DIU Mirena: o que é, para que serve, como funciona (e dúvidas comuns)

Revisão médica: Drª. Sheila Sedicias
Ginecologista
setembro 2022
  1. Para que serve
  2. Como funciona
  3. Como é inserido
  4. Efeitos colaterais
  5. Contraindicações
  6. Dúvidas comuns

O DIU Mirena é um dispositivo intra uterino hormonal que contém levonorgestrel na sua composição, um tipo de progesterona, que é liberado em pequenas quantidades e de forma constante no útero, deixando a camada interna do útero mais fina, o que impede a ovulação, e aumentando a espessura do muco cervical, tornando mais difícil o espermatozoide alcançar o útero, prevenindo a gravidez. 

Além disso, o DIU Mirena pode ser indicado pelo ginecologista nos casos de sangramento menstrual excessivo ou ainda para proteger contra o crescimento excessivo do revestimento interno do útero, durante a terapia de reposição hormonal. 

O DIU Mirena é inserido no útero pelo ginecologista, podendo ser feito no consultório ou em ambiente hospitalar, tendo um efeito que pode durar até 5 anos. Antes de colocar o DIU Mirena o ginecologista deve recomendar a realização de exames das mamas, exames de sangue para detectar infecções sexualmente transmissíveis, e papanicolau, além da avaliação da posição e do tamanho do útero. 

Imagem ilustrativa número 1

Para que serve

O DIU Mirena é indicado para:

  • Prevenção da gravidez;
  • Tratamento do sangramento menstrual excessivo;
  • Proteção contra o crescimento excessivo do revestimento interno do útero, durante a terapia de reposição hormonal.

Além disso, o ginecologista pode indicar a utilização do DIU Mirena para mulheres com endometriose, pois por tornar a camada interna do útero mais fina e impedir a ovulação, pode diminuir os focos de endometriose, aliviar o sangramento menstrual excessivo ou diminuir as cólicas menstruais, que são comuns na endometriose. Saiba mais sobre a endometriose e outras opções de tratamento.  

Apesar do DIU Mirena ser indicado como método contraceptivo para prevenir uma gravidez indesejada, esse dispositivo não protege contra infecções sexualmente transmissíveis (IST´s), sendo importante sempre utilizar camisinha em todas as relações sexuais. Confira as principais IST´s

Como funciona

O DIU Mirena libera o hormônio levonorgestrel diretamente no útero, em quantidades baixas, porém de forma constante, o que leva a alterações na camada de revestimento interno do útero, que fica mais fino, dificultando a gravidez.

Além disso, o DIU Mirena deixa o muco do colo do útero mais grosso, dificultando a movimentação do espermatozóide, diminuindo as chances de chegar até o óvulo e ocorrer fecundação. O índice de falha do DIU Mirena é de apenas 0,2% no primeiro ano de uso.

O DIU Mirena poderá ser utilizado por até 5 anos consecutivos, devendo ser trocado após esta data, por outro dispositivo igual ou o DIU de cobre, por exemplo, sendo que sua colocação, neste caso, pode ser feita em qualquer momento do ciclo menstrual. Confira todas as opções de DIU que podem ser indicadas pelo ginecologista

Como o DIU Mirena é inserido

O DIU Mirena é inserido pelo ginecologista no consultório, sendo colocado após um exame ginecológico. Em alguns casos, este procedimento pode causar dor e desconforto leve, no momento do pinçamento do colo uterino.

A colocação do DIU Mirena pode ser feita até 7 dias após o primeiro dia da menstruação, ou em qualquer momento do ciclo menstrual, desde que se tenha certeza de que a mulher não está grávida. 

O DIU Mirena também pode ser usado durante a amamentação, podendo ser inserido quando o útero já tenha retornado ao tamanho normal, não devendo ser colocado nas primeiras 6 semanas após o parto. Além disso, o DIU Mirena pode ser colocado imediatamente após o aborto de primeiro trimestre, desde que não estejam presentes sinais de infecção. 

