Picada de agulha: o que fazer em caso de acidente

Atualizado em fevereiro 2024

A picada de agulha é um acidente grave mas relativamente comum que geralmente acontece no hospital, mas que também pode acontecer no dia-a-dia, principalmente caso se esteja caminhando descalço pela rua ou em lugares públicos, já que pode existir uma agulha perdida.

Esse tipo de acidente pode aumentar o risco de transmissão de doenças, como HIV, hepatite B ou C, e por isso alguns cuidados imediatos após a picada de agulha que ajudam a reduzir o risco de doenças são lavar a pele com água e sabão, não espremer a pele e procurar o hospital ou posto de saúde imediatamente.

Desta forma, o médico deve avaliar os riscos para a saúde, como ocorreu o acidente, área afetada, profundidade da lesão, presença de sangue, e solicitar exames de sangue para HIV, hepatite B e C. Em alguns casos, o médico pode indicar a profilaxia pós-exposição, com remédios antirretrovirais ou vacinação para hepatite B.

Imagem ilustrativa número 1

O que fazer em caso de acidente com agulha

No caso de acidente com agulha, o que se deve fazer é:

  1. Lavar a pele com água e sabão, durante 15 minutos. Também pode ser usado um produto antisséptico, porém, estudos indicam que isso não parece diminuir o risco de pegar alguma doença;
  2. Não usar produtos irritantes no local, como éter, hipoclorito de sódio (água sanitária) ou benzina, por exemplo;
  3. Não espremer a região em que ocorreu a picada da agulha, fazer cortes ou aplicar injeções, ou chupar a pele, pois pode aumentar a área exposta da pele aos agentes infectantes presentes na agulha; 
  4. Lavar os lábios, cavidade oral e nasal exaustivamente com água ou soro fisiológico, caso o acidente tenha ocorrido em mucosas;
  5. Remover as lentes de contato e lavar os olhos com água abundantemente ou soro fisiológico, por 15 minutos, caso o acidente tenha ocorrido no olho;
  6. Identificar se a agulha foi utilizada anteriormente por alguém que possa ter uma doença transmissível. Caso isso não seja possível, deve ser considerado que a agulha foi utilizada;
  7. Ir ao hospital caso a agulha tenha sido usada antes, para fazer exames de sangue e diagnosticar alguma doença que precise ser tratada.

Essas recomendações servem tanto para acidentes com agulha utilizada por pessoas, como para agulhas utilizadas por animais, em clínicas veterinárias.

Onde fazer os testes?

Em todos os casos de acidente por picada de agulha, deve-se ir ao hospital ou posto de saúde imediatamente, para que sejam realizados testes de HIV, hepatite B e C, além do médico avaliar o estado vacinal da pessoa.

Algumas doenças podem demorar alguns meses para serem identificadas nos exames de sangue e, por isso, é aconselhado ir ao hospital ou posto de saúde para repetir os exames após 6 semanas, 3 meses e 6 meses, principalmente se os testes deram sempre negativo.

No caso de profissionais de saúde, que tiveram acidente com agulha ou materiais cortantes, deve-se procurar o serviço de segurança e medicina do trabalho e o serviço de controle de infecção hospitalar.

Principais riscos da picada de agulha

Existem vários vírus que podem ser transmitidos por uma agulha, mesmo que ainda não tenha sido usada, já que pode transportar micro-organismos presentes no ar diretamente até ao interior dos vasos sanguíneos.

No entanto, as situações de maior risco acontecem quando a agulha já foi utilizada por outra pessoa, especialmente quando não se conhece seu histórico, já que pode haver transmissão de doenças como HIV e hepatite B ou C. Confira quais os sintomas de HIV, Hepatite B ou Hepatite C que podem surgir.

Profilaxia pós exposição

A profilaxia pós-exposição (PEP) é um tratamento que pode ser indicado pelo médico para prevenir o risco de infecção pelo HIV ou hepatite B após o acidente com agulha.

Esse tipo de tratamento deve ser avaliado pelo médico de forma individual, levando em consideração a área afetada, tamanho e profundidade da picada, além de se a fonte de exposição é positiva para HIV ou hepatite B.

A profilaxia pós-exposição (PEP) para o HIV é recomendada para ser iniciada o mais rápido possível, 2 horas após o acidente, ou no máximo 72 horas após, com uma combinação de remédios antirretrovirais como zidovudina (AZT), lamivudina, indinavir ou nelfinavir, tomados por 28 dias seguidos.

Já para a hepatite B, o médico pode recomendar o esquema de vacinação para hepatite B, para o caso de pessoas não vacinadas, que tenham o esquema de vacinação completo ou que não ficaram imunizadas após a vacinação completa. 

Além disso, durante as 6 a 12 semanas após o acidente com a agulha, é recomendado que a pessoa utilize camisinha em todas as relações sexuais, e não doe sangue, plasma, sêmen ou órgãos, além de, no caso de mulheres em amamentação, interromper o aleitamento materno.

Como evitar uma picada com agulha

Para evitar uma picada acidental com uma agulha deve-se ter alguns cuidados especiais, como:

  • Evitar ficar descalço na rua ou em locais públicos, especialmente na grama;
  • Descartar agulhas num recipiente apropriado, no caso de se precisar utilizar em casa para administrar insulina, por exemplo;
  • Entregar o recipiente das agulhas na farmácia sempre que estiver 2/3 cheio;
  • Evitar tampar uma agulha que já foi utilizada.

Estes cuidados são especialmente importantes para profissionais de saúde, mas também para pessoas que entram em contato frequente com agulhas em casa, principalmente no caso do tratamento da diabetes, com insulina, ou administração de heparina.

As pessoas que têm maior risco de sofrer uma picada de agulha acidental incluem os profissionais de saúde, profissionais de laboratórios clínicos e os cuidadores de pessoas com doenças crônicas, especialmente diabetes ou problemas cardíacos.