Donovanose: o que é, sintomas, tratamento e prevenção

Atualizado em novembro 2022

A donovanose é uma infecção sexualmente transmissível crônica, causada pela bactéria Klebsiella granulomatis, que provoca uma destruição da pele da região genital ou anal, resultando em sintomas como feridas ou úlceras na região íntima, que não causam dor, aumentam de tamanho ao longo do tempo e podem sangrar facilmente.

A donovanose, também conhecida como granuloma venéreo ou granuloma inguinal, pode afetar homens e mulheres, sendo normalmente transmitida através da relação sexual desprotegida com uma pessoa infectada pela bactéria. 

O tratamento da donovanose deve ser orientado pelo ginecologista ou urologista, que indica o uso de antibióticos. No entanto, é importante adotar medidas que previnam a transmissão da doença, como o uso de preservativo sempre que tiver relação sexual.

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Sintomas da donovanose

Os principais sintomas da donovanose são:

  • Inchaço na região genital;
  • Caroço ou nódulos no pênis, na vulva ou ânus, que não causam dor;
  • Caroço que se rompe e forma feridas;
  • Feridas únicas ou múltiplas, com bordas bem definidas, e que não dói;
  • Lesões com aspecto vermelho vivo que crescem e que podem sangrar facilmente;
  • Úlceras úmidas na região genital que aumentam ao longo do tempo;
  • Feridas secas com aspecto de verruga e bordas irregulares;
  • Úlceras profundas, sensíveis ao toque, e com mau cheiro.

Os sintomas da donovanose surgem de forma progressiva, ao longo do tempo, geralmente de 30 dias a 6 meses após o contato com a bactéria, afetando com mais frequência o prepúcio, sulco coronal, freio, glande, ou bolsa escrotal em homens, e os pequenos e grandes lábios, abertura da vagina, colo do útero ou trato genital superior, em mulheres.

Além disso, podem surgir lesões em outras regiões como ânus, virilha, rosto, lábios, gengivas, faringe, laringe ou tórax. Também é possível que a bactéria alcance a corrente sanguínea, quando a infecção não é tratada, causando lesões em órgãos internos, como pulmão, fígado, baço, articulações ou ossos, por exemplo.

É importante consultar o urologista ou ginecologista sempre que surgirem sintomas da donovanose, para que seja feito o diagnóstico e iniciado o tratamento o mais rápido possível.

Existe relação com o HIV?

Devido ao fato das feridas da donovanose serem abertas, representam porta de entrada para infecções secundárias, estando a doença associada a um maior risco de desenvolver infecção pelo vírus HIV.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico da donovanose é feito pelo urologista, no caso de homens, ou ginecologista, no caso de mulheres, através da avaliação dos sintomas, exames físico da região genital, hábitos de vida, histórico de saúde e de contato íntimo desprotegido, e teste de HIV.  

Para confirmar o diagnóstico, o médico deve solicitar uma análise microbiológica, feita recolhendo uma amostra do líquido presente na ferida ou úlcera, o que permite identificar a bactéria Klebsiella granulomatis, e descartar outras doenças que podem ter sintomas semelhantes, como sífilis, cancroide, linfogranuloma venéreo ou até câncer.

Além disso, também pode ser feita uma biópsia de uma parte do tecido afetado, para ser analisada em laboratório, e confirmar o diagnóstico.

Como acontece a transmissão

A principal forma de transmissão da donovanose é através da relação sexual desprotegida, ou seja, sem preservativo.

No entanto, embora seja raro, a donovanose pode ser transmitida por contato não sexual, como no caso da transmissão fecal, ou durante o parto vaginal, por exemplo.

Como é feito o tratamento

O tratamento deve ser feito de acordo com a orientação do urologista ou ginecologista, sendo normalmente recomendado o uso de antibióticos para eliminar a bactéria, combater a infecção e promover a recuperação das lesões, além de prevenir infecções secundárias.

Os principais antibióticos que podem ser recomendados pelo médico são:

  • Azitromicina;
  • Doxiciclina;
  • Ciprofloxacino;
  • Eritromicina;
  • Sulfametoxazol e trimetropina.

Normalmente, o uso dos antibióticos é feito por pelo menos 3 semanas seguidas e seu uso deve ser mantido até que as feridas na região genital estejam completamente cicatrizadas.

Caso os sintomas da donovanose não melhorem nos primeiros dias de tratamento, pode ser necessário voltar ao médico para adicionar outro antibiótico, geralmente um aminoglicosídeo, como a gentamicina, por exemplo.

No caso das lesões mais extensas, pode ser recomendada a remoção da lesão por meio de cirurgia. Além disso, durante e após o tratamento é importante realizar exames periódicos para que se possa verificar como o organismo está reagindo ao tratamento e se as bactérias estão conseguindo ser eliminadas. 

Cuidados durante o tratamento

Além de utilizar o antibiótico de acordo com a orientação médica, alguns cuidados são importantes durante o tratamento da donovanose, como:

  • Fazer consultas regulares no médico, para que a evolução da doença seja corretamente avaliada, podendo-se trocar de antibiótico caso seja necessário.
  • Manter a região íntima limpa, para evitar infecção da ferida e facilitar a cicatrização do local;
  • Evitar o contato íntimo durante o tratamento, ou utilizar o preservativo, para evitar a transmissão da infecção até que os sintomas tenham desaparecido completamente e o tratamento tenha terminado.

Além disso, caso se tenha tido contato íntimo nos últimos 60 dias antes do diagnóstico da donovanose, também é importante informar o parceiro ou parceira para que consulte um médico e avalie a possibilidade de também ter a infecção, e iniciar o tratamento se necessário.

Possíveis complicações

A donovanose pode causar algumas complicações, como disseminação da infecção para órgãos internos, podendo causar osteomielite ou poliartrite, por exemplo.

Além disso, outras complicações que podem surgir são sangramento vaginal, ou estreitamento do canal vaginal, anal ou uretra, cicatrizes no pênis ou bolsa escrotal, ou câncer. 

Como prevenir

A prevenção é feita através do uso de preservativo em qualquer tipo de relação sexual. É importante verificar se o ferimento está protegido com o preservativo, pois se a ferida exposta entrar em contato com o parceiro, é possível haver a transmissão da bactéria responsável pela doença.

Evitar o contato íntimo enquanto ainda existirem sintomas da doença é primordial para a prevenção da donovanose. Realizar o auto-exame dos órgãos genitais, observando se o cheiro, cor, aparência e pele possuem alguma anormalidade, ajudam a identificar mais rápido a existência da donovanose e fazer a intervenção médica da forma mais breve possível.

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