Cuidados após a colocação do DIU Mirena

Na maioria dos casos, os sintomas de adaptação são leves e de pequena duração, mas pode ocorrer tontura e, por isso, o médico pode recomendar que a mulher fique deitada durante 30-40 minutos após a inserção do DIU. 

Além disso, podem surgir cólicas leves no primeiro dia após a sua colocação. No entanto, se surgir dor intensa ou que dure mais de 3 semanas, deve-se consultar o ginecologista.

Após a colocação do DIU Mirena, deve-se evitar relações sexuais pelo menos nas primeiras 24 horas, para que o organismo possa adaptar-se ao novo método contraceptivo. 

É recomendado voltar ao ginecologista após 4 a 12 semanas após colocar o DIU Mirena, e pelo menos, 1 vez ao ano, para realizar exames e verificar se o DIU se encontra na posição correta. 

Possíveis efeitos colaterais

Os efeitos colaterais mais comuns do DIU Mirena são:

  • Dor de cabeça;
  • Dor abdominal ou pélvica;
  • Aumento do fluxo menstrual;
  • Ausência de menstruação;
  • Sangramento menstrual durante o mês (spotting);
  • Corrimento vaginal;
  • Vulvovaginite;
  • Aumento das cólicas nos primeiros meses de uso;
  • Cistos benignos nos ovários;
  • Acne;
  • Dor nas mamas; 
  • Alteração da secreção vaginal;
  • Alterações de humor, nervosismo, instabilidade emocional;
  • Diminuição da libido; 
  • Inchaço ou ganho de peso;
  • Náuseas. 

O DIU Mirena também pode causar intensas cólicas menstruais que podem movimentar o DIU, reduzindo sua eficácia, os sintomas que podem evidenciar o seu deslocamento incluem dor abdominal e aumento das cólicas, e, se estiverem presentes, deve-se marcar uma consulta com o ginecologista. 

Quem não deve usar 

O DIU Mirena não deve ser usado em caso de suspeita de gravidez, doença inflamatória pélvica ou recorrente, infecção do trato genital inferior, endometrite pós-parto, aborto nos últimos 3 meses, cervicite, displasia cervical, câncer de útero ou cervical, sangramento uterino anormal não identificado, leiomiomas, hepatite aguda, câncer de fígado.

Dúvidas comuns

Algumas dúvidas comuns sobre a utilização do DIU Mirena são:

1. Como saber se o DIU Mirena está bem colocado?

Apenas o ginecologista consegue saber se o Mirena está inserido corretamente. Durante o exame especular realizado em consultório, percebe-se o fio do DIU presente na vagina. Nem sempre a própria mulher consegue sentir o fio do DIU na vagina, mas isso não significa que o mesmo está mal posicionado.

Em alguns casos, fazendo um toque mais fundo na vagina, a mulher pode sentir o fio do DIU e isso significa que se encontra bem posicionado.

2. Por quanto tempo pode ser usado? 

O DIU Mirena pode ser usado durante 5 anos consecutivos, e no final desse período o dispositivo deve ser retirado pelo ginecologista, existindo sempre a possibilidade de colocar um novo dispositivo. 

Além disso, o DIU Mirena pode ser removido pelo ginecologista em qualquer momento do tratamento, caso a mulher deseje removê-lo.

3. O DIU Mirena altera a menstruação? 

O DIU Mirena pode alterar o período menstrual pois é composto por um hormônio que afeta o ciclo da mulher. Durante a sua utilização, podem ser observadas pequenas quantidades de sangue (spotting), dependendo do organismo de cada mulher. Em alguns casos, o sangramento pode ser ausente, deixando de existir menstruação. 

Quando Mirena é removido do útero pelo ginecologista, como já não existe o efeito do hormônio, a menstruação deverá voltar ao normal. 

4. O DIU Mirena prejudica a relação sexual? 

Durante a utilização do dispositivo não é esperado que interfira com a relação sexual. Se isso acontecer, porque há dor ou porque é possível sentir a presença do dispositivo, é recomendado que se interrompa o contato íntimo e se procure o ginecologista para verificar se o dispositivo está corretamente posicionado.

