Estudo eletrofisiológico: o que é, para que serve e como é feito

Atualizado em dezembro 2023

O estudo eletrofisiológico é um exame de diagnóstico que utiliza eletrodos e equipamentos computadorizados, que permitem identificar e registrar a atividade elétrica do coração, para verificar alterações no ritmo cardíaco.

Esse exame normalmente é solicitado pelo cardiologista, para diagnosticar arritmias cardíacas, ou causas de síncopes ou palpitações, mas que também pode ser solicitada para avaliar o tratamento com remédios antiarrítmicos ou o funcionamento do desfibrilador implantável, por exemplo.

O estudo eletrofisiológico é um procedimento simples e dura em torno de 1 hora, no entanto, é realizado no centro cirúrgico com anestesia local e sedação, uma vez que consiste na introdução de cateteres pela veia femoral, localizada na região da virilha, ou jugular no pescoço, e que têm acesso direto ao coração, permitindo a realização do estudo.

Imagem ilustrativa número 1

Para que serve

O estudo eletrofisiológico é normalmente indicado para:

  • Investigar a causa de desmaios, tonturas e aceleração dos batimentos cardíacos;
  • Investigar a alteração do ritmo dos batimentos cardíacos, também conhecida como arritmia;
  • Identificar a causa da arritmia cardíaca para realizar a ablação;
  • Investigar a causa de bradiarritmias, que são batimentos cardíacos irregulares ou lentos;
  • Diagnosticar a disfunção do nó sinusal;
  • Ajudar no diagnóstico e determinar a localização do bloqueio atrioventricular;
  • Investigar síndromes de arritmia primária hereditária, como a síndrome do QT longo, síndrome do QT curto, síndrome de Brugada ou taquicardia ventricular polimórfica catecolaminérgica;
  • Avaliar o coração antes do implante do marcapasso;
  • Verificar o funcionamento do desfibrilador implantável, que é um aparelho semelhante ao marcapasso.

O estudo eletrofisiológico tem como objetivo verificar a função de cada parte do sistema de condução dos impulsos elétricos do coração, identificar suas alterações e localização, além de avaliar os riscos da arritmia e determinar o melhor tratamento, que pode incluir remédios ou ablação, por exemplo.

Assim, a partir do resultado obtido através do estudo eletrofisiológico, o cardiologista pode indicar a realização de outros exames ou o início do tratamento mais direcionado para a alteração cardíaca.

Como se preparar

Para realizar a estudo eletrofisiológico, são necessários alguns cuidados para o seu preparo, como:

  • Esclarecer todas as dúvidas com o médico sobre o exame e riscos;
  • Informar ao médico se apresenta alergia a anestésicos ou a qualquer outro remédio, alimento, látex ou iodo, antes de fazer o exame;
  • Levar uma lista com todos os medicamentos, vitaminas e suplementos nutricionais que se toma com frequência;
  • Informar se está grávida ou suspeita de gravidez, no caso de mulheres;
  • Informar ao médico sobre o uso de remédios anticoagulantes, como varfarina, heparina, rivaroxabana ou ácido acetilsalicílico, pois o médico pode recomendar a interrupção do remédio alguns dias antes do exame;
  • Informar se tem problemas de saúde, como distúrbios de coagulação do sangue ou diabetes;
  • Fazer jejum absoluto cerca de 6 a 8 horas antes do exame;
  • Tomar os remédios de uso habitual normalmente, com pouca água, conforme orientação médica.

Além disso, antes da realização do estudo eletrofisiológico o médico deve solicitar exames como hemograma completo com plaquetas, para avaliar a coagulação sanguínea, e eletrocardiograma.

Como é feito

O estudo eletrofisiológico é feito no hospital, pelo cardiologista através da inserção de um cateter na veia femoral, que é a veia localizada na virilha, ou na veia jugular, localizada no pescoço. 

