Como controlar a raiva (no adulto e em crianças)

Atualizado em dezembro 2021

Os ataques de raiva recorrentes, conhecidos cientificamente como transtorno explosivo intermitente ou até síndrome de Hulk, são episódios em que a pessoa reage de forma muito agressiva, podendo acontecer verbalmente, como xingar, ou através de comportamentos físicos, como bater ou morder.

Essas crises de raiva na maior parte das vezes parecem acontecer sem motivo que possam justificar a intensidade da explosão emocional, mas são resultado da falta de capacidade de controlar os próprios impulsos, podem ter uma duração de 30 minutos e acontecer tanto em crianças quanto em adultos.

No entanto, é possível o controle dessas crises de raiva através de psicoterapia e em alguns casos o uso de medicamentos calmantes.

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Dicas para controlar os ataques de raiva

De acordo com a idade, existem diferentes estratégias que podem ser usadas:

1. No adulto

No adulto, uma das formas mais eficazes de evitar ter um surto de raiva consiste em se concentrar na respiração. Assim, pode-se contar até 10 e, durante esses segundos, aproveitar para refletir e tentar pensar no problema de outra forma, evitando partir imediatamente para a agressividade. Outra opção também consiste em se afastar da pessoa ou situação que está provocando o estresse.

No entanto, e embora seja importante saber controlar a raiva no momento, também é aconselhado que a pessoa vá trabalhando no excesso de raiva a longo prazo, evitando novas crises. Para fazer isso, alguns passos incluem:

  • Reconhecer e definir o problema: estar consciente do que causa o ataque de raiva e aceitá-lo permite pensar em alternativas para evitar o sentimento de ira;

  • Antecipar-se: criar estratégias, como escutar música antes de um evento que cause raiva, como o trânsito, por exemplo, pode ajudar a diminuir as respostas agressivas;

  • Praticar exercício físico regular: é fundamental para poder canalizar o estresse, sendo especialmente recomendados os exercícios com maior descarga de energia como kickboxing ou algo mais relaxante como pilates;

  • Evitar as fontes de estresse: por exemplo, caso se identifique que existe uma pessoa que faça parte do dia a dia e que causa muita irritação, deve-se tentar afastar dela para reduzir as probabilidades de ter outro surto;

  • Entender o que provoca os ataques de raiva: isso pode ser feito através da terapia com o psicólogo, mas também através da reflexão sobre momentos do dia a dia. Algumas das situações mais comuns incluem estar preso no trânsito ou receber algum tipo de insulto.

Caso se sinta que o temperamento explosivo está sendo prejudicial para as relações interpessoais ou caso amigos e familiares mencionem de forma direta que o comportamento está diferente em alguns momentos, é importante procurar ajuda de um profissional, como o psicólogo.

2. Na criança

Já no caso das crianças é importante que se perceba que a explosão agressiva normalmente se deve à incapacidade de lidar com a frustração, por não ter experiências prévias de como atuar frente a este tipo de situação. Assim, para minimizar os efeitos imediatos destes surtos também chamados de birras, deve-se tentar distrair a criança, por exemplo tirando-a do ambiente estressante ou propondo uma nova brincadeira.

No entanto é necessário que se trabalhe com a criança para evitar futuros surtos, sendo que algumas estratégias incluem:

  • Dizer não: é importante que os pais ou responsáveis ponham limites aos desejos da criança para que ela aprenda que nem sempre se consegue o que se deseja. Se houver um surto de agressividade a criança não pode conseguir o que quer, senão ela aprende que sempre que quiser algo tem de agir assim.

  • Ser um exemplo: a criança absorve o seu ambiente. Assim, se ela observar que sua família é agressiva também terá tendência para ser. Por isso é fundamental que se seja coerente e seguir os modelos que se tenta ensinar.

  • Criar um clima de confiança: para que a criança sinta segurança para liberar o que sente. Nesses momentos é importante explicar que é normal que se sinta triste ou chateada mas que não é correto bater, morder ou ter outro tipo de comportamento agressivo.

Sempre que se lida com a criança é aconselhado utilizar uma linguagem adequada à idade, assim como baixar-se à altura dela, mantendo o discurso curto, simples e claro, porque crianças pequenas não conseguem se concentrar durante longos períodos de tempo.

Quando a agressividade pode estar relacionada com uma fase típica do desenvolvimento infantil ou quando as estratégias acima ajudam, geralmente não é precisa de se preocupar. No entanto, se verificar que a criança não está conseguindo lidar com a frustração, se machuca a ela própria ou aos outros, pode ser necessário pedir avaliação de um psicólogo.

Como é feito o tratamento

Quando não se consegue expressar de forma saudável a raiva, podem surgir vários problemas a longo prazo, como depressão, ansiedade, dificuldade para dormir ou mesmo a adoção de comportamentos aditivos, como droga ou álcool.

Assim, é recomendado consultar um psicólogo, que normalmente utiliza a terapia cognitiva comportamental para ajudar a perceber os motivos que estão na origem das explosões de raiva. Dessa forma, é importante tomar consciência do que acontece antes de um surto para que se possam criar estratégias para lidar melhor com os seus impulsos agressivos.

Os surtos também se devem muitas vezes a um acúmulo de situações negativas que não foram resolvidas no passado, mas que se manifestam como reações agressivas desadequadas a determinada situação como um insulto, que pode nem estar relacionado.

No entanto, depois de consultar o psicólogo se o mesmo considerar que após avaliação é necessário recorrer ao uso de medicação para controlar o humor irá encaminhar para um psiquiatra.