Erisipela: o que é, sintomas, causas e tratamento

Dermatologista
fevereiro 2023
  1. Sintomas
  2. Causas
  3. Tratamento 
  4. Cuidados
  5. Complicações

A erisipela é a infecção da pele por bactérias, que afeta a camada mais superficial da pele, e é mais frequente que acontecer em pessoas com mais de 50 anos, com doenças de pele, obesidade e/ ou diabetes não controlada.

A erisipela é causada pela bactéria Streptcoccus pyogenes, que pode penetrar na pele através de feridas ou lesões e causar sintomas como feridas vermelhas, inflamadas e dolorosas na pele, principalmente nas pernas, rosto ou braços. A bactéria também pode causar uma forma mais grave da doença, chamada de erisipela bolhosa, que provoca feridas com bolhas com líquido transparente, amarelo ou marrom.

A erisipela tem cura quando o tratamento é iniciado rapidamente com antibióticos orientados pelo clínico geral ou dermatologista, entretanto, em alguns casos, esta doença pode voltar a surgir ou pode mesmo tornar-se crônica, sendo mais difícil de tratar.

Imagem ilustrativa número 1

Sintomas de erisipela

Os sintomas mais comuns de erisipela são:

  • Pele inchada e brilhante;
  • Lesões em placas vermelho vivo;
  • Manchas vermelhas grandes com bordas elevadas e irregulares;
  • Sensação de queimação na região afetada;
  • Aumento da sensibilidade na pele;
  • Aumento da temperatura da pele em torno da lesão;
  • Coceira no local afetado;
  • Feridas vermelhas na pele, inflamadas e dolorosas;
  • Bolhas na pele;
  • Escurecimento da região afetada, nos casos mais graves.

Além disso, alguns sintomas, como febre alta, calafrios, mal estar geral, dor de cabeça, náuseas e vômitos, geralmente surgem 48 horas antes do aparecimento das lesões na pele.

Se a lesão não for tratada rapidamente, é possível que as bactérias causem acúmulo de pus, necrose da pele ou atinjam a circulação sanguínea, provocando infecção generalizada, o que pode colocar a vida em risco. 

Por isso, é importante consultar o dermatologista ou o clínico geral sempre que surgirem os primeiros sintomas de erisipela, para que seja feito o diagnóstico e iniciado o tratamento mais adequado.

A erisipela é contagiosa?

A erisipela não é contagiosa, pois acontece quando bactérias que colonizam o corpo penetram na pele através de alguma lesão, atingindo os vasos linfáticos e causando infecção da camada superficial da pele, a derme. 

No entanto, em alguns casos, quando a erisipela não é tratada adequadamente e a pessoa apresenta feridas abertas, a bactéria pode ser transmitida para outras pessoas através do contato direto com a ferida, ou roupas ou objetos contaminados.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico da erisipela é feito pelo clínico geral ou dermatologista, através da avaliação dos sintomas, histórico de saúde e de infecções, traumas ou cirurgias recentes, e exame físico da pele, avaliando também a presença de rachaduras, feridas ou descamação na pele. 

Geralmente, não é necessária a realização de exames específicos, no entanto, no caso do médico suspeitar de infecção generalizada, pode solicitar exames de sangue, como hemocultura, por exemplo, de forma a identificar qual bactéria está causando a infecção.

Além disso, embora seja menos comum, o médico pode solicitar uma biópsia de pele ou um exame de cultura, para avaliar a presença de bactérias, e descartar outras condições que podem ter sintomas semelhantes, como artrite séptica, fasceíte necrosante, angioedema ou trombose venosa profunda, por exemplo.

Causas da erisipela

A principal causa da erisipela é a infecção por bactérias que normalmente colonizam o corpo, como Streptcoccus pyogenes, também conhecida como Estreptococo beta-hemolítico do grupo A, estreptococos do grupo B, ou Staphylococcus aureus, por exemplo, que podem penetrar na pele ou nas mucosas através de alguma lesão ou ferida. 

Alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento da erisipela, como:

  • Feridas na pele;
  • Escaras;
  • Picada de inseto;
  • Mordidas;
  • Arranhões;
  • Úlcera venosa crônica;
  • Feridas cirúrgicas;
  • Eczema;
  • Impetigo;
  • Psoríase;
  • Frieira ou pé de atleta;
  • Onicomicose;
  • Obesidade;
  • Diabetes não controlada;
  • Obstrução ou insuficiência linfática;
  • Insuficiência venosa;
  • Fístula arteriovenosa;
  • Mastectomia radical;
  • Uso de drogas de abuso venosas.

