Mielite transversa: o que é, sintomas, causas e tratamento

Atualizado em maio 2022

A mielite transversa, ou apenas mielite, é uma inflamação da medula espinhal que pode acontecer como consequência de infecções por vírus ou bactérias, ou ser consequência de doenças autoimunes.

Os principais sinais e sintomas desta condição acontecem devido ao comprometimento da medula óssea e, por isso, os mais comuns incluem paralisia muscular, dor nas costas, fraqueza muscular, diminuição da sensibilidade e paralisia das pernas e/ou braços. 

O tratamento para a mielite tem como objetivo promover a qualidade de vida da pessoa e deve ser indicado por um neurologista. Normalmente, o médico indica a realização de tratamento específico para a causa da mielite, mas também pode indicar sessões de fisioterapia para estimular a movimentação dos músculos e evitar a paralisia.

Imagem ilustrativa número 1

Principais sintomas

Os sintomas da mielite transversa surgem devido ao comprometimento dos nervos periféricos da coluna, podendo haver:

  • Dor na coluna, especialmente na parte de baixo das costas;
  • Formigamento ou sensação de queimação no peito, abdômen, pernas ou braços;
  • Fraqueza nos braços ou pernas, com dificuldade de segurar objetos ou andar;
  • Inclinação da cabeça para frente, e dificuldade para engolir; 
  • Dificuldade para segurar a urina ou fezes.

Uma vez que a mielite pode afetar a bainha de mielina das células nervosas, a transmissão de estímulos nervosos vai sendo mais prejudicada ao longo do tempo e, por isso, é comum que os sintomas vão piorando a cada dia, tornando-se mais intensos e podendo, até, surgir paralisia dos membros.

Quando a porção da coluna afeta é mais inferior, é possível que a pessoa perca os movimentos das pernas, e quando a área afetada está próxima ao pescoço, a pessoa afetada pode perder os movimentos dos ombros e braços. Nos casos mais graves pode-se ainda apresentar dificuldade para respirar e engolir, havendo necessidade de internamento hospitalar. 

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico inicial é normalmente realizado pelo clínico geral ou ortopedista a partir da avaliação dos sinais e sintomas apresentados pela pessoa. Na suspeita de mielite transversa, é normalmente indicado que a pessoa consulte o neurologista para que seja feito o diagnóstico completo e seja iniciado o melhor tratamento.

Assim, o médico além de avaliar os sintomas e o histórico de doenças, geralmente também pede alguns exames de diagnóstico, como ressonância magnética, punção lombar e vários exames de sangue, que ajudam a fazer o diagnóstico diferencial e confirmar o diagnóstico da mielite transversa.

Possíveis causas

A mielite transversa é uma situação rara mas que pode acontecer como consequência de algumas situações, sendo as principais:

  • Infecções virais, especialmente no pulmão (Mycoplasma pneumoniae) ou no sistema digestivo;
  • Enterovírus, como EV-A71 e EV-D68;
  • Rinovírus;
  • Infecções por parasitas, como toxoplasmose ou cisticercose;
  • Esclerose múltipla;
  • Neuromielite óptica;
  • Doenças autoimunes, como lúpus ou síndrome de Sjögren.

Embora seja muito raro, também existem relatos de casos de mielite transversa que surgiram após tomar uma vacina contra a hepatite B ou contra sarampo, caxumba ou catapora.

Mielite transversa e vacinação da COVID-19

O Comitê de Avaliação do Risco de Farmacovigilância (PRAC) da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), recomenda a adição da mielite transversa como um dos possíveis efeitos colaterais das vacinas contra a COVID-19, da Janssen e da Astrazeneca [1]. Esta recomendação surgiu após a avaliação de alguns casos registrados de pessoas que desenvolveram mielite transversa após a vacinação.

Ainda assim, a EMA garante que o benefício da vacinação é muito superior ao risco oferecido pela mielite transversa, devendo-se manter o uso das vacinas, especialmente em grupos de maior risco para complicações graves da COVID-19. Saiba mais sobre as vacinas para a COVID-19.

Como é feito o tratamento

O tratamento da mielite varia bastante de acordo com cada caso, mas normalmente é iniciado com o uso de remédios para tratar possíveis infecções, reduzir a inflamação da medula e aliviar os sintomas, melhorando a qualidade de vida. Alguns dos medicamentos mais usados incluem:

  • Corticoides injetáveis, como Metilprednisolona ou Dexametasona: reduzem rapidamente a inflamação da medula espinhal e diminuem a resposta do sistema imune, aliviando os sintomas;
  • Terapia de troca de plasma: é usado em pessoas que não apresentaram melhora com a injeção de corticoides e funciona por retirar o excesso de anticorpos que podem estar causando a inflamação da medula;
  • Remédios antivirais: para tratar qualquer possível infecção viral que esteja ativa e prejudicando a medula;
  • Analgésicos, como Acetominofeno ou Naproxeno: para aliviar a dor muscular e qualquer outro tipo de dor que possa surgir.

Após esta terapia inicial, e quando os sintomas estão mais controlados, o médico pode aconselhar sessões de fisioterapia para ajudar a fortalecer os músculos e treinar a coordenação, que pode estar afetada pela doença. Embora a fisioterapia não possa curar a doença, pode melhorar muito a força muscular, coordenação dos movimentos, facilitando a própria higiene e outras tarefas do dia-a-dia.

Em alguns casos, pode ainda ser necessário fazer sessões de terapia ocupacional, para que a pessoa aprenda a fazer as atividades diárias com as novas limitações que podem surgir com a doença. Mas em muitos casos há uma recuperação total em algumas semanas ou meses.