O que significa "hemostasia" e como acontece (primária, secundária e fibrinólise)

Revisão clínica: Marcela Lemos
Biomédica
fevereiro 2022

A hemostasia corresponde a uma série de processos que acontecem dentro dos vasos sanguíneos que tem como objetivo manter o sangue fluido, sem que haja a formação de coágulos ou hemorragia. Didaticamente a hemostasia acontece em três etapas que acontecem de forma rápida e coordenada:

  • Hemostasia primária, que tem início a partir do momento em que acontece uma lesão no vaso, havendo a estimulação de mecanismos capazes de promover a vasoconstrição e a diminuição do fluxo sanguíneo local;
  • Hemostasia secundária, que envolve a ativação da cascata de coagulação;
  • Fibrinólise, em que há a destruição do tampão hemostático, restabelecendo o fluxo sanguíneo local.

Apesar de serem separadas didaticamente, todas as etapas acontecem de forma simultânea.

Imagem ilustrativa número 1

Como acontece

A hemostasia acontece didaticamente em três etapas que são dependentes e ocorrem de forma simultânea e coordenada:

1. Hemostasia primária

A hemostasia tem início a partir do momento que ocorre lesão no vaso sanguíneo. Como resposta à lesão, acontece a vasoconstrição do vaso lesionado com o objetivo de diminuir o fluxo sanguíneo local e, assim, evitar a hemorragia ou a trombose.

Ao mesmo tempo as plaquetas são ativadas e aderem ao endotélio dos vasos por meio do fator de von Willebrand. Em seguida as plaquetas alteram o seu formato para que possam liberar o seu conteúdo no plasma, que tem como função recrutar mais plaquetas para o local da lesão, e passam a aderir umas as outras, formando o tampão plaquetário primário, que possui efeito temporário.

Saiba mais sobre as plaquetas e suas funções.

2. Hemostasia secundária

Ao mesmo tempo que ocorre a hemostasia primária, a cascata de coagulação é ativada, fazendo com que as proteínas responsáveis pela coagulação seja ativada. Como resultado da cascata de coagulação há formação de fibrina, que tem como função reforçar o tampão plaquetário primário, tornando-o mais estável.

Os fatores da coagulação são proteínas que circulam no sangue em sua forma inativa, mas são ativadas de acordo com a necessidade do organismo e possuem como objetivo final a transformação do fibrinogênio em fibrina, que é essencial para o processo de estancamento do sangue.

3. Fibrinólise

A fibrinólise é a terceira etapa da hemostasia e consiste no processo de destruição do tampão hemostático, de forma gradual, para restaurar o fluxo sanguíneo normal. Esse processo é mediado pela plasmina, que é uma proteína proveniente do plasminogênio e que tem como função degradar a fibrina.

Imagem ilustrativa número 2

Como identificar alterações da hemostasia

As alterações da hemostasia podem ser detectadas por meio de exames de sangue específicos, como por exemplo:

  • Tempo de sangramento (TS): Esse exame consiste em verificar o tempo em que ocorre a hemostase e pode ser feito por meio de um pequeno furo na orelha, por exemplo. Por meio do resultado do tempo de sangramento é possível avaliar a hemostasia primária, ou seja, se as plaquetas possuem função adequada. Apesar de ser um teste muito utilizado, essa técnica pode causar desconforto, principalmente em crianças, já que é necessário fazer um pequeno furo na orelha e possui correlação baixa com a tendência de hemorragia da pessoa;
  • Teste de agregação plaquetária: Por esse exame é possível verificar a capacidade de agregação das plaquetas, sendo também útil como forma de avaliar a hemostasia primária. As plaquetas da pessoa são expostas a diversas substâncias capazes de induzir a coagulação e o resultado pode ser observado em um equipamento que mede o grau de agregação das plaquetas;
  • Tempo de protrombina (TP): Esse exame avalia a capacidade do sangue de coagular a partir da estimulação de uma das vias da cascata de coagulação, a via extrínseca. Assim, verifica em quanto tempo o sangue leva para gerar o tampão hemostático secundário. Entenda o que é e como é feito o exame tempo de protrombina;
  • Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado (TTPA): Esse exame também avalia a hemostasia secundária, no entanto verifica o funcionamento dos fatores de coagulação presentes na via intrínseca da cascata de coagulação;
  • Dosagem do fibrinogênio: Esse teste é feito com o objetivo de verificar se há quantidade suficiente de fibrinogênio que possa ser utilizado para gerar fibrina.

Além desses testes, o médico pode recomendar outros, como a dosagem dos fatores de coagulação, por exemplo, para que se possa saber se há deficiência de algum fator de coagulação que possa interferir no processo de hemostasia.

Esta informação foi útil?

Escrito por Marcela Lemos - Biomédica. Atualizado por Manuel Reis - Enfermeiro, em fevereiro de 2022. Revisão clínica por Marcela Lemos - Biomédica, em fevereiro de 2022.

Bibliografia

  • GALE Andrew. Current Understanding of Hemostasis. HHS Public Access. 39. 1; 273-280, 2011
Revisão clínica:
Marcela Lemos
Biomédica
Mestre em Microbiologia Aplicada, com habilitação em Análises Clínicas e formada pela UFPE em 2017 com registro profissional no CRBM/ PE 08598.