Bactérias na urina (bacteriúria): como identificar, causas e o que fazer

Atualizado em dezembro 2023

A bacteriúria corresponde à presença de bactérias na urina, podendo ser devido à coleta inadequada da urina, havendo contaminação da amostra, ou devido à infecção urinária, podendo ser observada também nessas situações outras alterações no exame de urina, como presença de leucócitos, células epiteliais e, em alguns casos, hemácias.

A presença de bactérias na urina é verificada através do exame de urina do tipo I, sendo nesse exame indicada a presença ou ausência desses microrganismos. Além disso, devem ser avaliados pelo médico outros parâmetros do exame de urina, como presença de leucócitos, cilindros e hemácias, pH e cor da urina.

De acordo com o resultado do exame de urina, o clínico geral, urologista ou ginecologista pode indicar o tratamento adequado, caso seja necessário, ou solicitar a realização de exames complementares.

Imagem ilustrativa número 1

Como identificar a bacteriúria

A bacteriúria é identificada por meio do exame de urina do tipo 1, em que através da visualização da urina no microscópio é possível observar se há ou não bactérias, sendo indicado no laudo do exame:

  • Bactérias ausentes, quando não são observadas bactérias;
  • Raras bactérias ou +, quando são visualizadas 1 a 10 bactérias em 10 campos microscópicos observados;
  • Algumas bactérias ou ++, quando são observadas entre 4 e 50 bactérias;
  • Frequentes bactérias ou +++, quando são observadas até 100 bactérias em 10 campos lidos;
  • Numerosas bactérias ou ++++, quando são identificadas mais de 100 bactérias nos campos microscópicos observados.

Na presença de bacteriúria, o médico que solicitou o exame deve avaliar o exame de urina como um todo, observando qualquer outra alteração presente no laudo para que se possa chegar a um diagnóstico e iniciar o tratamento. Geralmente quando é indicado no laudo a presença de raras ou algumas bactérias é indicativo da microbiota normal do sistema urinário, não sendo motivo de preocupação ou início de tratamento.

Normalmente na presença de bactérias na urina, é solicitada a realização da urocultura, principalmente se a pessoa apresentar sintomas, para que seja identificada a espécie da bactéria, quantidade de colônias formadas e o perfil de resistência e sensibilidade da bactéria, sendo essa informação importante para que o médico indique o antibiótico mais indicado para o tratamento. Entenda como é feita a urocultura com antibiograma.

O que pode ser bactéria na urina

As principais causas de bacteriúria são:

1. Contaminação da amostra

A contaminação da amostra é uma das causas mais frequentes de bactérias na urina principalmente quando são observadas várias células epiteliais, presença de muco e ausência de leucócitos. Essa contaminação acontece no momento da coleta, em que a pessoa não realiza a higienização correta para coleta ou não despreza o primeiro jato da urina. Nesses casos, na maioria das vezes, as bactérias identificadas fazem parte do sistema urinário, não representando risco para a saúde.

O que fazer: Caso não tenham sido identificadas outras alterações no exame de urina, o médico pode não levar em consideração o aumento do número de bactérias, no entanto, em alguns casos, pode ser solicitada nova coleta, sendo importante dessa vez realizar a higienização correta da região íntima, desprezar o primeiro jato e levar para o laboratório até 60 minutos após a coleta para que seja avaliada.

2. Infecções urinárias

Quando não se trata de contaminação da amostra, a presença de bactérias na urina, principalmente quando são visualizadas frequentes ou numerosas bactérias, pode ser indicativo de infecção do sistema urinário. Além da bacteriúria podem ser verificadas algumas ou numerosas células epiteliais, além de vários ou numerosos leucócitos dependendo do microrganismo responsável pela infecção e sua quantidade.

Para confirmar a infecção urinária, principalmente quando existem sintomas, o médico normalmente indica a realização da urocultura para identificar a bactéria responsável pela infecção e a sua quantidade, sendo normalmente indicativo de infecção quando há mais de 1.000.000 ufc/ mL. Saiba mais sobre a urocultura.

O que fazer: O tratamento com antibiótico das infecções urinárias normalmente só é indicado quando a pessoa possui sintomas relacionados à infecção, como dor ou ardor ao urinar, urina com sangue ou sensação de peso na bexiga, por exemplo. Nesses casos, o clínico geral, urologista ou ginecologista pode indicar o uso de antibiótico de acordo com a bactéria identificada e seu perfil de sensibilidade.

No entanto, quando não são observados sintomas, o uso de antibióticos normalmente não é indicado, pois pode induzir resistência bacteriana, o que torna o tratamento mais complicado.

3. Tuberculose

Apesar de ser raro, é possível que na tuberculose sistêmica possam ser encontradas bactérias na urina e, por isso, o médico pode solicitar a realização de exame de urina para pesquisa de Mycobacterium tuberculosis, que é a bactéria responsável pela tuberculose.

Normalmente a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis na urina só é realizada como forma de acompanhar o paciente e a resposta ao tratamento, sendo o diagnóstico realizado por meio do exame do escarro ou prova da tuberculina, conhecida como PPD. Entenda como é feito o diagnóstico da tuberculose.

O que fazer: Quando é verificada a presença de bactéria na urina do paciente com tuberculose, o médico deve avaliar se o tratamento está sendo realizado corretamente ou se a bactéria tornou-se resistente ao medicamento indicado, podendo indicar a mudança no antibiótico ou esquema terapêutico. O tratamento para tuberculose é feito com antibióticos e deve ser continuado mesmo que a pessoa não apresente mais sintomas, isso porque nem todas as bactérias podem ter sido eliminadas.

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