Aborto espontâneo: o que é, sintomas, causas e tratamento

Atualizado em dezembro 2022

O aborto espontâneo é a interrupção involuntária da gravidez antes das 20 semanas de gestação, que geralmente acontece por má formação do feto, mas que também pode ocorrer devido a infecções por vírus ou bactérias.

Os sintomas de aborto espontâneo incluem dor abdominal intensa, corrimento vaginal e perda de sangue pela vagina. É mais comum nas primeiras 12 semanas de gestação, e muitas vezes, pode nem ser percebido pela mulher, principalmente se ocorrer nas primeiras 6 semanas, já que pode ser confundido com a menstruação. Saiba como identificar se é aborto espontâneo ou menstruação

O tratamento do aborto espontâneo deve ser feito o mais rápido possível, devendo-se procurar o pronto-socorro mais próximo assim que surgem os sintomas, para que seja feito o diagnóstico, evitando complicações como sepse devido a produtos da concepção retidos no útero.

Imagem ilustrativa número 1

Sintomas de aborto espontâneo

Os principais sintomas de aborto espontâneo são:

  • Sangramento vaginal;
  • Dor abdominal forte, semelhante à cólica menstrual intensa, que pode irradiar para as costas;
  • Febre ou calafrio;
  • Corrimento vaginal com mau cheiro;
  • Perda de coágulos de sangue ou tecidos pela vagina;
  • Ausência dos sinais naturais da gravidez, como sensibilidade nos seios ou enjôos;
  • Ausência de movimentos fetais por mais de 5 horas.

Além disso, esses sintomas podem ser acompanhados por palpitação cardíaca ou queda da pressão arterial. Veja outros sintomas do aborto espontâneo

É importante procurar atendimento médico imediato ou o pronto socorro mais próximo, no caso de surgimento de sintomas de aborto espontâneo, para que seja diagnosticado e iniciado o tratamento. 

O que fazer em caso de suspeita de aborto

No caso da mulher apresentar sinais e sintomas como dor abdominal intensa e perda de sangue pela vagina, especialmente após o contato íntimo, é recomendado ir ao médico para realizar exames como o ultrassom para verificar se o bebê e a placenta estão bem.

O médico poderá indicar que a mulher fique de repouso e evite o contato íntimo por 15 dias, mas também pode ser preciso tomar remédios analgésicos e antiespasmódicos para relaxar o útero e evitar as contrações que levam ao aborto.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico do aborto espontâneo é feito pelo obstetra através da análise dos sintomas, do exame pélvico ginecológico, exame de sangue medindo os níveis de beta-HCG, hemoglobina e hematócrito, e através do ultrassom pélvico ou transvaginal. Assim, é possível o médico diagnosticar o tipo de aborto.

Além disso, no caso de mulheres que ainda não sabem o tipo sanguíneo, o médico pode solicitar exame de sangue para determinar o tipo sanguíneo materno e o fator Rh, caso seja necessário uma transfusão sanguínea ou recomendação de administração de  imunoglobulina anti-D. Saiba como o fator Rh pode influenciar na gravidez

Outros exames que o médico pode solicitar para determinar a causa do aborto espontâneo, como infecções por gonorréia ou clamídia, por exemplo, são exame de urina e análise de secreção vaginal e dos produtos da concepção.

Tipos de aborto espontâneo

O aborto pode ser classificado em alguns tipos de acordo com as características do colo do útero e expulsão do conteúdo uterino, que pode ocorrer de forma completa, incompleta ou não ocorrer.

Os principais tipos de aborto espontâneo incluem:

  • Ameaça de aborto: ocorre quando a mulher apresenta sangramento vaginal, mas não tem dilatação do colo do útero. Geralmente, nesse tipo, a gravidez continua sem maiores riscos;
  • Aborto completo: quando ocorre a expulsão de todo o conteúdo uterino, sem necessidade de intervenção cirúrgica, sendo mais comum nas primeiras 12 semanas de gestação;
  • Aborto incompleto: quando ocorre a expulsão de apenas parte do conteúdo uterino, podendo ainda ficar retido no útero partes do feto, placenta ou membranas;
  • Aborto retido: quando ocorre morte fetal, e a mulher não apresenta nenhuma atividade uterina para expelir o feto, que fica retido no útero por 4 semanas ou mais;
  • Aborto inevitável: ocorre quando o colo do útero se dilatou, mas os produtos da concepção não foram expelidos.

Além disso, outro tipo de aborto espontâneo é o aborto séptico, que se desenvolve quando ocorre infecção uterina.

Possíveis causas

As principais causas de aborto espontâneo são:

  • Má formação fetal;
  • Alterações hormonais, como falta de progesterona;
  • Problemas no útero, como útero bicorno, septado, arqueado ou deformação no endométrio;
  • Problemas no colo do útero, como insuficiência do istmo-cervical; 
  • Síndrome dos ovários policísticos;
  • Doenças da tireóide, como hipo ou hipertireoidismo;
  • Infecções causadas por vírus ou bactérias, como gonorréia, clamídia, sífilis, micoplasma ou toxoplasmose;
  • Diabetes não controlada;
  • Trombofilia;
  • Doença celíaca;
  • Doenças autoimunes, especialmente a síndrome do anticorpo antifosfolípide;
  • Histórico de dois ou mais abortos espontâneos;
  • Gravidez após os 35 anos;
  • Concepção dentro de três a seis meses após o parto;
  • Uso de dispositivo intra-uterino (DIU);
  • Consumo exagerado de bebidas alcoólicas ou que contenham cafeína;
  • Uso de drogas de abuso;
  • Exposição à fumaça do cigarro;
  • Baixo peso ou obesidade;
  • Exames pré-natais invasivos, como amniocentese ou biópsia de vilosidades coriónicas.

Além disso, tomar remédios ou chás sem orientação médica também pode causar aborto espontâneo. Conheça alguns remédios que podem causar aborto

Como é feito o tratamento

O tratamento do aborto espontâneo deve ser orientado pelo ginecologista-obstetra e depende do tipo de aborto aborto que a mulher sofreu. No caso do aborto incompleto, o médico pode  indicar o uso de remédios como Cytotec para eliminação completa e a seguir poderá realizar uma curetagem ou aspiração manual ou com vácuo, para remover os restos de tecidos e limpar o útero da mulher, prevenindo infecções. Saiba como é feita a curetagem.  

Quando há sinais de infecção uterina como odor fétido, corrimento vaginal, intensa dor abdominal, batimento cardíaco acelerado e febre, o médico pode prescrever antibióticos em forma de injeção e raspagem uterina. Nos casos mais graves, pode ser necessário retirar o útero da mulher.

Quando engravidar novamente

Após sofrer um aborto a mulher deve receber apoio psicológico profissional, da família e dos amigos para se recuperar emocionalmente do trauma causado pela perda do bebê. 

A mulher poderá voltar a tentar engravidar após 3 meses do aborto, esperando que a menstruação volte ao normal, tendo pelo menos 2 ciclos menstruais ou após este período quando se sentir novamente segura para tentar uma nova gravidez.