Nutrição parenteral: o que é, para que serve e como administrar

Atualizado em outubro 2023

A nutrição parenteral (NP), é um método de alimentação que é realizado por via intravenosa, em que os nutrientes, ou parte deles, são administradas diretamente na corrente sanguínea.

Esse tipo de alimentação serve para fornecer parte ou todas as necessidades calóricas de uma pessoa, sendo indicada quando a pessoa precisa manter o trato gastrointestinal em repouso, ou quando é necessário complementar a via oral ou a nutrição enteral.

A nutrição parenteral não é fisiológica, pois não existe nem na fase cerebral e nem na fase intestinal da digestão, sendo administrada diretamente na veia uma fórmula que contém carboidratos, lipídeos, proteínas, vitaminas e oligoelementos.

Imagem ilustrativa número 1

Quando é indicada

A nutrição parenteral é indicada principalmente para as pessoas que, por algum motivo, não possuem o trato gastrointestinal não funcionante ou deve mantê-lo em repouso. Além disso, também é indicado quando a via oral ou a contribuição nutricional por meio da nutrição enteral não pode ser realizada por 5 a 7 dias, sendo principalmente indicada para prevenir ou corrigir a má-nutrição.

A indicação pode ser a curto prazo, quando realizada por até 1 mês, ou a longo prazo, quando indicada por um período maior:

Curto prazo (até 1 mês) Longo prazo (mais de 1 mês)
Remoção de grande parte do intestino delgado Síndrome do intestino curto
Fístula enterocutânea de alto débito Pseudo-obstrução crônica do intestino
Enterostomia proximal Doença de Crohn grave
Mal formações congênitas graves Cirurgias múltiplas
Pancreatite e enteropatias inflamatórias Atrofia da mucosa gastrointestinal com má absorção persistente
Doença ulcerativa crônica Câncer incurável
Síndrome de supercrescimento bacteriano -
Enterocolite necrotizante -
Complicação da doença de Hirschsprung -
Doenças metabólicas congênitas -
Queimaduras extensas, politraumatismo e cirurgias grandes -
Transplante de medula óssea e doenças hematológicas e oncológicas -
Insuficiência renal ou hepática com comprometimento do trato gastrointestinal -

Caso a nutrição parenteral seja indicada, é necessário manter monitoramento de análises do sangue, sendo importante manter o controle dos eletrólitos, glicose sanguínea, ureia, creatinina, níveis de vitaminas e minerais, assim como exames que avaliam o fígado, já que a alimentação diretamente na veia pode causar alterações nesses parâmetros.

Como administrar a nutrição parenteral

Na maior parte das vezes, a nutrição parenteral é feita pela equipe de enfermagem no hospital, no entanto, quando é preciso fazer a administração em casa é importante que primeiro se avalie a bolsa da alimentação, garantindo que está dentro do prazo de validade, que a bolsa se mantém intacta e que mantém as características normais.

Depois, no caso de administração por um cateter periférico, deve-se seguir o passo-a-passo:

  1. Lavar as mãos com água e sabão;
  2. Parar qualquer infusão de soro ou medicamento que esteja sendo administrada pelo cateter;
  3. Desinfectar a conexão do sistema de soro, utilizando uma compressa esterilizada com álcool;
  4. Retirar o sistema de soro que estava no local;
  5. Injetar lentamente 20 mL de soro fisiológico;
  6. Conectar o sistema da nutrição parenteral.

Todo este procedimento deve ser feito com a utilização do material indicado pelo médico ou enfermeiro, assim como uma bomba de administração calibrada que garanta que a alimentação é fornecida na velocidade correta e pelo tempo indicado pelo médico.

Este passo-a-passo também deve ser ensinado e treinado com o enfermeiro no hospital, para tirar todas as dúvidas e garantir que não surgem complicações.

O que ficar atento durante a administração

Durante a administração da nutrição parentérica é importante ir avaliando o local de inserção do cateter, avaliando a presença de inchaço, vermelhidão ou dor. Caso surja algum desses sinais, é aconselhado parar a alimentação parenteral e ir no hospital.

Tipo de nutrição parenteral

Esse tipo de nutrição pode ser classificado em:

1. De acordo com a via de administração

A classificação da nutrição parenteral de acordo com a via de administração é:

  • Nutrição parenteral central (NPC): é um tipo de nutrição parenteral que permite a administração de solução de alimentação através de um cateter colocado diretamente em uma veia de tamanho grande, como a veia cava. A NPC pode ser utilizada por um período superior a 7 dias.
  • Nutrição parenteral periférica (NPP): nesse tipo de nutrição parenteral, as soluções de alimentação são administradas através de um cateter colocado em uma veia pequena da mão e do braço, por exemplo, sendo indicada quando a pessoa precisa uma alimentação parenteral por até 7 a 10 dias ou quando não é possível realizar a NPC.

Um cateter é um dispositivo que permite a injeção de fármacos e soluções diretamente na veia.

2. De acordo com seus componentes

A nutrição parenteral também pode ser classificada de acordo com os seus componentes em:

  • Nutrição parenteral parcial (NPP): são administrados apenas alguns tipos de nutrientes por via intravenosa, sendo utilizada como complemento, ou seja, quando a pessoa, por algum motivo, não consegue cumprir todos os requisitos nutricionais através da via oral ou da nutrição enteral;
  • Nutrição parenteral total (NPT): são administrados por via intravenosa todos os tipos de nutrientes, como carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais.

Na nutrição parenteral, de forma geral, é administrada diversas soluções que possuem concentrações diferentes dependendo das necessidades nutricionais da pessoa.

Possíveis complicações

As complicações que podem surgir com a nutrição parenteral são muito variadas e, por isso, é sempre importante seguir todas as orientações feitas pelo médico e outros profissionais de saúde.

Os principais tipos de complicações podem ser agrupados de acordo com a duração da NP:

1. Curto prazo

A curto prazo, as complicações mais frequentes incluem aquelas relacionadas com a colocação do cateter venoso central, como pneumotórax, hidrotórax, hemorragia interna, lesão dos nervos do braço ou lesão no vaso sanguíneo.

Além disso, pode ainda acontecer infecção da ferida do cateter, inflamação do vaso sanguíneo, obstrução do cateter, trombose ou infecção generalizada por vírus, bactérias ou fungos.

A nível metabólico, a maior parte das complicações incluem alterações dos níveis de açúcar no sangue, acidose ou alcalose metabólica, diminuição dos ácidos graxos essenciais, alterações dos eletrólitos (sódio, potássio, cálcio) e aumenta da ureia ou da creatinina.

2. Longo prazo

Já quando a nutrição parentérica é usada por um longo prazo, as principais complicações incluem alterações no fígado e vesícula, como fígado gordo, colecistite e fibrose portal. Por esse motivo, é comum que a pessoa apresente aumento das enzimas hepáticas nos exames de sangue (transaminase, fosfatase alcalina, gama-GT e bilirrubina total).

Além disso, pode ainda acontecer deficiência de ácidos graxos e de carnitina, alteração da flora intestinal e atrofia das velosidades e musculatura intestinal.