A erisipela pode se desenvolver em qualquer pessoa, no entanto, é mais comum em pessoas com o sistema imune enfraquecido ou com má circulação.

Assim, a melhor forma de evitar o desenvolvimento da doença é tratar corretamente os ferimentos na pele e mantê-los protegidos, para que não possam ser infectados. Aprenda como deve ser feito um curativo para manter a ferida protegida.

Qual a diferença entre erisipela e celulite?

Tanto a erisipela quanto a celulite são infecções de pele causadas por bactérias, que penetram através de alguma lesão, como corte ou arranhão, resultando na infecção.

No entanto, a erisipela atinge a camada superficial da pele, chamada derme superficial, e a celulite afeta camadas mais profundas da pele e tecido subcutâneo, sendo conhecida como celulite infecciosa. Saiba identificar os sintomas da celulite infecciosa.

Como é feito o tratamento 

O tratamento da erisipela deve ser feito com orientação do dermatologista ou clínico geral, com o uso de antibióticos na forma de comprimidos, específicos para eliminar a bactéria, como penicilina ou eritromicina, por exemplo, que devem ser tomados durante cerca de 10 a 14 dias, de acordo com a orientação médica.

Os antibióticos na veia, como penicilina G, ceftriaxona ou cefazolina, podem ser realizados em situações de lesões mais extensas ou quando atinge a circulação sanguínea, como acontece na septicemia. Já quando o problema é erisipela bolhosa, além do uso de antibióticos, também pode ser necessária a utilização de cremes para passar na pele afetada e melhorar os sintomas, que geralmente têm ácido fusídico ou sulfadiazina de prata em sua composição.

Nos casos de pessoas que têm a erisipela crônica ou de repetição, pode ser necessário o uso de penicilina benzatina, intramuscular, a cada 21 dias, para proporcionar um combate mais efetivo das bactérias que vivem na região.

Já em casos de lesões graves, como necrose e secreção purulenta, pode ser necessária uma abordagem cirúrgica, removendo e drenando grandes áreas de pele morta e pus. Veja todas as opções de tratamento para a erisipela.

Cuidados durante o tratamento

Alguns cuidados são importantes durante o tratamento da erisipela, e incluem:

  • Repousar e manter-se bem hidratado, bebendo bastante líquido;
  • Manter o membro afetado, caso a doença surja nas pernas ou nos braços, o que facilita o retorno venoso e diminui o inchaço;
  • Tomar os remédios nos horários corretos indicados pelo médico;
  • Não interromper o tratamento, sem que tenha sido orientado pelo médico;
  • Evitar tomar remédios por conta própria, sem indicação médica;
  • Evitar colocar na região pomadas caseiras ou outras substâncias não indicadas pelo médico, pois podem atrapalhar o tratamento e até piorar a lesão;
  • Utilizar um hidratante na pele, indicado pelo médico;
  • Manter a pele limpa e seca, lavando água e sabonete indicado pelo médico, e secando bem com uma toalha limpa e macia;
  • Usar meias de compressão indicadas pelo médico, após o término do tratamento.

Além disso, no caso de ter feridas abertas na pele, é importante fazer a limpeza adequada, utilizando uma solução de soro fisiológico à 0,9%, pois ajuda a remover o líquido liberado pela ferida e o tecido morto. Veja como fazer a limpeza de feridas em casa

Possíveis complicações

Algumas complicações que a erisipela pode causar são:

  • Formação de abscesso na pele;
  • Púrpura hemorrágica;
  • Tromboflebite;
  • Linfedema;
  • Elefantíase;
  • Infecções nos ossos ou articulações;
  • Gangrena;
  • Pneumonia;
  • Meningite;
  • Infecção generalizada;
  • Infecções em válvulas cardíacas.

Dessa forma, assim que os primeiros sintomas surgem é importante consultar o dermatologista ou clínico geral, para que a doença possa começar a ser rapidamente identificada e tratada para evitar complicações que podem colocar a vida em risco. 

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Escrito por Flávia Costa - Farmacêutica. Atualizado por Marcela Lemos - Biomédica, em fevereiro de 2023. Revisão clínica por Dr. Leonardo Rotolo Araújo - Dermatologista, em janeiro de 2023.

Bibliografia

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Mostrar bibliografia completa
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Revisão clínica:
Dr. Leonardo Rotolo Araújo
Dermatologista
Dermatologista, graduado pela Unisul, com CRM-RJ 100411-5 e membro da SBD e SBCD. Coordenador da Dermatologia do Hospital Caxias D'Or.