A manobra de Kristeller é uma técnica realizada com o objetivo de acelerar o trabalho de parto em que é realizada pressão sobre o útero da mulher, diminuindo o período expulsivo. No entanto, apesar dessa técnica ser bastante utilizada, não existem evidências que comprovem o seu benefício, além de que expõe tanto a mulher quanto o bebê a riscos.
É importante ressaltar que o parto deve ser uma escolha da mulher, desde que não existam contraindicações. Assim, a realização da manobra de Kristeller só deve acontecer caso a mulher deseje, caso contrário o parto deve acontecer de acordo com o seu desejo.

Por que a manobra de Kristeller não deve se feita
A manobra de Kristeller não deve ser realizada devido aos riscos para a mulher e para o bebê que estão relacionados com a sua prática, além de não existirem evidências de seus benefícios.
O objetivo da manobra de Kristeller é diminuir a duração do período expulsivo do parto, acelerando a saída do bebê e, para isso é aplicada pressão no funda do útero para promover a saída do bebê. Assim, em teoria, seria indicada em situações em que a mulher já encontra-se exausta e não consegue realizar força suficiente para promover a saída do bebê.
No entanto, alguns estudos demonstram que essa técnica é realizada como rotina, não sendo solicitada pela mulher e sendo realizada mesmo que a mulher encontre-se em condição de continuar a realizar os puxos, além de que há evidências de que a manobra não diminui o período expulsivo e expõe a mulher e o bebê a riscos desnecessários.
Principais riscos
Os riscos da manobra de Kristeller existem devido à falta de consenso sobre a sua prática e nível de força aplicada. Apesar de ser indicado que a manobra seja realizada utilizando as duas mãos no fundo do útero sobre a parede abdominal, há relatos de profissionais que realizam a manobra utilizando os braços, cotovelos e joelhos, o que aumenta a chance de complicações.
Alguns dos riscos para a mulher que estão associados à manobra de Kristeller são:
- Possibilidade de fratura da costela;
- Aumento do risco de hemorragias;
- Lacerações graves no períneo, que é a região que sustenta os órgãos pélvicos;
- Deslocamento da placenta;
- Dor abdominal após o parto;
- Possibilidade de ruptura de alguns órgãos, como baço, fígado e útero.
Além disso, a realização dessa manobra também pode aumentar o desconforto e a dor da mulher durante o trabalho de parto, aumentando a probabilidade de serem utilizados instrumentos durante o parto.
Em relação bebê, a manobra de Kristeller também pode aumentar o risco de hematomas encefálicos, fraturas na clavícula e no crânio e os seus efeitos podem ser percebidos ao longo do desenvolvimento da criança, que pode apresentar convulsões, por exemplo, devido ao trauma no parto.
A realização da manobra de Kristeller também está associada à maior taxa de realização de episiotomia, que é um procedimento que também é realizado com o objetivo de facilitar o parto, mas que não deve ser realizado como rotina obstétrica, uma vez que não existem evidências científicas que comprovem o seu benefício, além de também estar relacionado com complicações para a mulher.