Para realizar o estudo eletrofisiológico, o médico deve seguir alguns passos, como:

  1. Depilação da virilha, no caso do cateter ser inserido nessa região;
  2. Limpeza da região com um antisséptico;
  3. Aplicação de anestésico local na região em que será inserido o cateter, de forma a reduzir o desconforto;
  4. Aplicação de soro fisiológico na veia, para que o médico possa injetar o sedativo ou outros medicamentos durante o exame;
  5. Introdução de um cateter fino e flexível na veia jugular ou veia femoral, guiado pelo raio X, até alcançar o coração;
  6. Realização do estudo dos impulsos elétricos do coração, em que são emitidos impulsos elétricos para o coração através de eletrodos presentes na ponta do cateter, que permitem o médico avaliar como os sinais elétricos se espalham no coração durante cada batimento cardíaco;
  7. Registro da atividade elétrica do coração pelo computador;
  8. Retirada do cateter;
  9. Realização de um curativo no local onde o cateter foi inserido.

O estudo eletrofisiológico dura cerca de 1 hora, e os resultados do exame devem ser avaliados pelo cardiologista, de forma a decidir se é necessário algum outro tipo de tratamento e qual tratamento mais indicado, como utilizar ou trocar os remédios, colocar um marcapasso ou desfibrilador implantável, por exemplo.

Estudo eletrofisiológico com ablação

O estudo eletrofisiológico com ablação corresponde ao procedimento em que ao mesmo tempo em que o estudo é realizado, é feito o tratamento para a alteração cardíaca, que consiste na ablação. 

A ablação consiste na introdução de um cateter, pela mesma via de entrada no corpo dos cateteres utilizados durante o estudo, que chega ao coração.

A extremidade desse cateter é de metal e quando entra em contato com o tecido cardíaco, é aquecido e promove pequenas queimaduras no local que são capazes de remover a via elétrica de sinalização que está defeituosa e que está relacionada com a alteração cardíaca.

Após a realização da ablação, é normalmente realizado novo estudo eletrofisiológico com o objetivo de verificar se durante a ablação houve alteração de alguma outra via cardíaca elétrica de sinalização.

Cuidados após o estudo

Após o estudo eletrofisiológico, deve-se permanecer no hospital sob os cuidados médicos, e a pessoa deve permanecer deitada por cerca de 2 a 6 horas, dependendo de cada caso. No caso do cateter ter sido inserido na virilha, é recomendado não dobrar a perna por algumas horas.

Durante a hospitalização, a pessoa é monitorada pelo enfermeiro através através da avaliação dos batimentos cardíacos e pressão sanguínea, observação do local em que o cateter foi inserido, e avaliação da circulação sanguínea.

Ao receber a alta hospitalar, deve-se observar em casa, a presença de sangramentos no local em que o cateter foi inserido, e fazer a limpeza do local com água e sabão, além de manter a pele sempre limpa e seca.

Além disso, é importante seguir todas as recomendações médicas, evitar fazer atividades físicas ou esforços por pelo menos uma semana, tomando os remédios indicados nos horários corretos e fazer uma alimentação saudável. Veja os principais alimentos bons para o coração

Quando não deve ser feito

O estudo eletrofisiológico não deve ser feito em caso suspeito ou confirmado de gravidez, infecção na corrente sanguínea ou sepse, ou infecção ou trombose no local do vaso sanguíneo em que será feita a inserção do cateter. 

Além disso, esse exame não é recomendado nos casos de problemas de coagulação sanguínea, insuficiência cardíaca aguda descompensada não causada por arritmia. 

Possíveis complicações

O estudo eletrofisiológico  é um exame seguro, geralmente não causando complicações durante o procedimento. 

No entanto, algumas complicações podem surgir, como:

  • Hematomas ou sangramentos no local de inserção do cateter;
  • Infecção no local em que o cateter foi inserido;
  • Perfuração ou danos no tecido cardíaco pelo cateter, podendo causar sangramentos;
  • Danos nas válvulas ou vasos cardíacos;
  • Danos ao sistema de condução elétrica do coração;
  • Trombose ou formação de coágulos sanguíneos nas pernas ou pulmões;
  • Ataque cardíaco;
  • Derrame ou AVC.

Além disso, em raros casos, podem ocorrer reações alérgicas ao anestésico ou sedativo utilizados para realização do estudo eletrofisiológico.

Os riscos do estudo eletrofisiológico são mínimos quando o exame é programado, além disso, costuma ser feito em hospitais referência em cardiologia e bem equipados, contendo cardiologistas e cirurgiões cardíacos, preparados para possíveis complicações.

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