9 principais causas de apendicite

Revisão médica: Dr.ª Clarisse Bezerra
Médica de Saúde Familiar
janeiro 2023

A apendicite é normalmente causada por uma obstrução ou entupimento do orifícios do apêndice, devido ao acúmulo de fezes, aumento da produção de muco ou presença de vermes intestinais ou de um fecalito, por exemplo, levando a uma inflamação ou infecção do apêndice, e surgimento de sintomas como dor no lado direito e embaixo do abdômen, assim como febre baixa, vômito, diarreia e enjoos.

O apêndice é um órgão do sistema digestivo que localiza-se entre o intestino grosso e delgado e tem a função de produzir muco constantemente que se mistura com as fezes. Mas por ser um órgão que tem o formato de um dedo de luva, sempre que há obstrução do apêndice o órgão inflama gerando apendicite. Confira todos os sintomas da apendicite

O tratamento da apendicite deve ser feito o mais rápido possível sempre que surgirem os sintomas, de forma a evitar complicações como rompimento do apêndice e infecção do revestimento do abdômen por bactérias, podendo causar danos sobre os órgãos internos e colocar a vida em risco. 

Imagem ilustrativa número 1

As principais causas de apendicite são:

1. Acúmulo de fezes dentro do apêndice

O acúmulo de fezes dentro do apêndice pode causar uma obstrução do orifício do apêndice, levando a sua inflamação e crescimento de bactérias dentro do apêndice, como Escherichia coli, Peptostreptococcus, Bacteroides e Pseudomonas, por exemplo, causando infecção, podendo resultar em abscesso ou até ruptura do apêndice.

2. Vermes intestinais

Os vermes intestinais podem entrar no apêndice e impedir a saída do muco que é produzido por este, levando ao aumento do órgão, e a sua consequente ruptura.

3. Fecalito

O fecalito é uma pedra formada por fezes endurecidas que pode causar um entupimento do apêndice, provocando sua inflamação e desenvolvimento da apendicite.

4. Hiperplasia linfóide

A hiperplasia linfóide é um crescimento do revestimento interno do apêndice, geralmente devido a uma resposta do sistema imunológico para combater microorganismos, como bactérias, resultando em acúmulo de secreção dentro do apêndice, que leva à sua obstrução e inflamação, e desenvolvimento da apendicite.

Além disso, a hiperplasia linfóide pode surgir devido a presença de vermes intestinais no ceco, que é a parte inicial do intestino grosso, ligada diretamente ao apêndice, levando a um aumento de anticorpos para combater os vermes, resultando em acúmulo de muco, obstrução e inflamação do apêndice cecal, sendo conhecida como hiperplasia linfóide reacional.

5. Traumatismos abdominais

A apendicite também pode ser causada devido a traumatismo abdominais, como pancadas fortes na barriga e acidentes de carro, podendo levar à inflamação, infecção ou rompimento do apêndice.

6. Infecções intestinais

As infecções intestinais causadas por vírus, bactérias, fungos ou parasitas, como Bacteroides, Peptostreptococcus, Fusobacterium, Campylobacter jejuni ou Bilophila,podem causar inflamação e infecção do apêndice, resultando na apendicite. Confira as principais infecções intestinais

7. Pressão dos gânglios linfáticos

A pressão dos gânglios linfáticos exercida sobre o apêndice devido a alguma infecção, também pode causar a apendicite.

8. Acúmulo de gases dentro do apêndice

Os gases produzidos pelas bactérias que normalmente vivem dentro do apêndice, podem se acumular, levando a uma irritação e inflamação do apêndice e resultar na apendicite.

9. Dieta pobre em fibras

A dieta pobre em fibras pode levar a uma diminuição dos movimentos intestinais, fazendo com que as fezes permaneçam mais tempo no intestino, o que pode favorecer a formação de fecalito e o desenvolvimento da apendicite aguda.