No entanto, em poucos casos, o DIU Mirena também pode causar ressecamento vagina, o que pode dificultar a penetração durante a relação, sendo aconselhado o uso de lubrificantes à base de água, conforme orientação do ginecologista.

5. É possível usar absorvente interno? 

Durante a utilização de Mirena o mais indicado é usar absorventes externos, porém os absorventes internos ou copos menstruais também podem ser usados, desde que sejam removidos com cuidado para não puxar os fios do dispositivo.

6. O DIU Mirena pode sair sozinho? 

Raramente. Pode acontecer do Mirena ser expulso do organismo durante o período menstrual. Nestes casos, pode ser difícil perceber que isto aconteceu, devendo por isso a mulher estar atenta ao fluxo menstrual, que se aumentar pode ser sinal de que já não está sob o efeito do hormônio. 

7. É possível ficar grávida depois de retirar o dispositivo?

O DIU Mirena é um dispositivo que não interfere com a fertilidade e por isso depois de retirado existe a chance de engravidar. 

Assim, depois de retirar Mirena é recomendado que se utilize outros métodos anticoncepcionais para prevenir a gravidez. 

8. O DIU Mirena engorda? 

Tal como acontece com outras pílulas anticoncepcionais, o DIU Mirena pode levar ao aumento da retenção de líquidos, já que se trata de um método anticoncepcional que funciona à base de progesterona. 

9. Preciso usar outros métodos contraceptivos? 

O DIU Mirena funciona como um método contraceptivo hormonal e apenas previne a gravidez, não protegendo o organismo contra doenças sexualmente transmissíveis. Por isso, durante o uso de Mirena é recomendada a utilização de métodos contraceptivos barreira, como a camisinha, que protege contra infecções sexualmente transmissíveis, como HIV ou gonorreia.

Além disso, é importante lembrar que é possível engravidar com DIU hormonal como Mirena, porém este é um acontecimento raro que acontece quando o dispositivo se encontra fora da sua posição, podendo provocar uma gravidez ectópica. Saiba como identificar uma possível gravidez utilizando o DIU

10. Quais são os sintomas de rejeição do DIU Mirena?

O DIU Mirena pode se mover ou perfurar a parede do útero no seu deslocamento ou durante a sua colocação, sendo uma situação pouco comum. Alguns dos sintomas de rejeição são:

  • Sangramento fora do período menstrual;
  • Menstruação excessiva;
  • Dor abdominal intensa,
  • Corrimento vaginal pouco comum;
  • Dor durante as relações sexuais.

Na presença desses sintomas, é importante que o ginecologista seja consultado para que seja feita uma avaliação e seja verificado que o DIU saiu do lugar ou que houve lesão na parede do útero.

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Escrito por Flávia Costa - Farmacêutica. Atualizado por Marcela Lemos - Biomédica, em setembro de 2022. Revisão médica por Drª. Sheila Sedicias - Ginecologista, em maio de 2019.

Bibliografia

  • ANVISA. Mirena® - Anvisa. 2017. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=18774942017&pIdAnexo=9283077>. Acesso em 24 abr 2019
  • DINEHART, E.; et al. Levonorgestrel IUD: is there a long-lasting effect on return to fertility?. J Assist Reprod Genet. 37. 1; 45-52, 2020
Mostrar bibliografia completa
  • GRANDI, G.; et al. Levonorgestrel-releasing intra-uterine systems as female contraceptives. Expert Opin Pharmacother. 19. 7; 677-686, 2018
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  • GEMZELL-DANIELSSON, K.; et al. Thirty years of mirena: A story of innovation and change in women's healthcare. Acta Obstet Gynecol Scand. 100. 4; 614-618, 2021
Revisão médica:
Drª. Sheila Sedicias
Ginecologista
Médica mastologista e ginecologista formada pela Universidade Federal de Pernambuco, em 2008 com registro profissional no CRM PE 17459.

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