Superbactérias: o que são, quais são e tratamento

Atualizado em junho 2023

As superbactérias acontecem devido ao uso excessivo, frequente ou indevido de antibióticos. O uso inadequado desses medicamentos pode favorecer o surgimento de mutações e mecanismos de resistência e adaptação dessas bactérias contra os antibióticos, dando origem às bactérias multirresistentes e tornando o tratamento difícil.

As superbactérias são mais frequentes em ambiente hospitalar, principalmente centros cirúrgicos e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), devido ao sistema imunológico mais enfraquecido dos pacientes.

Além do uso indiscriminado de antibióticos e sistema imunológico do paciente, o aparecimento de superbactérias também está relacionado com os procedimentos realizados dentro do hospital e hábitos de higienização das mãos, por exemplo.

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Por que acontecem

As superbactérias surgem como consequência do inadequado de antibióticos, seja interrompendo o tratamento recomendado pelo médico, usando quando não é indicado, ou fazendo uso de forma frequente ou em dose superior à recomendada. Isso porque à medida que o antibiótico vai sendo utilizado, as bactérias passam a desenvolver mecanismos de resistência contra os antibióticos utilizados, de forma que a sua eliminação passa a ser mais difícil.

As bactérias multirresistentes são encontradas com mais frequência em hospitais, principalmente em UTIs e centros cirúrgicos.

Principais superbactérias

As principais superbactérias são:

  • Staphylococcus aureus, que é resistente à Meticilina, sendo denominada MRSA. Saiba mais sobre o Staphylococcus aureus e como é feito o diagnóstico;
  • Klebsiella pneumoniae, também conhecida como Klebsiella produtora de carbapenemase, ou KPC, que são bactérias que conseguem produzir uma enzima capaz de inibir a atividade de alguns antibióticos. Veja como identificar e tratar a infecção por KPC;
  • Acinetobacter baumannii, que pode ser encontrada na água, solo e ambiente hospitalar, sendo algumas cepas resistentes aos aminoglicosídeos, fluoroquinolonas e beta-lactâmicos;
  • Pseudomonas aeruginosa, que é considerado um microrganismo oportunista causando infecção principalmente nas UTIs em pacientes como o sistema imunológico comprometido;
  • Enterococcus faecium, que normalmente causa infecções do trato urinário e intestinal em pessoas que estão internadas;
  • Proteus sp., que está relacionada principalmente com infecções urinárias nas UTIs e que vêm adquirindo resistência a diversos antibióticos;
  • Neisseria gonorrhoeae, que é a bactéria responsável pela gonorreia e algumas cepas já foram identificadas como multirresistente, apresentando maior resistência à Azitromicina, e, por isso, a doença causada por essas cepas é conhecida como supergonorreia.

Além dessas, há outras bactérias que estão começando a desenvolver mecanismos de resistência contra antibióticos que normalmente são utilizados no tratamento das suas infecções, como por exemplo a Salmonella sp., Shigella sp., Haemophilus influenzae e Campylobacter spp. Dessa forma, o tratamento torna-se mais complicado, já que há dificuldade para combater esses microrganismos, e a doença mais grave.

Principais sintomas

As superbactérias em si normalmente não causam sintomas, sendo apenas percebidos os sintomas característicos da infecção que variam de acordo com o tipo de bactéria responsável pela doença. Normalmente a presença de superbactéria é percebida quando o tratamento indicado pelo médico passa a não ser eficaz, havendo a evolução dos sintomas, por exemplo.

Assim, é importante que seja realizado novo exame microbiológico e novo antibiograma para verificar se a bactéria adquiriu resistência e, assim, para que seja estabelecido novo tratamento. Veja como é feito o antibiograma.

Como é feito o tratamento

O tratamento contra as superbactérias varia de acordo com o tipo de resistência e com a bactéria, sendo recomendado, em alguns casos, que o tratamento seja feito no hospital com injeções de combinações de antibióticos diretamente na veia para combater a bactéria e evitar o surgimento de novas infecções.

Durante o tratamento o paciente deve ficar isolado e as visitas devem ser restritas, sendo importante a utilização de roupas, máscaras e luvas para evitar a contaminação de outras pessoas. Em alguns casos pode ser necessária a combinação de mais de 2 antibióticos para que a superbactéria seja controlada e eliminada. Apesar do tratamento ser difícil, é possível combater por completo a bactéria multirresistente.

Como usar o antibióticos corretamente

Para usar os antibióticos corretamente evitando o desenvolvimento de superbactérias é importante só tomar antibióticos quando forem receitados pelo médico, seguindo a orientação de dose e tempo de uso, mesmo que os sintomas tenham desaparecido antes do término do tratamento.

Esse cuidado é um dos mais importantes porque quando os sintomas começam a diminuir, as pessoas deixam de tomar o antibiótico e assim as bactérias ganham mais resistência aos medicamentos, colocando todos em risco.

Outro cuidado importante é só comprar antibióticos com receita médica e quando ficar curado, levar o resto do medicamento que sobrou para a farmácia, não jogando as embalagens no lixo, no vaso sanitário, nem na pia da cozinha para evitar a contaminação do meio ambiente, que também faz com que as bactérias se tornem mais resistentes e mais difíceis de serem combatidas. Veja como evitar a resistência aos antibióticos.