Além disso, uma dieta rica em alimentos processados, industrializados, fast food, carnes vermelhas e com muita gordura, ou alimentos ricos em açúcar, também podem levar a um processo de fermentação e digestão constantes, aumentando o risco de apendicite. 

Qual médico procurar 

Se o indivíduo suspeitar estar com apendicite, o mais indicado é ir ao pronto-socorro o mais rápido possível para evitar o rompimento do órgão e as suas consequências. 

Responda a estas perguntas e saiba se realmente pode estar com uma apendicite: Sintomas da apendicite

Como é feito o diagnóstico 

O diagnóstico da apendicite é feito ao observar a característica da dor do indivíduo e através da análise de exames de diagnóstico como ultrassom ou tomografia do abdômen, raio-x de abdômen, exame simples de urina e sangue.

Estes exames servem para excluir as hipóteses de outras doenças e servem para confirmar a inflamação do apêndice. Se mesmo assim o médico ficar em dúvida, a laparoscopia será capaz de confirmar o diagnóstico de apendicite.

Assim que é dado o diagnóstico, o médico deverá indicar a retirada do apêndice, por meio de uma cirurgia. Este procedimento evita reinfecções do órgão e diminui o risco de morte devido à complicações da apendicite, como a entrada de bactérias nocivas ao organismo na cavidade abdominal e na corrente sanguínea.

Quais os tratamentos para Apendicite

Os principais tratamentos para a apendicite são:

Tratamento para apendicite aguda

O tratamento para apendicite aguda é feito com a cirurgia para a retirada do apêndice, chamada de apendicectomia.

A cirurgia deve ser realizada o mais rapidamente possível para evitar uma nova inflamação e que o apêndice rompa, pois se ele romper pode provocar complicações, como sepsis, que é uma infecção grave do organismo que pode levar à morte.

Atualmente, a técnica cirúrgica mais utilizada para retirar o apêndice é a laparoscopia, em que são feitos 3 pequenos furos, permitindo uma recuperação mais rápida e menos dolorosa. Contudo, pode-se recorrer à cirurgia tradicional fazendo um corte na região direita do abdômen, para a retirada do apêndice.

O internamento dura cerca de 1 a 2 dias, a recuperação geralmente ocorre por volta dos 15 dias após a cirurgia, podendo chegar aos 30 dias em caso de apendicectomia tradicional e o retorno às atividades físicas depois de 3 meses.

Nos primeiros dias depois da cirurgia o indivíduo deve repousar, comer alimentos ricos em fibras, evitar levantar objetos pesados, beber bastantes líquidos e evitar dirigir. Confira mais detalhes do que comer depois de uma apendicite

Tratamento para apendicite crônica

O tratamento da apendicite crônica é feito com o uso de analgésicos, antitérmicos, antibióticos e anti-inflamatórios. No entanto, é possível que os medicamentos não sejam suficientes e o indivíduo ter que fazer cirurgia para retirar o apêndice.

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Escrito por Marcelle Pinheiro - Fisioterapeuta. Atualizado e revisto clinicamente por Dr.ª Clarisse Bezerra - Médica de Saúde Familiar, em janeiro de 2023.

Bibliografia

  • JONES, M. W.; LOPEZ, R. A.; DEPPEN, J. G. IN: STATPEARLS [INTERNET]. TREASURE ISLAND (FL): STATPEARLS PUBLISHING. Appendicitis. 2022. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK493193/>. Acesso em 01 set 2022
  • RAMDASS, M. J.; et al. Association between the appendix and the fecalith in adults. Can J Surg. 58. 1; 10–14, 2015
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  • CARVALHO, N.; et al. The aetiology of acute appendicitis. Is allergy the missing link? A narrative review. Revista Portuguesa de Cirurgia . 52. 1-10, 2022
Revisão médica:
Dr.ª Clarisse Bezerra
Médica de Saúde Familiar
Formada em Medicina pelo Centro Universitário Christus e especialista em Saúde da Família pela Universidade Estácio de Sá. Registro CRM-CE nº 16976.