser tratado.

Para que serve
A ivermectina é um medicamento antiparasitário muito indicado no tratamento de diversas doenças, como por exemplo:
- Estrongiloidíase intestinal;
- Filariose, popularmente conhecida como elefantíase;
- Escabiose, também chamada de sarna;
- Ascaridose, que é a infecção pelo parasita Ascaris lumbricoides;
- Pediculose, que é a infestação por piolhos;
- Oncocercose, popularmente conhecida como cegueira dos rios.
É importante que o uso da ivermectina seja feito de acordo com a orientação do médico, pois assim é possível prevenir o aparecimento de efeitos colaterais como diarreia, cansaço, dor de barriga, perda de peso, prisão de ventre e vômitos. Em alguns casos, também podem surgir tonturas, sonolência, vertigens, tremores e urticária na pele.
Como usar
A ivermectina é normalmente usada em dose única de acordo com o agente infeccioso que deve ser eliminado. O medicamento deve ser tomado em jejum, uma hora antes da primeira refeição do dia. Não deve ser ingerido com medicamentos da classe dos barbituratos, benzodiazepinas ou ácido valproico.
1. Estrongiloidíase, filariose, piolhos e sarna
Para tratar a estrongiloidíase, filariose, infestação por piolhos ou sarna, a dose recomendada deve ser ajustada ao peso, da seguinte forma:
Peso (em kg) | Número de comprimidos (6 mg) |
15 a 24 | ½ comprimido |
25 a 35 | 1 comprimido |
36 a 50 | 1 ½ comprimido |
51 a 65 | 2 comprimidos |
66 a 79 | 2 ½ comprimidos |
mais de 80 | 200 mcg por kg |
2. Oncocercose
Para tratar a oncocercose, a dose recomendada, em função do peso é a seguinte:
Peso (em kg) | Número de comprimidos (6 mg) |
15 a 25 | ½ comprimido |
26 a 44 | 1 comprimido |
45 a 64 | 1 ½ comprimido |
65 a 84 | 2 comprimidos |
mais de 85 | 150 mcg por kg |
Possíveis efeitos colaterais
Alguns dos efeitos colaterais mais comuns que podem ocorrer durante o tratamento com ivermectina são diarréia, náusea, vômitos, fraqueza e falta de energia generalizada, dor abdominal, perda do apetite ou prisão de ventre. Geralmente, essas reações são leves e transitórias.
Além disso, também podem ocorrer reações alérgicas, especialmente quando se toma a ivermectina para oncocercose, que podem se manifestar com dor abdominal, febre, coceira pelo corpo, manchas vermelhas na pele, inchaço nos olhos ou nas pálpebras. Caso estes sintomas surjam é aconselhado interromper o uso do medicamento e procurar ajuda médica imediatamente ou o pronto-socorro mais próximo.
Quem não deve tomar
Este remédio está contraindicado para grávidas, mulheres que estejam amamentando, crianças com menos de 5 anos ou 15 kg e pacientes com meningite ou asma. Além disso, também não deve ser usado em pessoas com hipersensibilidade à ivermectina ou qualquer outro dos componentes presentes na fórmula.

Ivermectina e COVID-19
O uso da ivermectina contra a COVID-19 tem sido amplamente discutido na comunidade científica, isso porque esse antiparasitário possui ação antiviral contra o vírus responsável pela febre amarela, ZIKA e dengue e, por isso, é suposto que teria também efeito contra o SARS-CoV-2.
No tratamento da COVID-19
A ivermectina foi testada por investigadores na Austrália, numa cultura de células in vitro, que demonstraram que esta substância é eficaz na eliminação do vírus SARS-CoV-2, em apenas 48 horas [1] . Porém, estes resultados não são suficientes para comprovar a sua eficácia em humanos, sendo necessários ensaios clínicos para verificar a sua real eficácia in vivo, e determinar ainda se a dose terapêutica é segura em humanos, o que poderá demorar entre 6 a 9 meses.
