Hérnia inguinal: sintomas, causas, cirurgia e recuperação

Revisão médica: Dr.ª Clarisse Bezerra
Médica de Saúde Familiar
julho 2022
  1. Sintomas
  2. Marcar consulta
  3. Causas
  4. Cirurgia
  5. Complicações

A hérnia inguinal é uma protuberância que surge na região da virilha, mais frequente em homens, que geralmente se deve a uma parte do intestino que sai através de um ponto fraco dos músculos abdominais.

Existem 2 tipos principais de hérnia inguinal:

  • Hérnia inguinal direta: é mais comum nos adultos e idosos, acontecendo após fazer esforços que aumentam a pressão na barriga, como pegar em objetos pesados;
  • Hérnia inguinal indireta: é mais comum nos bebês e crianças, pois acontece por um problema congênito que permite a entrada de um pedaço do intestino na região da virilha e até do saco escrotal.

Em ambos os casos, o tratamento é feito com cirurgia, para recolocar o intestino no local correto e fortalecer os músculos do abdômen, para que não volte a acontecer.

Imagem ilustrativa número 1

Sintomas de hérnia inguinal

Os sintomas mais comuns da hérnia inguinal são:

  • Protuberância ou inchaço na região da virilha;
  • Dor ou desconforto na virilha ao levantar-se, curvar-se ou levantar peso;
  • Sensação de peso na virilha;
  • Dor que irradia para os testículos, no caso dos homens.

Nos bebês, a hérnia pode ser mais difícil de identificar porque pode não existir uma saliência na virilha na hora de trocar a fralda. No entanto, uma forma de avaliar a presença da hérnia é observar a virilha no momento em que o bebê está chorando ou durante a evacuação ou tosse, já que a pressão provocada por esses esforços torna a hérnia mais visível.

Em quase todos os casos de hérnia, o médico pode empurrar o intestino para o interior do abdômen, aliviando os sintomas, mas é sempre necessário fazer cirurgia para corrigir definitivamente o problema. Quando a hérnia não volta para o interior do abdômen, existe um elevado risco de encarceramento, em que o intestino fica preso e pode ocorrer morte dos tecidos.

Como saber se a hérnia está encarcerada

Para saber se está havendo encarceramento da hérnia, ou seja, se o intestino está preso, é importante estar atento a alguns sintomas, como:

  • Dor muito intensa na hérnia;
  • Vômitos;
  • Distensão abdominal;
  • Ausência de fezes;
  • Inchaço da região inguinal.

Este tipo de complicação é mais frequente em bebês, pois muitas vezes a hérnia é difícil de identificar e, por isso, como o tratamento não é iniciado a tempo, a hérnia vai piorando ao longo do tempo. Assim, é aconselhado que, se existir suspeita de hérnia no bebê, se consulte o pediatra o mais rápido possível.

Quando marcar consulta

O diagnóstico de hérnia inguinal pode ser feito por um clínico geral, mas geralmente é necessário fazer o encaminhamento para um cirurgião geral, que irá avaliar o local e confirmar a necessidade, ou não, de cirurgia.

Na maior parte dos casos, o diagnóstico é feito apenas com o exame físico, em que o médico pede para tossir ou fazer força com a barriga, para identificar se a hérnia fica mais saliente, ajudando na identificação. Porém, em alguns casos, pode ser preciso fazer outros exames de diagnóstico, como uma ultrassonografia, para confirmação.

Principais causas de hérnia inguinal

A hérnia na região inguinal acontece quando a parede abdominal está enfraquecida, deixando que o intestino faça pressão sobre os músculo e acabe saindo para debaixo da pele. Por esse motivo, a hérnia só pode acontecer quando existe um enfraquecimento dos músculos do abdômen, que é mais comum em pessoas com:

  • Aumento da pressão abdominal, por tosse crônica ou prisão de ventre;
  • Defeitos congênitos na região abdominal, no caso das crianças;
  • Pessoas com obesidade e hipertensão
  • Fumantes.

Além disso, a hérnia também é muito mais frequente em crianças ou idosos, devido à fragilidade da parede abdominal.

Cirurgia para hérnia inguinal

A cirurgia para hérnia inguinal, também conhecida como hernioplastia inguinal, é a melhor forma de tratamento, sendo indicada especialmente quando existem sintomas. A cirurgia é realizada sob anestesia raquidiana e dura cerca de 2 horas.

