Doença de Chagas: o que é, sintomas, transmissão e tratamento

Atualizado em fevereiro 2024

A doença de Chagas é uma doença infecciosa causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, que provoca inchaço no local de picada do inseto, febre, aumento dos gânglios linfáticos e complicações para a saúde, como alterações no sistema digestivo e/ou cardíaco, principalmente aumento do músculo cardíaco, devido à cronicidade da doença.

O T. cruzi tem como hospedeiro intermediário um inseto conhecido popularmente como barbeiro e que, durante a picada na pessoa, defeca ou urina, liberando o parasita. Após a picada, a reação normal da pessoa é coçar o local, no entanto isso permite a entrada do T. cruzi no organismo e desenvolvimento da doença.

Na presença de sinais e sintomas de possível picada do barbeiro, T. cruzi, é importante que o clínico geral ou infectologista seja consultado, pois assim é possível realizar o diagnóstico e iniciar o tratamento, que normalmente envolve o uso de medicamento benznidazol, que é eficaz na fase aguda da doença, agindo diretamente sobre o T. cruzi.

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Sintomas da doença de Chagas

Os principais sintomas da doença de Chagas são:

  • Sinal de Romaña, que é o inchaço das pálpebras, sendo indicativo de que houve entrada do parasita no organismo;
  • Chagoma, que corresponde ao inchaço de um local da pele e indica a entrada do T. cruzi no organismo;
  • Febre;
  • Mal estar;
  • Aumento dos gânglios linfáticos;
  • Dor de cabeça;
  • Náuseas e vômitos;
  • Diarreia.

Nos casos mais graves, pode também haver o aumento do coração, chamado de hiper ou cardiomegalia, insuficiência cardíaca, megacólon e megaesôfago, por exemplo, além de poder haver aumento do fígado e do baço.

Os sintomas da doença de Chagas normalmente surgem entre 7 e 14 dias após a infecção pelo parasita, no entanto quando o contágio acontece através do consumo de alimentos infectados, os sintomas podem surgir após 3 a 22 dias após a infecção.

Fases da doença de Chagas

A doença de chagas pode ser classificada em duas fases principais:

  • Fase aguda, em que normalmente não há sintomas e corresponde ao período em que o parasita está se multiplicando e espalhando pelo corpo através da corrente sanguínea;
  • Fase crônica, que corresponde ao desenvolvimento do parasita nos órgãos, principalmente coração e sistema digestivo, podendo não causar sintomas por anos. Nessa fase é que são identificados os sintomas mais graves, como cardiomegalia, insuficiência cardíaca e aumento do baço e do fígado.

É importante que a fase da doença de Chagas seja identificada para que o médico indique o tratamento mais adequado e, assim, evitar complicações.

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Como é o diagnóstico

O diagnóstico da doença de Chagas é feito pelo clínico geral ou infectologista com base na fase da doença, sintomas apresentados pela pessoa e dados clínico-epidemiológicos, como lugar em que vive ou que visitou e hábitos alimentares.

É normalmente solicitada a realização de exame de sangue, como o hemograma, e pesquisa do parasita no sangue, como gota espessa e esfregaço sanguíneo corado pelo Giemsa. Além disso, o médico pode também solicitar a realização de exames de imagem, como ultrassonografia abdominal e ecocardiograma, por exemplo.

Transmissão da doença de Chagas

A doença de Chagas, também chamada de tripanossomíase americana, é causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, que possui como hospedeiro intermediário o inseto barbeiro. Esse inseto costuma ser encontrado em frestas de casas de pau a pique, camas, colchões, depósitos, ninhos de aves, troncos de árvores, dentre outros locais, sendo que tem preferência por locais próximos à sua fonte de alimento.

O barbeiro, assim que se alimenta do sangue, tem o hábito de defecar e urinar logo a seguir, liberando o parasita, e quando a pessoa coça, esse parasita consegue entrar no organismo e atingir a corrente sanguínea, sendo esta a principal forma de transmissão da doença.

Outra forma de transmissão é o consumo de alimentos contaminados com o barbeiro ou seus excrementos, como caldo de cana ou açaí. A doença também pode ser transmitida através de transfusão de sangue contaminado, ou de forma congênita, isto é, de mãe para filho durante a gravidez ou parto.

Como é feito o tratamento

O tratamento para a doença de Chagas deve ser iniciado assim que for feito o diagnóstico, sendo normalmente realizado com o uso de Benznidazol, que é um medicamento antiparasitário oferecido pelo SUS e que atua diretamente no T. cruzi. De forma geral, o tratamento é feito com 2 a 3 doses do medicamento por dia, durante 60 dias seguidos.

A dose deve ser orientada pelo clínico geral ou infectologista e, geralmente, varia de acordo com a idade e peso, seguindo estes critérios:

  • Adultos: 5 a 7 mg/kg/dia, dividido em duas vezes ao dia, sendo recomendada uma dose após o café da manhã e outra após o jantar;
  • Crianças e adolescentes acima de 12 anos: 5 a 7 mg/kg/dia, divididos em duas vezes ao dia;
  • Crianças com menos de 12 anos: até 10 mg/kg/dia por até 20 dias, sendo recomendado diminuir a dosagem após esse período de acordo com a orientação do pediatra.

É importante que o tratamento seja feito conforme a orientação do médico e que seja continuado mesmo que não existam mais sintomas aparentes, pois dessa forma é possível garantir que a ação contra o parasita foi eficaz, de forma a diminuir a sua taxa de multiplicação e espalhamento.

Em casos raros, pode existir intolerância ao Benznidazol, que pode ser percebida através de sinais como alterações das características da pele, náuseas, vômitos e diarreia. Se isso acontecer, é importante voltar ao médico para parar o uso do Benznidazol e iniciar o tratamento com outro medicamento, que normalmente é o Nifurtimox.

Tratamento durante a gravidez

Por existir risco de toxicidade para a gestação, o tratamento da doença de Chagas não está recomendado durante a gravidez, sendo apenas feito após o parto. No entanto, nos casos mais graves em que há risco para a mulher ou para o bebê, pode ser recomendado o tratamento na gestação. Quando o tratamento não é feito, existe risco de a infecção passar da mãe para o bebê durante a gestação ou até durante o parto.

Sinais de melhora e piora

A melhora dos sintomas geralmente vai surgindo gradualmente a partir da primeira semana de tratamento e inclui redução da febre, melhora do mal estar, diminuição do inchaço abdominal e desaparecimento da diarreia.

Embora os sintomas possam melhorar até ao final do primeiro mês, o tratamento deve ser mantido por 2 meses para garantir que os parasitas inseridos no organismo pela picada do inseto são completamente eliminados. A única forma de garantir que a doença está curada é fazendo um exame de sangue no final do tratamento.

Por outro lado, quando o tratamento não é iniciado ou não é feito de forma adequada os sintomas podem desaparecer ao fim de 2 meses, no entanto, os parasitas continuam no corpo se desenvolvendo e infectando vários órgãos. Nestes casos, a pessoa pode voltar a ter novos sintomas até 20 ou 30 anos após a primeira infecção. Porém, estes sintomas são mais graves e estão relacionados com lesões em vários órgãos como coração, pulmões e intestino, colocando a vida em risco.