Um estudo realizado com pacientes hospitalizados em Bangladesh [2] teve como objetivo verificar se o uso de ivermectina seria seguro para esses pacientes e haveria algum efeito contra o SARS-CoV-2. Assim, esses pacientes foram submetidos a um protocolo de tratamento de 5 dias apenas com ivermectina (12 mg) ou dose única de ivermectina (12 mg) em combinação com outros medicamentos por 4 dias, e o resultado foi comparado com o grupo placebo constituído por 72 pacientes. Como resultado, os pesquisadores verificaram que o uso de apenas ivermectina foi seguro e que foi eficaz no tratamento de COVID-19 leve em pacientes adultos, no entanto mais estudos são necessários para confirmar esses resultados.
Um outro estudo realizado na Índia teve como objetivo verificar se o uso de ivermectina por via inalatória teria efeito anti-inflamatório contra a COVID-19 [3], já que esse medicamento tem potencial de interferir no transporte de uma estrutura do SARS-CoV-2 para o núcleo das células humanas, resultando no efeito antiviral. No entanto esse efeito só seria possível com doses elevadas de ivermectina (dose superior à recomendada para o tratamento das parasitoses), o que poderia resultar em efeitos de toxicidade. Assim, como alternativa às elevadas doses de ivermectina, os pesquisadores propuseram o uso desse medicamento por via inalatória, o que poderia ter melhor ação contra o SARS-CoV-2, no entanto essa via de administração ainda precisa ser melhor estudada.
Por outro lado, em um estudo realizado com 325 pacientes diagnosticados com COVID-19, em que 248 não possuíam comorbidades, foi possível verificar que o uso da ivermectina impediu a progressão da doença e o desenvolvimento de complicações [4]. Nesse estudo um grupo foi tratado com ivermectina 24 horas após o internamento e teve o cuidado de suporte (antipiréticos, anti-histamínicos e antibióticos, no caso de infecções secundárias), enquanto que o outro grupo só teve o tratamento de suporte, e ambos foram acompanhados quanto ao resultado de exames realizados para negatividade da infecção, tempo de internamento, progressão da doença e taxa de mortalidade.
Como resultado, foi observado que no grupo tratado com ivermectina não houve progressão da doença e nem desenvolvimento de complicações ou necessidade de ventilação mecânica, diferentemente do grupo que recebeu apenas tratamento de suporte. Assim, o uso de ivermectina parece ter relação com a melhora dos sintomas e do prognóstico.
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Na prevenção da COVID-19
Além da ivermectina estar sendo estudada como forma de tratamento da COVID-19, outros estudos têm sido feitos com o objetivo de verificar se o uso desse medicamento ajudaria a prevenir a infecção.
Um estudo realizado por pesquisadores dos Estados Unidos teve como objetivo investigar o porquê a COVID-19 tem incidências diferentes em vários países [5]. Como resultado dessa investigação, verificaram que os países africanos tem menor incidência devido à realização de uso de medicamentos em massa, principalmente antiparasitários, incluindo a ivermectina, devido ao maior risco de parasitoses nesses países.
Assim, os pesquisadores acreditam que o uso da ivermectina poderia diminuir a taxa de replicação do vírus e prevenir o desenvolvimento de doença, porém esse resultado é apenas baseado em correlações, não tendo sido feitos ensaios clínicos.
Outro estudo relatou que o uso de nanopartículas associadas com a ivermectina poderia diminuir a expressão dos receptores presentes nas células humanas, o ACE2, que ligam-se ao vírus, e da proteína presente na superfície do vírus, diminuindo o risco de infecção [6]. No entanto, são necessários mais estudos in vivo para comprovar o efeito, assim como estudos de toxicidade para verificar que o uso de nanopartículas com ivermectina é seguro.
Em relação ao uso de ivermectina de forma preventiva, ainda não existem estudos conclusivos. Porém, para que a ivermectina atue impedindo ou reduzindo a entrada de vírus nas células, é necessário que exista carga viral, pois assim é possível haver a ação antiviral do medicamento.