Este tipo de cirurgia pode ser feito de forma clássica, no qual é feito um corte na região da hérnia para colocar o intestino no local, ou por laparoscopia, em que são realizados apenas 3 pequenos cortes, e pode ser colocada ou não uma tela sintética, que ajuda a reforçar a musculatura da área e evitar a formação de uma nova hérnia. No entanto, o tipo de cirurgia depende de qual é o tipo de hérnia e do estado de saúde do paciente.

Como é a recuperação

A recuperação é relativamente rápida, mas como a hernioplastia quase sempre é feita de forma clássica, geralmente é preciso ficar internado por 1 a 2 dias, para garantir que os sinais vitais estão estáveis e que não surge uma infecção.

Depois, ao regressar a casa é importante ter alguns cuidados, especialmente durante as primeiras 2 semanas, como:

  • Evitar dobrar o tronco até à completa cicatrização da ferida;
  • Não segurar em mais de 2 kg de peso;
  • Não dormir de barriga para baixo;
  • Aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras, para evitar a prisão de ventre e o esforço para defecar.

Além disso, também é aconselhado que durante o primeiro mês se evite fazer esforços e ficar muito tempo sentado, por isso não é recomendado dirigir.

Possíveis complicações

A principal complicação da hérnia acontece quando o intestino fica muito preso na parede abdominal, acabando por perder o fornecimento de sangue. Quando isso acontece, os tecidos do intestino podem começar a morrer, causando dor intensa, vômitos, náuseas e dificuldade para se movimentar.

Estes casos normalmente só acontecem numa hérnia não tratada e devem tratados o mais rápido possível no hospital para evitar a morte completa dos tecidos. Caso isso aconteça pode ser necessário fazer uma cirurgia para retirar uma parte do intestino.

Além disso, como consequência da hérnia inguinal, pode haver o desenvolvimento de hérnia escrotal, em que a hérnia atinge o escroto, que é o tecido que envolve e protege o testículo. Dessa forma, além do estrangulamento intestinal, também pode haver alteração na produção e armazenamento dos espermatozoides, levando à infertilidade. Veja mais sobre a hérnia escrotal.

Como evitar o surgimento de uma hérnia

Nem sempre é possível evitar que a hérnia surja, no entanto, existem algumas medidas que podem diminuir o risco, como por exemplo:

  • Praticar exercício físico regular, pelo menos 3 vezes por semana, para manter os músculos fortalecidos;
  • Fazer uma dieta rica em legumes e outras fibras, para diminuir as chances de prisão de ventre que aumenta a pressão abdominal;
  • Evitar pegar em objetos muito pesados, especialmente sem ajuda.

Além disso, parar de fumar e manter um peso corporal ideal também ajuda a reduzir a pressão na região abdominal, diminuindo as chances de uma hérnia. Veja como calcular qual o seu peso ideal.

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Escrito por Marcelle Pinheiro - Fisioterapeuta. Atualizado por Manuel Reis - Enfermeiro, em julho de 2022. Revisão médica por Dr.ª Clarisse Bezerra - Médica de Saúde Familiar, em novembro de 2019.

Bibliografia

  • NATIONAL INSTITUTE OF DIABETES AND DIGESTIVE AND KIDNEY DESEASES. Hernia Inguinal . Disponível em: <https://www.niddk.nih.gov/health-information/informacion-de-la-salud/enfermedades-digestivas/hernia-inguinal>. Acesso em 28 dez 2021
  • VACCA, Vincent M. . Hernia inguinal. La lucha contra la profusión. Elsevier. Vol.35. 2.ed; 26-33, 2018
Mostrar bibliografia completa
  • CLAUS, Christiano Mario P.; OLIVEIRA, Flávio M. M.; FURTADO, Marcelo L. et al. Orientações da Sociedade Brasileira de Hérnia (SBH) para o manejo das hérnias inguinocrurais em adultos. Rev Col Bras Cir. Vol 46. 4 ed; 2019
  • OLIVEIRA, FÁBERSON JOÃO M.; RIBAS, CIRO N.; DORNELLES, VANESSA; TONETO, THEOBALD MARCELO G. Abaulamento em região inguinal. Disponível em: <https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/02/859322/abaulamento-em-regiao-inguinal.pdf>. Acesso em 22 out 2021
Revisão médica:
Dr.ª Clarisse Bezerra
Médica de Saúde Familiar
Formada em Medicina pelo Centro Universitário Christus e especialista em Saúde da Família pela Universidade Estácio de Sá. Registro CRM-CE nº 16976.